A romancista alemã Alexandra Fröhlich, autora de sucessos como “Minha sogra russa e outras catástrofes” e “Esqueletos no Armário”, foi morta a tiros em um ataque violento na embarcação onde vivia, ancorada no Rio Elba, em Hamburgo, na Alemanha.

Em 2012, Alexandra publicou seu livro de estreia, “Minha sogra russa e outras catástrofes”, inspirado em suas próprias experiências com a sogra. O romance vendeu mais de 50 mil cópias e figurou na lista dos mais vendidos da revista semanal Der Spiegel. Nos anos seguintes, lançou mais três livros: “Viajando com russos” (2014), sequência de seu primeiro romance; “As pessoas sempre morrem” (2016); e “Esqueletos no armário” (2019). As obras foram traduzidas e lançadas em países como França, Rússia e Inglaterra, mas nunca receberam edições em português.

De acordo com informações da polícia local, o corpo da escritora, de 58 anos, foi encontrado na manhã da última terça-feira, no interior de sua casa flutuante, pintada em um tom marcante de cereja. O cadáver foi descoberto por um de seus três filhos.

A investigação inicial aponta que Alexandra foi assassinada entre meia-noite e 5h30 da manhã. A polícia faz apelos por testemunhas que possam ter visto movimentos suspeitos na região durante a madrugada. Até o momento, as autoridades não confirmaram a identificação de um suspeito, segundo o jornal britânico The Guardian.

Os "imortais" são escolhidos mediante eleição por voto secreto dois meses depois de a cadeira ter sido declarada vaga. Arquivo Nacional / Domínio Público
A ABL tem 40 membros efetivos e perpétuos. Quando um acadêmico morre, a cadeira é declarada vaga e quem quer concorrer à vaga tem dois meses para se candidatar. Acervo ABL/Domínio Público
A instituição funciona no palacete Petit Trianon, réplica da construção homÎnima em Versalhes. O imóvel foi doado pelo governo francês à ABL em 1923. Wolfhardt / Wikimedia Commons
A Academia Brasileira de Letras foi inspirada no modelo da Academia sa e fez a sessão inaugural em 20/07/1897. Ao longo do tempo, elegeu não apenas escritores, mas também pessoas que exercem outras atividades na cultura e na política. Estúdio Luiz Musso / Domínio Público
Graciliano Ramos (1892– 1953) - Autor de uma das obras mais importantes sobre o sertão nordestino (“Vidas Secas”), foi um expoente no regionalismo. Militante comunista, chegou a ser preso e morreu aos 60 anos, deixando obras póstumas notáveis. Entre elas, "Memórias do Cárcere". LABCOM - FLICKR
Lima Barreto (1881-1922) - Neto de uma escrava liberta, foi autor de romances, contos e crônicas memoráveis; jornalista polêmico; ícone na luta contra o preconceito racial; um dos mais destacados escritores das primeiras décadas do século XX. Tentou sem êxito ser eleito para a ABL. Morreu aos 41 anos. FLICKR
Em 2024, a atriz australiana Cate Blanchett, um dos maiores nomes do cinema, declarou que é fã de Clarice Lispector e que a leitura de seus livros exerce influência e inspiração sobre ela. Instagram @cate_blanchettofficial
Clarice Lispector (1920-1977) – Brasileira nascida na Ucrânia, autora de romances, contos e ensaios. Entre as suas obras mais importantes estão “A Hora da Estrela”, "Água Viva" e “Laços de Família”. Nunca se candidatou à ABL. Ana Carolina Braga - FLICKR
Dalton Trevisan - (1925- 96 anos) - Nascido em Curitiba, é famoso por seus livros de contos e já recebeu diversos prêmios. Avesso a entrevistas, chegou a ser apelidado de "Vampiro de Curitiba" (nome de um de seus principais livros) por gostar de viver recluso. Divulgacao
Vinícius de Moraes (1913-1980) - Escritor e dramaturgo, um dos maiores poetas brasileiros, com forte ligação na área musical. Fez letras para canções que se eternizaram, com reconhecimento internacional. O "Poetinha" se notabilizou por sonetos. O mais famoso: "Soneto de Fidelidade". Debora Spada - Flickr
Monteiro Lobato (1882-1948) - Escreveu um único romance ("Presidente Negro"), mas se consagrou como um dos maiores autores da literatura infanto-juvenil. Seus livros inspiraram produções na TV, no cinema e no teatro. Entre elas, "Sítio do Pica-Pau Amarelo". Também fez contos e crônicas. Wikimedia Commons/Domínio Público
Antonio Candido (1918-2017) – Escritor, sociólogo e crítico literário, autor de vasta obra adotada nas universidades. Defendia o direito para todos de o à literatura, considerando a leitura uma necessidade para a boa formação. Não quis se candidatar. Disse que não gostava de participar de grupos. FLICKR
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) – Para muitos o maior poeta brasileiro do século XX. Quando Getúlio Vargas assumiu uma cadeira na ABL, no Estado Novo (ditadura getulista), Drummond e o escritor Sérgio Buarque de Hollanda, pai do compositor Chico Buarque, se comprometeram a nunca ingressarem na casa. Arquivo Nacional/FLICKR
Érico Veríssimo (1905-1975) - Pai de Luís Fernando Veríssimo, foi um dos mais ilustres escritores do país. Livros como "O Tempo e o Vento" e "Olhai os Lírios do Campo" se popularizaram na teledramaturgia. Érico não se candidatou à ABL. Afirmou que era contra formalidades e jamais usaria fardão. Arquivo Nacional/Wikipedia
Luís Fernando Verissimo (1936, 85 anos) – Modesto, afirmou não ter uma obra literária que merecesse a honra da imortalidade na academia, o que soou como ironia diante de tantos "imortais" que não são propriamente escritores. Ana Povoas/FLICKR
Mário Quintana (1906-1994) - Gaúcho de Alegrete, o "poeta das coisas simples" tentou três vezes, mas não foi eleito. Decepcionado, disse que a ABL estava politizada e que era até melhor ficar de fora, pois a academia "atrapalha a criatividade". Luís Fernando Veríssimo, seu conterrâneo, afirmou que, sem Quintana, o prejuízo era da ABL. Ricardo Timao /FLICKR
Vários escritores de renome da literatura brasileira nunca foram contemplados com o título de “imortal” da Academia Brasileira de Letras. Veja a lista de alguns que, apesar do reconhecimento, nunca ocuparam uma das cadeiras da casa. Flip.com.br

Fröhlich começou sua trajetória profissional como jornalista na Ucrânia, onde fundou uma revista feminina antes de se tornar freelancer. Em 2012, migrou para a literatura, consolidando-se como autora de comédias dramáticas com olhar afiado sobre o cotidiano familiar e os conflitos culturais.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

A morte da escritora causou comoção no meio literário alemão e entre seus leitores fiéis. As motivações do crime ainda estão sendo investigadas.

compartilhe