Golpe bilionário no INSS: até o café do aposentado virou financiamento

Por Alexia Diniz

Imagine o seu pai ou sua avó, que vive com um benefício apertado, descobrindo que ele ficou ainda menor porque começaram a aparecer descontos de associações que eles nunca autorizaram, sem que pedissem, sem entenderem o motivo e muito menos como cancelar.

Em 2025, o Brasil acordou com um escândalo digno de filme de investigação. Quase 1,5 milhão de pessoas foram vítimas de descontos indevidos em seus benefícios do INSS. Muita gente viu o valor cair na conta com abatimentos misteriosos e ficou sem entender nada. O motivo? Um esquema bilionário envolvendo associações que cobravam por serviços não solicitados, muitas vezes sem sequer existirem de fato.

Mas calma, vamos te explicar tudo: como saber se foi roubado, o que fazer, se tem direito a reembolso e como se proteger de vez.

Como saber se caí na fraude no INSS?

Essa é a primeira pergunta que você deve se fazer. Se você recebe algum benefício do INSS, o ideal é verificar com frequência o extrato de pagamento no app ou site Meu INSS. Nele, você verá se há algum desconto estranho, como um desconto não autorizado ou até de empréstimo que você nunca pediu.

Sinal de alerta:

• Descontos que você não reconhece.
  
  

• Valor recebido menor do que o habitual.
  
  

• Notificações ou mensagens que você não entende.
  

Se isso aconteceu, você pode ter sido vítima da fraude no INSS.

Meu pai nem sabe o que é app. Como ele vai saber se caiu no golpe do INSS?

Esse golpe é mais cruel justamente porque atinge quem não tem como se defender. Isso porque as vítimas foram principalmente os mais idosos e vulneráveis, gente que mal sabe o que é Pix, quanto mais desconto de associações ou empréstimo online.

E é aí que entra o papel da família.

Sabe aquele cuidado de colocar o velhinho no sol de manhã, pra tomar vitamina D? Então, tem que lembrar de tirar também. E aproveita que já está lá do lado dele e dá uma olhada no extrato do INSS.

A geração dos seus pais ou avós não foi preparada para o digital, mas isso não significa que devem ser deixados à própria sorte. Se tem um celular sobrando, ensina a baixar o app. Se não tem, acompanhe de perto os valores recebidos e os descontos.

Como saber se tenho direito ao ressarcimento do INSS?

Segundo o balanço do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), divulgado dia 17 de maio de 2025, mais de 1,4 milhão de pessoas já solicitaram reembolso por causa dessa fraude. Você pode pedir ressarcimento do valor descontado indevidamente se:

• O desconto foi feito sem sua autorização.
  
  

• Você nunca se associou ou contratou a entidade que aparece no extrato.
  
  

• A instituição está sob investigação ou foi notificada pelo INSS.

O que fazer em caso de fraude no INSS?

Se você desconfia de descontos indevidos no seu benefício, o primeiro o é consultar os registros diretamente no portal Meu INSS. Veja como fazer:

1. e o site meu.inss.gov.br ou abra o app Meu INSS no celular.
   
   

2. Faça com seu F e senha do gov.br.
   
   

3. No menu inicial, clique em “Consultar Descontos de Entidades Associativas”.
   
   

4. O sistema vai mostrar todos os descontos vinculados ao seu benefício, com o nome da entidade, valor mensal e período.
   
   

5. Se encontrar algo que você não reconhece ou não autorizou, clique na opção “Contestar desconto” diretamente na plataforma.
   
   

6. Acompanhe o andamento do seu pedido pelo próprio site ou app.

Ah, e guarde todos os comprovantes! Agora, após o escândalo das fraudes no INSS, logo na primeira página, você já tem a opção de “Consultar Descontos de Entidades Associativas”, então ficou ainda mais fácil conferir se você foi lesado por esse golpe.

Onde começou o golpe do INSS

O esquema começou com o o irregular de entidades privadas ao sistema do INSS. Muitas dessas associações aplicavam descontos mensais nos benefícios de aposentados e pensionistas, sem qualquer autorização formal, contrato ou prestação de serviço real. Os valores apareciam no extrato como cobranças associativas, e muitas vítimas só descobriram o problema depois de meses, ao notar que estavam recebendo menos sem saber o motivo.

A investigação começou em 2023, dentro da CGU (Controladoria-Geral da União), e resultou na abertura de 12 inquéritos pela Polícia Federal. Em 2024, a Justiça autorizou prisões, apreensão de carros de luxo, joias e dinheiro vivo.

Segundo as autoridades, o golpe cresceu a partir de 2019 e atingiu seu pico em 2022, após uma norma que facilitou descontos associativos. Ou seja, a pessoa só descobria depois, com o dinheiro já indo embora.

E para onde vai o dinheiro roubado do INSS?

Enquanto o seu avô tentava entender por que o benefício encolheu, tinha gente andando de carro de luxo e usando joias finas, tudo financiado com o desconto indevido da aposentadoria alheia.

A Operação Sem Desconto revelou uma verdadeira farra: empresas laranjas, consultorias de fachada, servidores participando de eventos das entidades suspeitas e até call centers ajudando a empurrar esses descontos goela abaixo nos mais velhos.

Tudo isso já vinha sendo alertado há anos. Em 2019, o Procon-SP já tinha avisado o INSS sobre o esquema dos descontos não autorizados, e nada. A casa caiu só agora, em 2025, com o prejuízo nas alturas e muita gente ainda tentando recuperar o pouco que perdeu.

É o velho enredo brasileiro: “Onde o rico, cada vez fica mais rico. E o pobre, cada vez fica mais pobre”.

Conclusão: cuidar do bolso dos nossos é cuidar deles também

A fraude no INSS está sendo um escândalo, e um alerta de que sistemas públicos mal fiscalizados viram porta aberta para golpe. E mais ainda, que os mais velhos são os primeiros a sofrer. E de que, no fim, quem tem mais dificuldade com tecnologia acaba sendo o alvo mais fácil. Se você tem pais ou avós aposentados, vale ficar de olho: o prejuízo que eles não percebem no extrato, quem vai ter que resolver é você.

Coloque o vovô no sol, sim. Mas tire antes do almoço. E enquanto ele toma um café com pão de queijo, abra o app do Meu INSS e confira os descontos com ele. Pode parecer só mais uma burocracia, mas é uma forma simples e necessária de proteger quem cuidou da gente a vida inteira.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.