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Sou pai de uma adolescente - confesso sem qualquer falsa modéstia - encantadora; e em todos os sentidos. Atravessamos, eu e ela, aliás, uma fase muito interessante. No meu caso, com um grau de sofrimento que só eu sei, mas natural e ageiro. No dela, a explosão de sentimentos e sensações típicos dos 17 anos. Ah, que saudade!
Uma de minhas “funções” nesta transição de relação é ser Pai Uber, tarefa que realizo com extremo prazer - e sono, hehe. Dia desses, em um leva e traz típico, deixamos em casa uma colega dela. Logo que a porta do carro fechou, minha filha me perguntou: “pai, você viu que ela é trans?”. Por uns dez segundos fiquei como o Windows se reiniciando.
Até em casa, a conversa fluiu de forma maravilhosa. Trocamos opiniões e reflexões a respeito da condição de um garoto, com apenas 16 anos, que não se enxerga nem se compreende garoto, mas garota. Como pai amoroso, zeloso e companheiro que sou, só consegui pensar se aquela menina estava devidamente amparada em seu lar.
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Lula, a alma mais honesta do Brasil, encontrou sua alma gêmea: JuscelinoMicheque, Misheik... Os enroscos da ex-primeira dama Michelle BolsonaroNikolas usa descaradamente Cleitinho como fantoche; Senador, não caia nessaImóveis: agora, só o TJMG pode evitar novo desastre em Nova Lima"Os livros de economia estão superados", diz Lula, que nunca os leuLadrão de joias? Bolsonaro pode ter cometido peculato e outros crimesSenti muito orgulho de minha filha - e de mim mesmo, ito. Cheguei à conclusão de que somos bons seres humanos: tolerantes, sensíveis, empáticos, sempre prontos e dispostos a estender a mão a quem precisa e merece. Jamais me ou pela cabeça proibir novos encontros entre elas ou mesmo impedir a continuidade da amizade. E por que deveria?
A digressão acima - longa, para não variar - é uma forma de autocontrole (meu). Se eu começasse a escrever tudo o que estava sentido, certamente seria um texto raso e sem o menor proveito. Serviria para me aliviar o espírito, mas não me aquietaria a alma. Eu continuaria tomado pela ira e indignação, sem qualquer sombra de apaziguamento.
CALMO, PERO NO MUCHO n4a5n
Não vou mentir e dizer que estou com calmo e sem raiva. Não. Mas ao menos consigo levar a você, leitor amigo, leitora amiga, com alguma profundidade, não o que sinto por Nikolas Ferreira, pois impublicável, mas pelo Brasil que experimentos já há alguns anos. Um País que se tornou, além de tudo de ruim que já era, caixa de ressonância do mal absoluto.
Matamos-nos uns aos outros como moscas. Espancamos-nos uns aos outros como selvagens ferozes. Roubamos-nos uns aos outros como se não houvesse amanhã. Uma nação majoritariamente cristã esqueceu de vez o ensinamento de Cristo: “amai-vos uns aos outros como vos amei”. Pois agora, não bastasse tudo isso, temos os Nikolas.
Não, eu sei, ele não é único. Ao contrário! “Ele” são milhões! Ao menos 1.5 milhão, no mínimo, que foram os seus eleitores. E “ele”, em maior ou menor grau de, digamos, escrotidão (não disse que a raiva não havia ado?), tem vários nomes hoje em dia: Engler, Damares, Zambelli, Bolsonaro (pai e filhos) e tantos outros da espécie.
“Ele” assume formas diversas: um garoto idiota qualquer; um velho metido a adolescente; um tiozão do Zap; uma senhora cafona, sedizente nobre; uma velha oxigenada, com camisa da CBF, na porta de um quartel; uma mentirosa, espalhando fake news em culto evangélico. Ou uma contrabandista de joias, com carinha de anjo, em nome de Jesus.