Morte de jovem mineiro no Baleia Azul liga alerta para perigos do game 1v5w2j

Crianças e adolescentes são induzidos pelo game a tirar a própria vida. Pais devem abrir diálogo e acompanhar filhos de perto, dizem especialistas 365523

Junia Oliveira, Gustavo Werneck e Mateus Parreiras
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Baleia Azul poderia perfeitamente ser o título de um livro infantil, desses que levam as crianças a navegar pelos sete mares, a conhecer mundos distantes e dar asas à imaginação. Mas, na realidade, trata-se de um perverso e perigoso jogo virtual, que entrou em cena na Rússia, já chegou ao Brasil e, ao que tudo indica, está ligado à morte de Gabriel Antônio dos Santos Cabral, de 19 anos, em Pará de Minas. Nesse game, crianças e adolescentes são induzidos por um “mentor” a cumprir 50 tarefas diferentes, uma por dia, até o derradeiro desafio: tirar a própria vida. Enquanto isso, chega ao público uma nova série, que aborda temas como bullying e preconceito, na história de uma jovem e das 13 razões que a levaram ao suicídio. Essa fatalidade, de acordo com o Centro de Valorização da Vida (CVV), antes maior no meio dos idosos, se sobressai agora entre os jovens. “Estamos diante de um mundo em transição. Os modelos universais que guiavam as instituições escola e família hoje são diversos e não mais universais. O momento contemporâneo é de incertezas, de fenômenos que nos apavoram”, afirma a psicopedagoga mineira e mestre em educação Jane Patrícia Haddad.

No jogo, que pode ter matado 130 jovens na Rússia, entre as tarefas a cumprir, estão a de superar o medo, acordar às 4h20 e subir no telhado mais alto que encontrar ou ainda ir para uma ponte e se sentar na beirada.
A tragédia envolvendo Gabriel Antônio, pai de um bebê de apenas 40 dias, encontrado morto na manhã de quarta-feira pela mulher sobre a cama do casal, depois que ela voltou de pernoite na casa da mãe, é a primeira em investigação em Minas relacionada ao game, mas há sinais de comprometimento perigoso de outros jovens com o aplicativo. Em BH, Jane Haddad atendeu, no consultório, uma vítima dessa novidade. Nos primeiros anos do ensino fundamental, o garoto estava viciado num joguinho macabro e ganhava mais pontos à medida que matava mais velhinhas. Dez anos depois, ele retornou para atendimento, mas agora devido a outro desafio: derrubar o “mentor” do Baleia Azul. “Ele se envolveu tanto que quase chegou ao fim. Numa das tarefas, o adolescente desenhou a baleia no braço, mas, depois de enviar a foto em tempo real, o 'mentor' se mostrou insatisfeito, dizendo que havia pouco sangue e o acusou de não seguir as regras. Esse jogo é a nova 'modinha' assustadora e algo nele capta diretamente a fragilidade dos adolescentes”, afirma a psicopedagoga com formação em psicanálise.

Para a mestre em educação, o jogo e a série são alertas sobre a necessidade dos adolescentes de se fazerem ouvir e se tornarem visíveis. Ela ressalta que é essencial a presença dos pais, independentemente da configuração familiar, na vida dessas crianças e jovens. No lado da escola, a especialista considera urgente trabalhar com propostas nas quais os alunos possam falar de seus sentimentos, com profissionais da saúde mental atuando junto às coordenações pedagógicas. “Percebo que as crianças e jovens estão sem rumo, já que notaram que seus modelos de adultos também estão inseguros”, diz.

Jane acredita que o momento é de aposta de que pais e professores encontrarão um caminho a seguir. “Estamos diante de um momento em que tudo pode ser negociado, deveres são barganhados. O mundo mudou e com essa mudança o modelo acabou”, analisa. Sendo assim, jogos como o Baleia Azul seriam uma das formas usadas por crianças e adolescentes para pedir socorro.
“Uma criança de 9 anos, que a oito horas em seu computador, sem acompanhamento de um adulto, não está propensa a tais aberrações">

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