São Paulo, 13 - Joana do Nascimento, de 44 anos, e Cícero de Lima, de 51, estão juntos há uma década e há cinco anos têm participação ativa na paróquia que frequentam, no extremo sul de São Paulo. Os dois atuam em encontros de casais. Além disso, ele colabora como pedreiro na manutenção do templo e ela é responsável por algumas leituras da missa. Mas ficam de fora do momento máximo da celebração: não podem comungar porque Lima é divorciado da primeira mulher.O casal reúne documentos e junta economias para custear o processo de nulidade do matrimônio dele para, então, se casar na Igreja e comungar. "É claro que dá vontade de comungar, mas já ficamos felizes de poder servir na Igreja. Pensei que, como a gente mora junto sem ser casado, nunca deixariam. Mas assim que Francisco se tornou papa, veio o convite", diz Joana à reportagem do jornalO Estado de S. Paulo.Segundo teólogos, esse tipo de presença - como a de divorciados e de casais homossexuais - nas paróquias mostra como, em geral, a Igreja Católica no Brasil tem entendido o discurso de acolhimento do papa. 1zj45
O grande desafio, diz Borba, é fazer com que toda a comunidade se converta ao posicionamento do papa. "É uma questão de reler os conflitos de outra forma. Onde essa capacidade já está dada, o caminho flui com facilidade. Mas há um grupo minoritário - mais barulhento do que numeroso - que se contrapõe a isso, porque fez a própria trajetória na linha da relação agressiva com o diferente."
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Quem sente as sutilezas da segregação torce para que o acolhimento seja só um primeiro o para a aceitação irrestrita, mesmo que isso leve tempo. "Não há acolhimento pela metade.
O grupo existe há quase dez anos. É formado por cerca de 200 pessoas - entre gays, lésbicas, transexuais e transgêneros - que se reúnem quinzenalmente para reuniões e missas, em que todos podem comungar.
"Frequento a mesma paróquia desde criança e sempre fui o mais religioso de casa. Na adolescência me dei conta de que era gay, mas só assumi mesmo aos 22 anos", conta o supervisor de operações Tyago Queiroz, hoje com 31 anos. "Nesse tempo, ei por longo processo de autoaceitação e, pasmem, quem me ajudou nisso foi o próprio padre", diz ele, que frequenta uma igreja na zona leste.
(Ocimara Balmant, especial para a AE).