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CINEMA

Oscar 2025: saiba o que é a irritante "fraude de categoria"

"Truque" das distribuidoras nas indicações permite que coprotagonistas concorram como coadjuvantes, como é o caso de Zoe Saldaña e Kieran Culkin neste ano

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Para concorrer ao Oscar, os artistas devem cumprir uma série de etapas. A decisão sobre a primeira delas cabe às distribuidoras dos filmes, que apontam quem no elenco é elegível às categorias da premiação.

No caso do brasileiro “Ainda estou aqui”, por exemplo, a Sony Pictures Classics inscreveu o longa em oito categorias e obteve três indicações – Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz (Fernanda Torres).

A liberdade dada aos estúdios permite que eles decidam estrategicamente as corridas de que querem participar, o que abre espaço para esquemas questionáveis.

Neste ano, por exemplo, duas campanhas foram vistas como tendo recorrido à chamada “fraude de categoria” – Zoe Saldaña (“Emilia Pérez”) e Kieran Culkin (“A verdadeira dor”) foram apresentados como coadjuvantes, quando, na verdade, têm papéis centrais em seus filmes, distribuídos, respectivamente, pela Netflix e Searchlight Pictures.

Ao deslocar atores com grande presença na trama para disputar os prêmios de coadjuvantes, as distribuidoras aumentam as chances de vitória, mas à custa de promover uma competição injusta, como apontam críticos do artifício.

Em “Emilia Pérez”, Saldaña interpreta Rita, advogada que ajuda um ex-chefe de cartel a ar pela cirurgia de redesignação sexual. Ela aparece em 58 minutos do filme, superando os 52 minutos da personagem-título, interpretada por Karla Sofía Gascón.

Já em “A verdadeira dor”, Culkin interpreta Benji Kaplan, que viaja com o primo David (Jesse Eisenberg) para a Polônia, num processo de elaboração do luto pela perda da avó, que escapou da perseguição nazista e se radicou nos Estados Unidos. Na jornada, os dois dividem igualmente a presença na trama, escrita por Eisenberg, que disputa Melhor Roteiro Original.

As motivações das distribuidoras para manipular as categorias são incertas, mas há variáveis que influenciam a tática. Quando um filme tem dois atores de destaque, dividi-los em categorias diferentes evita que um impeça a vitória do outro. Além disso, em algumas edições, os prêmios principais já têm favoritos à vitória, o que diminui a chance dos demais candidatos.

Fator idade

Recentemente, a idade também se tornou um elemento preocupante. Nas categorias masculinas, é comum que os atores recebam múltiplas indicações antes de ganharem a estatueta. Até hoje, Adrien Brody – que concorre neste ano por “O brutalista” – é o mais jovem a vencer como Melhor Ator, aos 29 anos, por sua atuação em “O pianista” (2002).

Por outro lado, no caso da mulheres, o Oscar costuma premiar atrizes mais jovens. Emma Stone venceu aos 28 anos, com sua primeira indicação, por “La la land: Cantando estações” (2016), assim como Gwyneth Paltrow, que ganhou aos 26, com “Shakespeare apaixonado” (1998) – ano em que a brasileira Fernanda Montenegro foi indicada. Audrey Hepburn tinha 23 anos ao vencer com “A princesa e o plebeu” (1953).

Com a ausência de critérios objetivos que caracterizam um coadjuvante, a “fraude de categoria” a despercebida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood e torna-se uma prática recorrente na premiação.

Em 1973, Marlon Brando foi escolhido para concorrer a Melhor Ator por “O poderoso chefão”, enquanto Al Pacino, cuja presença no filme é maior, foi relegado à segunda categoria e nem sequer compareceu à cerimônia. 

Nos últimos anos, Alicia Vikander, de “A garota dinamarquesa” (2015); Mahershala Ali de “Green book: O guia” (2018), e Brad Pitt de “Era uma vez em…Hollywood” (2019) ganharam a estatueta na categoria dos coadjuvantes, apesar de terem papéis centrais em seus filmes. Pitt esperou 35 anos para vencer o primeiro Oscar como ator. 

*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes

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