Ícone do romantismo

Antologia "Byron – Poemas, cartas, diários &c." será lançada amanhã em BH

Organizado pelo poeta paulista André Vallias, livro traz trechos da obra do britânico Lord Byron

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A obra de George Gordon Byron (1788-1824), o Lord Byron, não esteve no foco do poeta paulista André Vallias até muito recentemente. Em 2022, ao se deparar com uma tradução de Castro Alves para poemas do ícone britânico do romantismo, Vallias ou a investigá-lo. Afinal, “todo mundo ouviu falar, mas ninguém nunca leu Lord Byron, nome literário mais conhecido depois de Shakespeare.”


Recém-lançado pela Perspectiva, o volume “Byron – Poemas, cartas, diários &c.”, organizado por Vallias é, na opinião dele, “uma espécie de desagravo” diante do esquecimento que o Brasil dedicou ao poeta. É a maior antologia (mais de 600 páginas) dedicada ao autor no país. Vallias chega a Belo Horizonte para lançá-la em encontro, nesta terça (20/5), com o poeta Carlos Ávila. Os dois estarão juntos a partir das 19h, na Quixote Livraria.


Textos variados

O volume reúne 96 poemas (em edição bilíngue), seis dezenas de cartas, além de trechos dos diários e textos variados. Na introdução, Vallias percorre a trajetória de vida de Byron, sua criação literária e a recepção da obra, tanto em sua época quanto ao longo dos 200 anos de sua morte.


“De certa forma, os modernistas fizeram uma má imagem do Byron, especialmente no Brasil. Ficou como um poeta mórbido, sentimental. Mas talvez tenha sido a maior celebridade literária de todos os tempos. O que aconteceu com Byron no início do século 19 seria o que aconteceria, no século 20, com nomes da música pop e do cinema. Ele tem uma obra fascinante, e, a partir dela, a gente começa a ver uma vida também fascinante”, comenta Vallias.


A partir da introdução, ele dividiu o livro em seis partes, cronológicas, em que mistura poemas com cartas “para que o leitor tivesse um contexto dos escritos”. “Quando me deparei com as cartas, interessantes e divertidas, o projeto ganhou corpo.”


Os diários permaneciam inéditos no Brasil; das cartas, somente uma havia sido traduzida por Paulo Henriques Britto. “A prosa traz uma interlocução muito interessante, pois espelha o momento que ele está vivendo, as brigas, os problemas de grana, amorosos. É tudo muito rico.” O projeto só se viabilizou, comenta o organizador, graças à internet. “A quantidade de material é grande e, ao me associar à Sociedade Byron, na Inglaterra, tive o a artigos de revistas.”


Byron viveu curtos, porém, intensos, 36 anos. Bissexual, promíscuo, boêmio, com uma vida cheia de excessos, foi também um patriota. Não da Inglaterra natal, mas da Grécia, que o considera um herói por sua luta pela independência – e onde ele também morreu. Sua trajetória rendeu cerca de 200 biografias, muitas das quais Vallias ou.


Sua obra-prima, o poema satírico “Don Juan”, é um épico de mais de 16 mil versos, “três vezes ‘Os Lusíadas’”, comenta Vallias. Foi escrito a partir de 1819 até o ano da morte do autor. A produção de Byron, por sinal, foi num crescendo. Seu ano mais produtivo foi 1821, quando escreveu mais de 12 mil versos – o livro apresenta um gráfico de sua produção em verso.


No Brasil, a academia reconhece Byron por meio de “Don Juan”, que rendeu algumas teses, conta o organizador. “Mas ele escreveu muitas peças, poemas dramáticos não concebidos para o palco, mas teatro para ser lido, que tiveram muita influência”. “Caim” (1821), um desses textos, foi traduzido por Vallias. “Ela gerou muita polêmica na Inglaterra por abordar um tema religioso.”


Para o tradutor, um dos maiores pecados no Brasil em relação a Byron foi “despolitizá-lo, quando ele é um poeta essencialmente político”. Viajou por toda a Europa e durante sete anos exilou-se na Itália.


“Com a fama garantida, ele resolve investir na guerra de independência da Grécia (1821-1829, contra o Império Otomano), país que tinha visitado quando jovem. Investe tudo o que tem na campanha e acaba morrendo por ignorância da medicina (a partir de um ataque convulsivo, ele começa a ser tratado com sangrias com sanguessugas, que agravam, gradativamente, seu estado).”


A morte de Byron, na cidade grega de Missolonghi, tem uma repercussão tremenda – a sonhada independência grega só foi concluída no final da década de 1820. “É quase um herói nacional na Grécia e também na Albânia”, acrescenta Vallias, que privilegiou, na antologia, poemas de teor político. “Bem como sua luta contra o moralismo e a hipocrisia, o que mostra como Byron continua atual”, conclui.

Trecho

“O escritor, poeta e cítico literário irlandês James Joyce (1882-1941), aos 12 anos, apanhou dos colegas de escola ao defender que Byron seria o melhor poeta inglês e não Alfred Tennyson (1809-1892), episódio que incorporou ao seu ‘Retrato do artista quando jovem’ (1916), no qual citou ainda a segunda estrofe de ‘Neste dia completo meu trigésimo-sexto ano’. Joyce jamais abjurou de sua ‘heresia’ juvenil: são inúmeras as referências a poemas e fatos da vida de Byron tanto no ‘Ulysses’ (1922) quanto no ‘Finnegans Wake’ (1939) – ‘our boys, as our Byron called them’/’pillgrimace of Childe Horrid’. Em 1930, tentou convencer, em vão, o compositor americano de vanguarda George Antheil (1900-59) a criar uma ópera a partir de ‘Caim’; quando o músico lhe pediu que fizesse o libreto, retrucou: ‘Eu jamais teria os maus modos de reescrever o texto de um grande poeta inglês’.”

“BYRON – POEMAS, CARTAS, DIÁRIOS &C.”
• Organização, tradução e introdução de André Vallias l Perspectiva
• 640 páginas, R$ 149,90
• Lançamento nesta terça (20/5), às 19h, na Quixote Livraria, Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi.

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