Com o aumento das incertezas em relação aos impactos da política econômica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar produtos importados pelo país para estimular a economia norte-americana, os investidores estão em como de espera em relação à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Se há pouco mais de 30 dias era consenso que a autoridade monetária voltaria a elevar a Selic em 0,5 ponto percentual – podendo chegar a 0,75 ponto –, agora o mercado se divide e há quem aposte que a Selic possa ter uma alta de 0,25 ponto na semana que vem.
A mudança de perspectiva ocorre pelo risco crescente de que os Estados Unidos mergulhem em uma recessão e por diversos sinais que mostram que a política monetária está surtindo efeito. No Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central no início desta semana, os economistas e analistas consultados pelo Banco Central reduziram, depois de semanas de trajetória de alta, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para este ano, de 5,57% na semana atrasada, para 5,55% no último boletim. A queda é mínima, mas aqui o mais importante é a inversão da tendência.
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Além disso, indicativos de desaquecimento da economia e de menor pressão sobre a inflação estão se consolidando. O mercado de trabalho começa a mostrar arrefecimento, embora ainda lento e sem impacto no rendimento médio do trabalhador. Esta semana, os dados do Cadastro dos Empregados e Desempregados (Caged) mostraram que em março houve saldo positivo de postos de trabalho de 71.576, um recuo de 83,6% em relação ao saldo positivo de 437.111 em fevereiro. A taxa de desemprego, divulgada na quarta-feira pelo IBGE, mostra um aumento no encerramento do primeiro trimestre deste ano para 7%, ante 6,2% no trimestre anterior. Apesar da alta, a taxa é a menor para os primeiros meses do ano desde 2012 e não foi suficiente para afetar a renda do trabalho, que bateu novo recorde a R$ 3.410.
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Esse movimento no mercado de trabalho reforça o desaquecimento da economia verificado pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). Em fevereiro, o indicador registrou alta de 0,4%. Embora tenha vindo acima da projeção do mercado financeiro (0,15%), o indicador caiu 0,5 ponto percentual em relação a janeiro, quando a alta foi de 0,9%. Outro indicador favorável é o comportamento do câmbio. Depois de flertar com a taxa de R$ 6 reais, o dólar vem perdendo força em relação ao real e às outras moedas, num movimento que é global e provocado pelas idas e vindas das tarifas impostas por Trump.
“O grande risco é uma estaginflação, que é uma recessão com inflação alta, e os Estados Unidos estão perdendo credibilidade”, diz Paulo Henrique Duarte, economista da Valor Investimentos, para explicar o comportamento do câmbio. Para ele, o dólar não voltará mais ao patamar de R$ 5, mas também não chegará à barreira dos R$ 6. Ele lembra ainda que o comportamento do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), que já falar em acelerar o corte de juros pode influenciar a decisão do Copom. O corte de juros nos EUA vai ser uma resposta frente ao risco de recessão econômica no país. Recessão nos EUA e desaceleração das economias ao redor do mundo devem diminuir a pressão sobre os preços das commodities, com impacto na taxa de inflação. “Eu acredito que o Copom pode elevar a Selic em 0,25%”, afirma o economista da Valor Investimentos.
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Numa confirmação dessa possibilidade pelo mercado financeiro, as taxas de juros futuros estão em queda com a queda do PIB nos Estados e dados mais fracos da produção industrial na China, somado à queda da geração de empregos formais no Brasil. Na véspera do feriado do Dia do Trabalho, a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) estava e, 14,66%, contra os 14,694% do fechamento anterior. Já a taxa para janeiro de 2027 estava a 13,91% na tarde da quarta-feira, contra 13,96% do fechamento anterior. O mesmo movimento foi registrado nas taxas de mais longo prazo, com vencimento em 2031 e 2033.
Número
US$ 3 bilhões
Devem ser a soma das exportações brasileiras de tabaco este ano, segundo projeção da consultoria Deloitte, com crescimento entre 10% e 15%
Entregas
O “Mapa da Logística”, elaborado pela Loggi, mostra que a cada 7 segundos um novo pedido foi enviado para a entrega no Brasil no primeiro trimestre deste ano. Além disso, 55% do volume chega ao destino em até 3 dias. Nos três primeiros meses do ano, os maiores crescimentos de envio de pacotes ocorreram em Santa Catarina (279%), no Espírito Santo (248%), no Rio Grande do Sul (150%) e em Minas Gerais (137%).
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Academias
As importações de equipamentos para academias somaram US$ 58,4 milhões de janeiro a março deste ano, o que representou um crescimento de 60% sobre os US$ 36,7 milhões registrados no primeiro trimestre do ano ado, segundo dados do Comex Stat, sistema do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). De acordo com o setor, o aumento reflete o bom desempenho do mercado fitness nacional, que deve registrar crescimento anual médio de 9,5% até 2030, conforme projeções da consultoria Credence Research.