Sidoka aposta em novo ciclo de sua carreira e lança 'Mixtape funk'
Após estrear no trio elétrico, astro mineiro do trap lança álbum funkeiro, reestrutura sua produtora e investe em conexões internacionais
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Siga noTalento de BH que conquistou o Brasil, Sidoka nunca pensou em soltar seu trap lá de cima de um trio elétrico. Pois não é que o rapaz animou o último carnaval na Praça da Liberdade? Mandou “Menina linda”, entre outras, para os foliões em BH. E adorou a estreia. “Todo mundo curtiu demais”, conta.
No X, veio a gozação de um fã: “Quem foi o Judas que botou o Sidoka em cima do trio elétrico em BH para cantar no carnaval?”.
“Sempre fugi da zona de conforto”, diz o artista. Ele avisa que inicia outro ciclo, aos 26 anos. Em uma década de carreira, Sidoka soma cerca de 2 bilhões de streamings de suas criações, tem 3,5 milhões de seguidores nas redes sociais.
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Sempre de madrugada, ele vem soltando singles do álbum “Mixtape funk”. Virou funkeiro? “Vim do funk, mas sou do trap”, responde o rapaz criado na Igrejinha, no Aglomerado da Serra – celeiro do funk de BH, que virou quase subgênero da produção nacional.
Com MC GW, acaba de lançar “Ela tá sabendo já”, produzida por Pedrin 31. Divide “Não tem mensagem sua, eu vou pra rua” com ViniJoe, o rapper sambista do “Serrão”, como o Aglomerado é chamado pela comunidade. O projeto conta também com WS da Igrejinha, SMU e o pessoal da Tropa do Bruxo.
Antes de “Mixtape funk”, Sidoka lançou “Se você não ama”, álbum com a participação de Djonga, entre outros. É um repertório introspectivo, distante das rimas que o levaram à fama. Famoso pelo jeito brincalhão, pelo nonsense das letras e plugado em 1 milhão de volts, o moço tá diferente.
“'Se você me ama' fala de mim, fala de superação”, diz ele, contando que experimenta “o renascimento” depois de momentos “de tempestade”. Ou seja, problemas no gerenciamento da carreira, a “pressão mental” da superexposição. Foi até acusado de “perder a essência”.
Bom de improviso, Sidoka troca de ordem as palavras do título para reforçar o conceito do álbum. Se você não ama remete a você não se ama.
Na letra de “Como pude?”, parceria com Djonga, Sidoka confessa: “Como é que pude?/ Confundir o lazer com a minha saúde/ Confundir dinheiro com amor que me ilude/ Distrair minha mente por coisa que não me ajude”. O parceiro aconselha: “Ei Sidoka/ Eu sei que essa vida é sinuca de bico/ Se o seu lado bom tá mais morto/ O seu lado mal tá mais rico”.
Matador como sempre, Djonga ainda adverte: “Qual dos gumes 'cê' escolheu da faca?/ Uma eternidade no corre/ Ou dois anos no auge pra morrer na forca?”.
Sidoka reage: “Aprendi com o erro, e com o erro vem logo a multa/ Pagar pelo meu pecado e os 'te amo' me dando fuga”.
Outro flow
Realmente, esse moço tá diferente. Ficou famoso pelo pique adolescente das letras sobre quebrada, sexo, drogas, mulheres e ostentação, mas parece ter virado o disco. E o lado B flerta com dilemas de um jovem adulto, pai coruja da Renatinha, de 3 anos, o xodó de seu imenso fã-clube virtual. Se antes a velocidade do canto falado exigia do ouvinte boa dose de esforço para "captar" as letras, motivo de muitos memes na internet, agora o flow é outro.
Com sua “verdade debaixo do boné”, como diz, o trapper mineiro está cheio de planos. Lançou vários clipes recentemente, repensa a vida, está rimando na batida do funk.
“Perdi a essência? A minha essência é a inovação. Nunca fiz música para agradar mainstream. Faço do jeito que eu quiser, é o jeito que escolhi”, diz Sidoka.
Sereno, bem diferente do azougue a 1000 por hora que costuma ser, explica que pôs a casa em ordem. Com apoio de sua equipe e de profissionais especializados, mantém empresa para ser o dono da própria música. “Tive de botar o pé no chão. Com a cabeça nas nuvens, mas com o pé no chão”, comenta.
“Depois de tudo que ei, quero livrar o artista das armadilhas”, afirma, referindo-se à moçada da cena de BH que começa no ofício. É preciso consciência sobre o universo que envolve o profissional da música, destaca.
“Agora posso dizer que sou dono da minha carreira”, garante Nicolas Paolinelli Gino, à frente da Intactoz, que também cuida da carreira de outros jovens artistas.
Nicolas/Sidoka está de olho na cena internacional. Diz que retomou a conexão com o americano Gucci Mane, pioneiro do trap, e com a Atlantic Records, nos EUA. Adianta que vem por aí novidade na Pineapple, além de remix em inglês “com produtores fodões”. E planeja: “Quero representar o Brasil e, principalmente, Minas Gerais.”
Neste domingo (16/3), Sidoka faz show na Casa Sapucaí, no Baile do X. “Vou cantar funk ao vivo”, adianta, prometendo medley com novas versões das favoritas dos fãs. Animado com seu novo ciclo, não reclama dos perrengues. “O ado machuca, mas ensina”, conclui.
SIDOKA
Participação de ViniJoe. Baile do X, com Xeréu, Siatt, Pikadilha, Malvini, Roxie e Paulin. Casa Sapucaí (Rua Sapucaí, 303, Floresta). Domingo (16/3), a partir das 19h. Ingressos: R$ 30, à venda na
plataforma Sympla.