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Safra 2025/2026: produção de laranja se recupera e café ensaia reação

Brasil é responsável pela maior parte do suco de laranja consumido no mundo, além de ter participação significativa com o café

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O Brasil contribui com 75% do suco de laranja consumido no mundo, além de ser responsável por 40% do café servido globalmente. Mesmo com as condições climáticas desafiadoras que assolaram o país nos últimos anos, como temperaturas elevadas e poucas chuvas, o Brasil se manteve como o maior produtor mundial dessas culturas. Mas, essa situação tende a melhorar nas próximas safras.

A Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) divulgada pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) indica que a produção de laranjas no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro deve aumentar 36,2%. A região é responsável por 75% da produção brasileira dessa cultura. De acordo com a PES, a produção será de 314,6 milhões de caixas de 40,8 quilos de laranja, enquanto na última safra foram colhidas 230,87 milhões de caixas.

Se considerarmos a média das últimas dez safras, a de 2025/2026 terá produção 4,8% maior. A melhoria foi atribuída ao crescimento do número de frutos por árvore, além da própria quantidade de árvores produtivas. A safra 2024/2025 de laranjas no Brasil foi prejudicada pelas temperaturas elevadas, a falta de chuvas (14% abaixo da média histórica) e o aumento da incidência de doenças como o greening, resultando em uma queda de 25% em relação à produção anterior.

De acordo com o engenheiro agrônomo Guilherme Rodriguez, coordenador da pesquisa do Fundecitrus, a primeira florada dessa safra ainda ficou comprometida pelas altas temperaturas nos meses de agosto e setembro do ano ado, cuja média da máxima foi elevada em 3,2 graus. Na maioria das regiões essa condição veio acompanhada com escassez hídrica, o que prejudicou o desenvolvimento dos frutos dessa florada. O resultado disso foi que essa florada vai representar apenas 20,7% do total da produção estimada. 

O que mudou esse cenário foi a chuva expressiva e bem distribuída no cinturão citrícola de outubro a dezembro, volume que ficou acima da média histórica. A segunda florada foi estimulada por essa umidade abundante e generalizada no solo. O bom volume de chuva de janeiro e fevereiro deste ano contribuiu para o “pegamento” e desenvolvimento dos frutos dessa florada, que vai representar 70% do volume total estimado. 

Mas, não foi apenas a melhoria das questões climáticas que beneficiou a safra 2025/2026 de laranjas. Na avaliação do Fundecitrus, a melhor rentabilidade da atividade em 2024 - causada justamente pela queda da produção - possibilitou que os citricultores aprimorassem os tratos dos pomares, com melhorias em nutrição, irrigação e no controle de pragas e doenças. O resultado foi um acréscimo de 30% de frutos por árvore, atingindo a média de 617 unidades. 

De acordo com a PES do Fundecitrus, se o volume de chuva esperado para os meses de maio a julho se confirmar, o peso médio das laranjas no ponto de colheita deve chegar a 158 gramas, sendo necessários 258 frutos para compor uma caixa. É praticamente o mesmo peso médio dos frutos da última safra. Rodriguez explica que, apesar das melhores condições da safra atual, seus frutos não serão maiores que os da anterior, principalmente, devido ao aumento de frutos por árvore, já que existem mais frutos competindo pela água e pelos nutrientes. 

A produtividade média estimada para a safra 2025/2026 é de 869 caixas por hectare, com 1,72 caixa por árvore. Trata-se de um aumento de 26%, já que na última safra a produção média foi de 687 caixas por hectare, com 1,37 caixa por árvore. De acordo com o Fundecitrus, esta safra deve marcar o encerramento do ciclo negativo observado no ano anterior e sinaliza o retorno do ciclo bienal positivo. 

Incidência do greening pode aumentar 

Mesmo com as condições climáticas mais favoráveis, a projeção da taxa de queda de frutos para esta safra é de 20%, tendo ficado 2,2 pontos percentuais acima da anterior. De acordo com o coordenador da Pesquisa de Estimativa de Safra do Fundecitrus, isso evidencia um aumento da severidade do greening para a safra 2025/2026, considerada a pior doença da citricultura mundial. As quedas também podem ser explicadas pela colheita mais tardia, devido à predominância da segunda florada. 

O engenheiro agrônomo explica que essa é apenas uma prévia para entender qual é a severidade do greening, ou seja, a porcentagem das plantas tomadas pelos sintomas da doença, já que isso vai afetar a produção. O levantamento completo do greening na safra 2025/2026 será feito em agosto ou setembro. No ano ado, a incidência da doença era de 44% das laranjeiras, sendo que algumas regiões era baixíssima, como no Triângulo Mineiro, com menos de 1%, enquanto em outras regiões, como Limeira (SP), a contaminação estava acima de 70%. 

O Fundecitrus também atualizou os dados do seu Inventário de Árvores, que mapeia todo o cinturão citrícola. Hoje, a região tem 182,7 milhões de árvores produtivas, que ocupam uma área total de 362 mil hectares, o que representa um aumento de 12,7 milhões de árvores (+7,5%) e de 18 mil hectares (+5,2%) em relação ao censo de 2022. 

 Estimativa melhor para o café 

Para o café, as condições climáticas anteriormente desfavoráveis - com estiagem e altas temperaturas no Sul de Minas, Cerrado Mineiro e Mogiana - também apresentaram sensível melhora nos últimos meses. De acordo com Márcio Ferreira, presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) , esse cenário deve levar o mercado a rever para cima a estimativa de colheita. Tradicionalmente, a espécie responde por 70% da produção brasileira de café.

Outro destaque é a possibilidade do Brasil colher a sua maior safra da história de cafés canéforas (das variedades conilon e robusta). A espécie também terá boa produção no Vietnã e na Indonésia, que se juntam ao Brasil para formar os três principais produtores mundiais de canéforas. “No momento, o conilon brasileiro ainda não é tão competitivo contra essas duas origens, o que favorece a indústria nacional no que se refere a preços”, explicou Ferreira. 

Ainda assim, na visão do presidente do Cecafé, a expectativa é de um ano “apertado”, com uma colheita “não tão distante da anterior”. Já para 2026, se as condições climáticas continuarem favoráveis durante os períodos de florada, fixação dos frutos e crescimento dos grãos, ele garante que o Brasil terá uma safra significativa, tanto para o arábica quanto os canéforas. 

Sobre um possível alívio no preço do café, Ferreira comentou: “Com o advento da alta dos preços verificada no mercado desde o ano ado e, agora, em função da possibilidade de safra recorde no conilon, espera-se um arrefecimento nos preços desta variedade, o que já vem ocorrendo e pode ser determinante para estancar a alta de preços ao consumidor, uma vez que já se observa aumento substancial dos canéforas nos blends das principais indústrias na comparação com o ano ado”. 

Para ele, é importante estar atento a esses fatores, pois, ainda que exista uma produção restrita para atender o consumo mundial de café, os agentes financeiros (fundos de investimentos) podem limitar novas compras ou até mesmo reduzir substancialmente as posições compradas atuais, puxando preços para baixo. 

Ainda assim, as cotações devem seguir favoráveis e remuneradoras aos produtores, disse Ferreira: “O Brasil caminha para um aumento de produção a partir de 2026, o que seria muito saudável para todos os elos da cadeia, permitindo que o país mantenha ou amplie market share a preços mais justos a todos os players e, consequentemente, mais competitivos para a indústria brasileira, salvo em caso de algum acidente climático”. 

Exportação reduz, mas receita cambial aumenta

O volume de café exportado pelo Brasil nos quatro primeiros meses de 2025 reduziu 15,5%. De janeiro a abril deste ano, 13,816 milhões de sacas de 60 quilos foram enviadas a outros países. Apesar da queda do volume exportado, a receita cambial ficou 51% maior que a do mesmo período de 2024, alcançando US$ 5,235 bilhões, o maior valor já apurado na história para esse intervalo de quatro meses. As informações constam no relatório estatístico mensal do Cecafé. 

O presidente do Conselho explicou que a queda da exportação do grão é compreensível porque estamos em um período de entressafra. Outro fator importante que deve ser levado em consideração é que o Brasil exportou um volume recorde em 2024. 

“Como viemos de embarques históricos no ano ado, é natural que 2025 apresente menores volumes, mas ainda mantendo receita cambial significativa como reflexo dos preços no mercado internacional. Tanto que os valores médios e a receita apurados de janeiro a abril são significativamente maiores no comparativo anual, inclusive quebrando recordes", comentou Ferreira. 

No entanto, no acumulado dos 10 meses do ano safra 2024/25, mesmo com as quedas registradas nessa entressafra, os embarques brasileiros ainda têm desempenho recorde. Nesse período foram exportadas 39,994 milhões de sacas, que geraram US$ 12,443 bilhões, crescimentos de 1,5% em volume e de 56,3% em receita, se comparados ao período entre julho de 2023 e abril de 2024. Para o presidente do Cecafé, até a entrada da safra de café arábica é que o volume exportado continue caindo nos próximos dois meses. 

Principais compradores do café brasileiro 

De janeiro a abril, o principal destino do café brasileiro foram os Estados Unidos, que compraram 2,373 milhões de sacas, uma queda de 11,2% em relação ao mesmo período do ano ado. Em seguida vem a Alemanha, que importou 1,785 milhão de sacas, 24,4% a menos que no primeiro quadrimestre de 2024.  

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O terceiro maior comprador do café brasileiro nesse período foi a Itália, com 1,146 milhão de sacas (-13%), seguida pelo Japão, com 865.929 sacas (+6,1%), e a Bélgica, que importou 618.305 sacas (-63,1%). 

Ainda no período dos quatro primeiros meses do ano, o café arábica foi o mais exportado, com 11,709 milhões de sacas, seguido pela espécie canéfora, com 807.165 sacas. O café solúvel exportado somou 1,282 milhão de sacas, enquanto o café torrado e torrado e moído responderam por 18.386 sacas. 

Houve um crescimento de 6,7% na exportação dos cafés com certificados de práticas sustentáveis ou de qualidade superior, que somaram 3,259 milhões de sacas, que correspondem a 23,6% do total. Esse café foi vendido a um preço médio de US$ 433,73 por saca, sendo que a receita cambial com os embarques foi de US$ 1,413 bilhão, 27% do total obtido com as exportações nos quatro primeiros meses do ano.

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