Faltam seis dias para a data mais doce do nosso calendário: o Domingo de Páscoa. Não por acaso, esse era um dos dias mais aguardados por mim. Todo ano, esperava ansiosamente o “coelhinho” para ganhar aquele chocolate especial, quase mágico, em formato de ovo. Ainda escuto o barulho da embalagem se abrindo e sinto como era boa a surpresa de encontrar bombons sortidos lá dentro. Sempre devorava o meu antes da minha irmã e já dava sinais claros de que seria uma grande chocólatra.

 


As lembranças se atropelam na minha cabeça, enquanto reflito sobre a força das tradições. Páscoa sem chocolate é como Natal sem panetone. Um não existe sem o outro. Mas em qual momento da história amos a associar a Páscoa aos ovos de chocolate?

 


O que se sabe é que povos antigos de culturas diferentes – entre eles, persas, egípcios, germânicos e chineses – enxergavam o ovo de galinha e outras aves como símbolo de vida, fertilidade e renascimento. Por isso, tinham o hábito de pintar e decorar a casca para dar de presente no início da primavera. Era assim que eles comemoraram a chegada do período de renovação da natureza e desabrochar das flores no Hemisfério Norte.


Na Alemanha, especificamente, o hábito se enraizou a ponto de representar uma das mais importantes celebrações do país. Pomerode, colônia alemã no estado de Santa Catarina, mantém a tradição batendo recordes mundiais. A cidade, considerada a mais alemã do Brasil, está citada no Guinness World Records pelo maior ovo de Páscoa decorado (de aço), com 16,7 metros de altura por 10,8 de largura, a cada ano assinado por um artista convidado, e pela maior árvore de Páscoa, chamada de “osterbaum”(com galhos secos e 115 mil cascas de ovos pintadas representando as flores).

 


Os ovos Fabergé também fazem parte dessa linha do tempo e levaram a antiga tradição ao máximo de luxo e ostentação com a família imperial russa. O primeiro exemplar era para ser um “simples” presente de Páscoa do imperador Alexandre III para a sua esposa Maria Feodorovna. Diante do seu encantamento, o czar ou a contratar todos os anos o famoso joalheiro Peter Carl Fabergé (daí o nome) e as encomendas duraram entre 1885 e 1916. A coleção de ovos Fabergé reúne 50 peças decorativas em metal e pedras preciosas com uma surpresa dentro em formato de joia.


A ideia de fazer ovos de chocolate teria vindo da França. Inicialmente, confeiteiros ses – sempre eles ditando os rumos da confeitaria mundial – esvaziavam os ovos de galinha para rechear com chocolate e os pintavam por fora. Depois, com a invenção dos moldes, eles aram a ser feitos inteiramente de chocolate, ganhando o formato como conhecemos hoje.


Aqui no Brasil, não nos contentamos só com a casca de chocolate. Encontramos ovos de Páscoa com os mais diversos formatos e recheios, que só a criatividade do brasileiro é capaz de inventar. 

 

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Já não sou mais aquela criança que me satisfazia facilmente com os ovos vendidos nos supermercados – e, de fato, era o que o mercado oferecia. A Páscoa é hoje um bom momento de reafirmar meu apoio ao local e artesanal. Se fosse você, faria o mesmo. Tenho certeza de que existem confeiteiros da sua cidade trabalhando com capricho e chocolate de verdade. Nada mais triste do que ver nos rótulos dos industrializados “sabor chocolate”. Não aceite enganação. Apoie quem está do seu lado.

 

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