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Artistas e público desafinam em relação a xingamento a Jair Bolsonaro u2b3m

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Público do show de Djonga na Esplanada do Mineirão - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press
“Só gritar isso não adianta nada na prática. O que a gente tem que fazer, principalmente, é ir atrás de quem a gente sabe que, num momento de complicação, e a gente sabe por quê, pelas coisas que acontecem no nosso país, tomou essa decisão conscientemente. Essa decisão errada, pelo menos na nossa visão. O que a gente faz para mudar isso? Vamos pensar nisso. É mil vezes mais importante do que gritar essa parada, certo? Porque ele já está lá, tá ligado? ”.

Foi com esse discurso que o Djonga, conhecido pela objetividade nas críticas e na tradução de suas ideias em rimas do rap, reagiu aos xingamentos desferidos ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) pelo público de seu show no Festival Sarará, na Esplanada do Mineirão, no último sábado (31).

Desde a campanha eleitoral de 2018, shows e outros espetáculos culturais têm sido palco para manifestações condizentes com a polarização do cenário político. Contudo, artistas e público nem sempre estão no mesmo tom, ainda que compartilhem o mesmo campo ideológico.
 
A combatividade de Djonga está patente em letras como “Falo o que tem que ser dito, pronto para morrer de pé” ou “Na hora do julgamento, Deus é preto e brasileiro e, para salvar o país, Cristo é um ex-militar, que acha que mulher reunida é puteiro”.
 
O rapper tampouco economiza no uso dos palavrões ou adere ao comedimento, como comprova seu mais conhecido refrão – “Fogo nos racistas!”.
Porém, quando o numeroso público do Festival Sarará (que colocou 35 mil ingressos à venda) entoou “Ei, Bolsonaro, vai tomar no …”, o cantor belo-horizontino questionou a eficácia desse gesto. “O que deve ser feito é evitar que essa reeleição aconteça”, afirmou, durante um discurso que durou mais de um minuto. No final, Djonga foi muito aplaudido.

Convidado do rapper mineiro para o uma participação especial no show de sábado,  Mano Brown, o maior nome do rap brasileiro, adotou uma postura parecida alguns dias antes, em um show dos Racionais MCs em Curitiba (em 17 de agosto). O “grito de guerra” do público era o mesmo, e o vocalista dos Racionais confrontou os que assim se manifestavam.
 
“Ninguém aqui votou no cara">

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Segundo ele, “o problema dessas pessoas não eram as piadas políticas. Eu sou Gustavo Mendes, minha carreira sempre foi de assumir posições com força e transparência, mesmo sabendo que isso incomodava muita gente. Humor é sempre oposição".
 
O humorista seguiu dizendo: "Esse é o papel do artista, principalmente do comediante: incomodar os poderosos. Onde estavam essas pessoas quando eu debochava da Dilma e do Temer? Amo meu público, mesmo quem votou no Bolsonaro, mas não vou me calar diante do que está acontecendo no Brasil”.

No mesmo vídeo, Mendes lembrou que Roger Waters e Caetano Veloso também foram vaiados no palco por razões parecidas e Miriam Leitão, impedida de participar de uma feira literária em Santa Catarina, onde divulgaria um lançamento.
 
No entendimento de Mendes, esses episódios são uma evidência de “nova onda de intimidação à liberdade de expressão no país”, da qual ele se sente uma das vítimas.
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