Anna Marina
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LITERATURA

A saga de Elisa Springer em Auschwitz

Em seu livro, a escritora austríaca de origem judaica relata o horror que vivenciou nos campos de extermínio nazistas

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Na minha busca constante por livros, encontrei na estante do escritório “Il silenzio dei vivi”, de autoria de Elisa Springer (1918-2004). Devo ter comprado o exemplar em italiano, na capa está escrito: “Na sombra de Auschwitz, uma história de morte e ressurreição”.

A orelha registra: “Depois de cinquenta anos e do nascimento do filho, a mãe busca encontrar as palavras que estavam perdidas. É o único caso do mundo de um silêncio tão profundo que é interrompido com o relato da história de sua dramática vida, morte e renascimento”.

A autora era judia, morava num palacete, o pai tinha loja importante para a venda de sedas. A vida corre saudável e calma, ela nasceu em Viena, na Áustria.

Logo no início, Elisa Springer afirma que “não é culpa de ninguém nascer de religião hebraica, católica ou protestante, nascer de raça branca ou negra. Somos todos filhos de Deus, de um único Deus, Deus que lhe foi negado e que, apesar de tudo, ela busca desesperadamente”.

Com a cidade invadida, Elisa perdeu o contato com os pais, retirados da casa onde moravam. Todos os amigos e parentes que conseguiram fugir não mandavam notícia.

Os leitores desta coluna devem perceber que o assunto é dos meus prediletos. Não fosse isso, eu, de férias na Europa, não teria ido conhecer um campo de concentração, onde chorei até não poder mais ao lado de uma marca de enterramento.

Entre as histórias que conta, Elisa relata um ponto importante para sua sobrevivência. Foi mandada para o campo de extermínio, com câmaras de gás. Os alemães logo descobriram que aquela jovem falava várias línguas, o que facilitava o contato deles com os prisioneiros.

Não entra no texto do livro o constante contato sexual dos SS com as presas, relato que volta e meia aparece nas histórias da guerra. Mas Elisa revela que, além do pedaço de pão de todas as manhãs e da sopa rala do almoço, recebia-se, à noite, outro pedaço de pão com um pedaço de carne. As presas descobriram que era carne humana, retirada das mortas.

Em abril de 1945, já no fim da Segunda Guerra, o campo foi contaminado por tifo, doença que causava perda total das forças e febre alta. Depois de um mês sem alimentação, Elisa não escutava e nem se lembrava de nada. Só percebeu que estava viva ao ser tocada por uma mulher da Cruz Vermelha Internacional.

Uma de suas amigas do campo de concentração informou que ela esteve entre a vida e a morte por mais de três semanas. Começou a melhorar quando os russos assumiram o local.

Elisa via, no espaço da janela, a chuva de papéis de todos os tamanhos. Depois, ficou sabendo que eram documentos que os alemães não conseguiram queimar com a chegada dos russos.

Ela custou a acreditar que estava livre até ver uma enorme peça de chocolate, chocolate que os presos só conseguiam sentir nos sonhos, quando conseguiam dormir. Haviam ficado tanto tempo sem alimento que a maioria deles já nem sabia como mastigar.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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