
Que venha o Palmeiras para a primeira final do ano
O mais épico dos capítulos foi escrito em 1996, quando o Brasil parou para assistir uma luta de Davi contra Golias, pela Copa do Brasil
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E a peleja não poderia ser contra outro adversário, senão o Palmeiras. 1969, 1996, 1998, 2001, 2017, 2018 ou 2019. Glórias e desastres. Tantos momentos históricos para nos mostrar como uma rivalidade tem a capacidade de dar a uma simples partida de início de campeonato, o status de jogo para parar a cidade. Esse é o clima para o próximo domingo, quando poderemos assumir a ponta da tabela do Brasileirão.
Os primórdios da história de amizade/rivalidade/guerra entre Cruzeiro e Palmeiras vêm da década de 1920, quando a Società Sportiva Palestra Italia foi fundada por operários e imigrantes italianos em Belo Horizonte, inspirada no Palestra de São Paulo. Esse nascido alguns anos antes, não do chão de fábrica, mas pelas mãos e bolsos dos donos dela.
Naquele tempo, a origem italiana dos Palestras alimentava uma iração mútua. Lembrando que, no Brasil, ainda existiu um terceiro Palestra, o paranaense, que encerrou suas atividades prematuramente.
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As décadas se aram. O futebol se profissionalizou. Os Palestras mineiro e paulista se tornaram duas academias gigantes do futebol arte. A amizade de quase berço se transformou em rivalidade, já em 1969, quando o Palmeiras tirou o bicampeonato brasileiro do Cruzeiro no saldo de gols.
A partir da década de 1980, fora de campo, a rivalidade ficou sangrenta, covarde e criminosa, por parte da torcida palmeirense. Dentro dele, se iniciaram duelos memoráveis para ambos os lados.
O mais épico dos capítulos foi escrito em 1996, quando o Brasil parou para assistir uma luta de Davi contra Golias. Do lado do Palmeiras, uma verdadeira máquina de futebol montada pela milionária patrocinadora, a italiana Parmalat. O clube ou a ser gerido nos moldes de uma empresa, quando o mundo das SAFs ainda nem sonhava em existir.
Quase todo o time titular do Palmeiras era formado por jogadores da Seleção Brasileira ou com agens recentes por ela. No comando, o mais badalado e vencedor treinador daqueles tempos, Vanderlei Luxemburgo.
Veio a final da Copa do Brasil daquele ano. O Cruzeiro não ou de um empate no Mineirão, o que provocou uma festa antecipada do Palmeiras pelo título, pois, para a crônica esportiva nacional, era impossível o time mineiro resistir no jogo de volta.
Os paulistas, então, prepararam uma festa antecipada. Mas o inacreditável aconteceu. O Cruzeiro venceu de virada por 2 a 1, com um show do goleiro Dida e uma noite encantada do maestro Palhinha. Éramos campeões do Brasil!
O troco veio dois anos depois, na mesma Copa do Brasil. No primeiro jogo, o Cruzeiro venceu por 1 a 0, com gol de Fábio Júnior. No segundo, o castigo: derrota por 2 a 0. O Palmeiras era o campeão da Copa do Brasil de 1998.
Outros tantos embates decisivos foram protagonizados por Cruzeiro e Palmeiras, mas o da Copa Libertadores de 2001 também deixou marcas na Nação Azul. Fomos desclassificados, em pleno Mineirão, nos pênaltis.
Devolvemos em dose dupla, atropelando o Palmeiras e conquistando as Copas do Brasil de 2017 e 2018. Mas veio a tragédia de 2019, com a última partida sendo exatamente contra os paulistas no Mineirão.
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Domingo, a peleja entre Cruzeiro e Palmeiras vale apenas três pontos. Nada é definitivo. No máximo, com uma combinação com outros resultados, o Cabuloso assume a liderança do Campeonato Brasileiro. Muito pouco para que já viveu épocas de títulos que fizeram dele o Maior de Minas e La Bestia Negra da América do Sul.
Mas, senhoras e senhores, para quem tem respeito pela história, principalmente pelos capítulos mais tristes e educativos dela, chegar até o topo da forma como no escrete de Leonardo Jardim tem jogado, mesmo que provisoriamente, terá um significado imenso para a retomada de nossa história.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.