
Prevenção do suicídio merece toda a atenção da sociedade
Deve-se atentar para os jovens, de preferência com apoio de profissionais especializados, como psicólogos e psiquiatras
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Continuo a ler o livro sobre Marilyn Monroe escrito por Michel Schneider, cheio de personagens. Se não conseguir me lembrar de todos eles, não vou acompanhar corretamente a história da atriz. Esse tipo de livro com muitos personagens, sem muita ação, dá um trabalhão danado.
Tema importante ali é o suicídio. Não tenho lido nada que não fale disso, fiquei até um pouco alertada com uma conversa aleatória do livro: geminianos são mais propensos a tirar a própria vida. Como sou de junho, felizmente nunca pensei em me matar. Para desabafar, sempre falo “quero morrer”, o que gerou um caso engraçado.
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Quando estive muito doente, hospitalizada, um dos médicos que me atendia reuniu um pouco dos meus amigos para perguntar se deveria me tratar ou me deixar morrer. Um dos convocados achou que ele não deveria tomar medidas radicais para me manter viva, apenas me deixar confortável, sem sofrimento.
Afinal, eu vivia falando que queria morrer, e isso é permitido principalmente no caso de pessoas com idade bem avançada, como eu. Pode parecer anedota, mas é a pura verdade.
Como tenho lido muitos livros da mesma época, nem todos ligados ao cinema, não havia prestado atenção em como o suicídio é personagem constante. Suicidava-se por tudo: pelo sucesso exacerbado sem garantia de continuidade, pelo fracasso, pela vontade de ser outra pessoa, pelo desejo de vencer sem conseguir o caminho da vitória, mais isso e mais aquilo.
Não sei como andam as coisas atualmente no mundo das artes, mas os anos 1960 eram uma época nada fácil para quem queria vencer. Conheço de perto, envolvendo pessoas de contato constante, dois casos.
Num deles, a pessoa se enforcou, mas a família anunciou que a morte se devia a mal súbito. O outro caso, por ingestão de pílulas. A pessoa atravessava uma época de pleno sucesso profissional. Acredito que ali houve descontrole emocional.
Durante décadas, vigorou acordo na imprensa de evitar divulgar suicídios para não encorajar a pessoa a cometer o ato. Isso caiu por terra no início deste século com o excesso de jovens se matando devido ao jogo virtual Baleia Azul. O propósito era alertar os pais.
Voltando à literatura, ela é pródiga em criar suicidas, o que, de certa forma, influencia os mais fracos. Na encruzilhada do futuro, não sabendo para que galho ir, os jovens pensam que é mais fácil tirar a própria vida.
Médicos costumam prevenir os pais. O que de certa forma resolve a situação é atentar para os jovens, de preferência com apoio de profissionais especializados, como psicólogos ou psiquiatras. Acredito que duas coisas podem levar à tendência de pôr fim à vida: descontrole emocional e fracasso profissional ou em relacionamentos.
Senti de perto o drama quando uma pessoa que prestava serviços profissionais para mim resolveu pôr fim à vida, simulando morte por problemas cardíacos. Um parente me confidenciou que havia sido suicídio. Outro caso que vi de perto envolvia muitas pílulas. A pessoa estava no auge profissional, não dá para saber a razão de seu ato.
Essa tragédia tem duplo impacto: sofre-se pela morte do amigo e pela forma como ele alcançou o fim da vida.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.