Samanta Alves trocou o Direito pelo humor. E riu por último
A carioca abandonou o plano de uma carreira tradicional e abraçou a produção de quadros cômicos na internet como profissão. Hoje, tem 6,5 milhões de seguidores
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Siga noSe tem uma coisa que Samanta Alves nunca foi, é personagem. Com humor afiado, uma energia contagiante e um jeitão de carioca raiz, a influenciadora e repórter conquistou espaço na web sem nunca perder a autenticidade.
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Nascida e criada em Madureira, na Zona Norte do Rio, Samanta é o tipo de pessoa que você reconhece de longe, seja pelo jeito desbocado, pelo humor que mistura ironia e afeto, ou pela facilidade de transformar qualquer situação em história.
"Sou desse jeito desde sempre. Minha mãe já dizia: 'Samanta, você não tem filtro'. E realmente não tenho", diz. Essa autenticidade virou sua marca registrada e o segredo para conquistar uma legião de seguidores.
Mas nem sempre foi assim. A jovem era estudante de Direito e sonhava em ser concursada na Polícia Federal. Mas tudo mudou. O primeiro vídeo de Samanta viralizou antes mesmo de ela entender o que era "viralizar".
No fim do Ensino Médio, em 2018, ela resolveu criar um canal para guardar lembranças da turma. No primeiro viral, Samanta misturou música infantil com funk, gravou um “clipe” na escola e postou na internet. "Era pra ficar entre a gente, fazer graça no grupinho", conta. O que ela não esperava era ver a zoeira rodar o país.
Incentivada pelo sucesso inesperado, Samanta repetiu a fórmula em pontos emblemáticos do Rio, como o Cristo Redentor e a Candelária. Sempre do mesmo jeitinho: uniforme, sotaque afiado, risada solta. "Percebi que era mais do que só engraçado. Era identificação, sabe? As pessoas se viam em mim", comenta.
Clube do coração
A paixão pelo Botafogo também virou tema de seus vídeos, inicialmente de forma despretensiosa. "Eu falava do Botafogo com humor, sem me levar a sério. Mas os torcedores começaram a gostar e me pedir mais conteúdo." Em 2020, recebeu um convite da Botafogo TV para criar o quadro “Na galera”. "Bebi, falei besteira, zoei, brinquei e falei de Botafogo. E foi um sucesso. A torcida abraçou", lembra.
Antes da Copa de 2022, Samanta quase pendurou as chuteiras. Sem perspectivas, cogitava prestar concurso para a Polícia Federal. "Estava num momento de dúvida real, sabe? Aquela coisa de 'será que tem futuro nisso?'"
A aposta foi arriscar: se inscreveu num concurso da CBF para cobrir o Mundial no Catar. Por pouco não entrou. Ela ficou em sétimo lugar – e apenas seis seriam selecionados.
"Fiquei arrasada. Mas o Antônio [namorado e parceiro de trabalho] disse: 'Relaxa, agora a gente vai fazer a Copa do Mundo aqui do Brasil'", conta. E foi exatamente o que fizeram. Samanta cobriu a Copa em fan zones e bares do Rio de Janeiro. O público não apenas comprou a ideia, como catapultou os vídeos para milhões de visualizações. "Voltei a acreditar. Era isso que eu queria fazer", comenta.
Com o sucesso, ela começou a expandir os temas. "Fizemos final de ano em Madureira, Carnaval, festas. O 'Na galera' virou muito mais do que um quadro sobre futebol", diz.
Samanta tem a habilidade de fazer qualquer entrevistado se sentir um velho conhecido. É por isso que quadros como "Na galera", "Na condução" e "De cria e de playboy" não parecem só gravações, mas encontros. E tem sempre um pedaço da vida dela ali.
Visão de mundo
"'Na condução' saiu porque eu sempre peguei trem, van, metrô. Já vi de tudo e, na real, minha visão de mundo foi muito moldada ali", afirma. Já as “resenhas gastronômicas” do “De cria e de playboy” nasceu da convivência com Antônio, que veio de uma realidade diferente da dela. "A gente ria muito dessas diferenças. Eu sou do 'senta aí, come e f****', ele é mais metódico. Trouxemos isso para o conteúdo e virou sucesso."
Ela destaca a importância do apoio de Antônio na produção de conteúdo. "Eu tinha criatividade, mas não tinha câmera, logística ou base para produzir. Ele veio com essa organização e juntos conseguimos crescer."
Não faltam histórias inusitadas – e até cômicas – de bastidores. "Teve um cara que me pediu em casamento no meio de uma entrevista. Eu disse: 'Meu amor, a gente nem se conhece'. E ele: 'Mas é por isso mesmo!'. Eu não sabia se ria ou se corria. Mas faz parte, né? Quem trabalha na rua vive essas doideiras", diz.
Atualmente, Samanta acumula mais de 6,5 milhões de seguidores e tem planos de expandir o "Na galera" pelo Brasil. "Quero fazer mais, viajar, mostrar as diferenças e semelhanças de cada canto do país. Mas sempre com esse olhar que eu trago: o da galera de verdade", diz.
E um dos primeiros destinos deve ser Minas Gerais. "Nunca fui, acredita? Mas preciso. Todo mundo fala que vou me apaixonar, tanto pela cultura quanto pelo povo. Tô doida para ir.” Apaixonada por Xeque Mate, ela espera conhecer outras bebidas com DNA mineiro. “Quero ver se o povo mineiro é tão cachaceiro quanto falam", desafia.