Em "Assassinato na Casa Branca", a culpa não é do mordomo
A morte de um funcionário move uma detetive perspicaz e implacável na série disponível na Netflix. Produção é assinada por Shonda Rhimes
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Siga noJá faz oito anos desde que Shonda Rhimes fechou um acordo com a Netflix. Um dos grandes nomes da produção televisiva deste século, a criadora de “Grey’s anatomy” migrou da TV aberta para o streaming com um acordo que previa oito produções para a plataforma. A grande bola dentro de sua produtora, Shondaland, é a franquia “Bridgerton”.
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“Assassinato na Casa Branca”, recém-estreado, é mais um produto Shondaland. Rhimes, no entanto, assina como produtora-executiva – a série foi criada por Paul William Davies. É mais uma história de detetive com uma veia cômica, na esteira de filmes como “Entre facas e segredos” e o remake de “O assassinato no Expresso Oriente”.
A graça, aqui, é o cenário. Mas não espere embates de poder entre grandes estadistas. O poder em questão é o do staff da Casa Branca. A inspiração, aliás, é o livro “Por dentro da Casa Branca”, da jornalista Kate Andersen Brower, que reuniu boas histórias de mordomos, arrumadeiras, cozinheiros e floristas.
Só que o mote de “Assassinato na Casa Branca” é ficcional, obviamente. Os presidentes am, mas A.B. Wynter (Giancarlo Esposito), o mordomo-chefe, fica. Quando seu corpo é encontrado num aposento privado durante um banquete para o primeiro-ministro da Austrália, esse microcosmo é terrivelmente abalado.
Amigo e conselheiro do presidente, Harry Hollinger (Ken Marino) quer colocar panos quentes. Suicídio, ele quer fazer os outros acreditarem. É claro que isto não a pela cabeça de Cordelia Cupp (Uzo Aduba), conhecida como a melhor detetive do mundo. Misto de Sherlock Holmes e Hercule Poirot, ela é convocada para desvendar o crime.
Só que nada é simples, pois estamos falando de um local com 132 cômodos e 157 suspeitos Neste grupo estão desde os funcionários até os convidados da festa – inclusive australianos ilustres, como Hugh Jackman (só o vemos de longe, já que não é o astro propriamente em cena) e Kylie Minogue (como ela própria).
Essa narrativa ocorre no tempo ado. Intercala com sequências no presente, onde alguns personagens estão prestando depoimento numa audiência no Senado americano para esclarecer os fatos.
“Assassinato na Casa Branca” é a típica produção “quem matou?”. É uma salada de referências. O título de cada episódio remonta a narrativas policiais do cinema e da TV, de clássicos como “O 3º tiro” (1949) a “Disque M para matar” (1954), até produções mais contemporâneas, como “Entre facas e segredos” (2019) e “A queda da casa de Usher” (2023).
Assim como seus pares, Cordelia é excêntrica. A detetive é uma observadora de pássaros obsessiva, sendo capaz de parar qualquer coisa para observar um animal. Tal dedicação e paciência são levadas para seu campo de ação.
Enquanto todos querem uma resolução rápida, ela só quer fazer seu trabalho adequadamente. Isto causa saias-justas, ainda mais porque Cordelia não está interessada em hierarquia. Fala grosso até com o próprio presidente.
Como toda produção da Shondaland, há uma edição rápida, muitas piadas e um grupo bem diverso de personagens. Não há muita novidade, mas é uma diversão despretensiosa, ainda que oito episódios seja prolongar demais uma história que claramente não tem fôlego para tal.
“ASSASSINATO NA CASA BRANCA”
• A série, com oito episódios, está disponível na Netflix.