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Quem olha de longe talvez não perceba que entre as casas da Vila do Pomar do Cafezal, no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, esteja uma das concorrentes, e quiçá favorita, do concurso que vai eleger a melhor casa do ano pelo principal portal de arquitetura do mundo.
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Com 66 m², casa se adapta à arquitetura local apenas de longe (foto: Leonardo Finotti/Divulgação) Nada convencional 564e66
Para Kdu, o tipo de casa nada convencional na periferia. “A arquitetura moderna, planejada e benquista, assinada por arquitetos formados, não está presente na periferia. Mas quem constrói tudo são pedreiros periféricos, trabalhadores da construção civil que moram na periferia”, disse, lembrando que as outras vezes que a imprensa o procurou para falar sobre o Pomar do Cafezal, o assunto eram casas que haviam desabado na região.
Os dois são membros do coletivo Levante, do qual Kdu também faz parte. O grupo tem outros projetos que já foram realizados no bairro, como o Centro Cultural da Favelinha.
Fotografia 426il
Kdu conta que não inscreveu a casa no concurso. Tudo começou um ano depois dela ficar pronta, com um sortudo encontro com o fotógrafo Leonardo Finotti, artista renomado no campo da arquitetura. Leonardo registrou a casa nas suas lentes, as fotos foram para um editorial e o editorial para o e-mail de revistas de arquitetura do Brasil e do mundo – entre elas, a ArchDaily.
Várias gostaram e publicaram as fotos. Então, em 2022, a lista das 10 casas mais curtidas do ano na ArchDaily foi divulgada, e lá estava a Casa do Pomar do Cafezal. Depois, outra lista: a de 10 casas mais interessantes do ano. Foi questão de tempo para que o “barracão” do Kdu fosse selecionado para o concurso.
Prêmio 3w56p
O concurso ‘Building of the Year 2023’, da ArchDaily, tem duas fases: a de nomeação da lista curta, e a votação final. Até o dia 15 de fevereiro, todo usuário cadastrado no site (que é gratuito) pode votar em um projeto.
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O artista 3d3n2q
Kdu dos Anjos é cantor, compositor, agitador cultural e empreendedor. Criado no Aglomerado e feliz por hoje morar pertinho da casa dos seus pais, ele diz que não quer sair. O que ele mais gosta no bairro que escolheu para construir sua casa é a efervescência cultural, a familiaridade e a segurança. Ele conta que cresceu conhecendo histórias de grandes artistas que foram obrigados a aceitar subempregos para sobreviver, e acredita no trabalho que hoje faz à frente do Centro Cultural ‘Lá da Favelinha’ como uma forma de transformar isso.
“Aqui eu conheço todo mundo, ando descalço e sou feliz. Fico, e feliz”, concluiu.