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CINEMA

Estreia no Brasil o filme que pode dar o Oscar a Timothée Chalamet

Ator incorpora Bob Dylan no início da carreira e desconfortável com a chegada da fama em "Um completo desconhecido"; ele venceu o SAG Awards com o papel

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“Timmy é um ator brilhante, então tenho certeza de que ele será completamente crível como eu. Ou um eu mais jovem. Ou algum outro eu.” Em 4 de dezembro de 2024, Bob Dylan publicou este tuíte a respeito de Timothée Chalamet no filme “Um completo desconhecido”.

Desde então, não houve outra manifestação pública de Dylan a respeito de seu intérprete ou do longa, que chega nesta quinta-feira (27/2) aos cinemas brasileiros.

Seja um “eu mais jovem” ou “algum outro eu”, fato é que o que Chalamet leva para as telas é Bob Dylan – ou a melhor versão que se pode fazer da juventude do maior herói em atividade da música norte-americana. “Duzentas pessoas naquela sala e cada uma quer que eu seja outra pessoa. Eles deveriam simplesmente me deixar ser”, ele diz, a certa altura do filme de James Mangold, resumindo de certa forma suas intenções.

“Um completo desconhecido”, que concorre a oito Oscars – incluindo Melhor Filme, Direção e Ator, neste domingo (2/3) – não é o filme biográfico típico, daqueles que cobrem a vida do personagem do berço ao túmulo. Acompanha os quatro primeiros anos da carreira de Dylan, a partir de sua chegada a Nova York, no início de 1961. Culmina com o Festival de Newport de julho de 1965, momento definidor não só da trajetória dele, como da folk music e do próprio rock.

Chegada a nova york

Nascido em maio de 1941, em Duluth, Minnesota, Dylan estava com 19 anos quando chegou a Nova York. Tinha um objetivo claro: conhecer seu maior ídolo, Woody Guthrie (Scoot McNairy), já em seus anos finais, relegado a uma cama de hospital em Nova Jersey, em decorrência da Doença de Huntington.


Guthrie também estava sendo visitado por Pete Seeger (Edward Norton, nomeado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante). Imediatamente abraçado pelos compositores já estabelecidos, o jovem Dylan é “adotado” pela adorável família Seeger, e daí começa sua incursão no universo musical do Greenwich Village do período.

É neste cenário que ele conhece as duas mulheres mais importantes do início de sua carreira: a namorada Sylvie Russo (Elle Fanning), estudante de artes que se incomoda por não saber quase nada sobre ele, e Joan Baez (Monica Barbaro, indicada a Melhor Atriz Coadjuvante), que se incomoda com Dylan ao mesmo tempo que é arrebatada pela produção musical dele.

Até os 24 anos, época em que Dylan quebrou todo e qualquer parâmetro levando a guitarra elétrica para Newport, o bastião do folk tradicional – as vaias, brigas e desconforto geral no festival se tornaram lendários na história da música –, ele já tinha composto algumas de suas canções mais importantes: “Mr. Tambourine man”, “Blowin’in the Wind”, “The times they are a-changin’”, “Like a rolling stone”, “It’s all over now, baby blue”.

Com tantas armas à disposição, Mangold, que já havia biografado Johnny Cash em “Johnny & June” (2005), captura o brilhantismo de Dylan por meio de suas criações, quase todas executadas em sua totalidade. O filme coloca a música como uma parte da narrativa – por meio dos versos de Dylan, compreendemos não só o que se ava ao seu redor, como também o mundo em conflito pela Guerra do Vietnã e os Direitos Civis.

Ainda que com um grande elenco à disposição – e Monica Barbaro interpretando “House of the rising sun” é não menos do que mesmerizante –, não fosse Chalamet, “Um completo desconhecido” não seria o filme que é.

O ator, que já afirmou mais de uma vez que dedicou cinco anos de sua vida para se preparar para o papel, cantou todas as canções que interpreta. Ele canta como Dylan, mas também traz um frescor à sua interpretação, como que promovendo um diálogo com a plateia.

Quando Chalamet interpreta o clássico “The times they are a-changin”, por exemplo, sabemos que aquele momento representa as mudanças pelas quais o mundo daquela época ava. Mas, inconscientemente, nos pegamos também trazendo os versos para hoje. É o poder da música, aqui amplificado pelas imagens do cinema, na melhor construção que Bob Dylan poderia ter.

Pedido aceito

O diretor James Mangold acatou um pedido de Bob Dylan ao filmar “Um completo desconhecido”: mudar o nome de sua namorada. Sylvie Russo, a personagem interpretada por Elle Fanning, foi baseada em Suze Rotolo (1943-2011), artista que ele namorou entre 1961 e 1964.

Inspiração de canções como “Don’t think twice, it’s all right”, “One too many mornings” e “Tomorrow is a long time”, Rotolo está ao lado de Dylan na capa do álbum “The Freewheelin’” (1963). Filha de membros do Partido Comunista, ela afirmou, em 2008, que manteve as afiliações políticas de seus pais em segredo até 1989 — o que a ajudou a entender o desejo de Dylan de manter seu nome verdadeiro, Robert Zimmerman, privado. Os dois permaneceram amigos muitas décadas após o fim do relacionamento amoroso.


“UM COMPLETO DESCONHECIDO”
(EUA, 2024, 141min.). Direção: James Mangold. Com Timothée Chalamet, Monica Barbaro, Edward Norton e Ellen Fanning. O filme estreia nesta quinta-feira (27/2), nos cines Boulevard 4, às 16h05 e 21h10; Cidade 4, às 15h20 e 20h30; Del Rey 1, às 15h30, 18h15 e 21h; Diamond 1, às 12h e 15h20 (seg a qua), 15h30 e 18h30 (qui a dom); Pátio 8, às 12h50, 16h e 20h10 (qui, sex e qua); Ponteio Premier, às 15h, 17h50 e 20h40.

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