Luciano Luppi vai interpretar poemas de Fernando Pessoa na próxima sexta-feira (30/5) crédito: Clarice Fonseca/Divulgação
Com a chegada da pandemia em 2020, a produtora cultural Carminha Guerra se viu, como tantos outros, sem palavras. Dessa inquietação nasceu o festival que chega à terceira edição hoje (28/5) à noite, no Centro Cultural Unimed-BH Minas. A proposta é homenagear grandes mestres da palavra – seja ela escrita, falada ou musicada.
O Festival Arte da Palavra presta tributo a nomes que atravessam gerações: Ernesto Nazareth (1863-1934), Fernando Pessoa (1888-1935), Dorival Caymmi (1914-2008) e Tom Jobim (1927-1994). Até sábado (31/5), haverá concertos, palestras e performances que celebram o poder da palavra e da música.
A programação começa com o recital comentado da pianista carioca Maria Teresa Madeira, nesta quarta-feira, interpretando peças icônicas de Ernesto Nazareth, como “Odeon” e “Apanhei-te cavaquinho”. Na quinta, a professora Maria de Lourdes Gouveia ministra a palestra “O pai nosso dos poetas”, dedicada a Fernando Pessoa.
Na sexta-feira (30/5), será a vez de o ator e performer Luciano Luppi apresentar “Cenas poéticas”, também em homenagem a Pessoa.
Pianista Maria Tereza Madeira faz recital comentado sobre Ernesto Nazareth, nesta quarta-feira (28/5), no Centro Cultural Unimed-BH Minas Divulgação
O encerramento, no sábado, será marcado pelo show do coletivo montado especialmente para o festival, com Gilvan de Oliveira (violão), Mauro Rodrigues (flauta), Eneias Xavier (contrabaixo acústico), Cyrano Almeida (bateria), Luísa Mitre (piano), Guda Coelho (percussão) e Aline Calixto (voz), revisitando o legado de Dorival Caymmi e Tom Jobim.
“A gente não percebe o verdadeiro valor da palavra – seja falada, escrita, poética ou musicada. Nem a força que ela tem para construir ou para destruir”, afirma Carminha Guerra. “Esses mestres da palavra precisam ser lembrados, senão o tempo a, eles ficam esquecidos e as novas gerações perdem a chance de conhecê-los”, completa.
A escolha dos homenageados não foi aleatória. Ernesto Nazareth é lembrado pelos 90 anos de sua morte, em 2024, que aram quase despercebidos. O carioca foi um mestre na fusão entre o erudito e os ritmos populares, como polca, maxixe, lundu e choro.
Em novembro, completam-se 90 anos da morte de Fernando Pessoa. Referência da literatura mundial, os versos do autor português entrelaçam tradição e inovação, marcados por profundas reflexões filosóficas e existenciais.
“O Tom foi escolhido pelos 30 anos de sua morte. E Caymmi, porque era referência para ele”, explica Carminha Guerra. “Além disso, o mundo está precisando de poesia. Estamos carentes de beleza. A informática deixou tudo muito técnico”, acrescenta.
Embora o festival se destine a todas as idades, Carminha destaca um público em especial: os jovens. “Essa geração, na maioria das vezes, não conhece os mestres e precisa conhecê-los. Se quisermos preservar nossa cultura, é fundamental que as novas gerações se apropriem destas palavras e melodias, que são parte essencial da nossa identidade”, conclui.
20h: Recital comentado de Maria Teresa Madeira, sobre Ernesto Nazareth
QUINTA (29/5)
20h: Palestra “O pai nosso dos poetas”, de Maria de Lourdes Gouveia, sobre Fernando Pessoa
SEXTA (30/5)
20h: “Cenas poéticas”, com Luciano Luppi e poemas de Fernando Pessoa
SÁBADO (31/5)
20h: Show em homenagem a Tom Jobim e Dorival Caymmi, com vários artistas
FESTIVAL ARTE DA PALAVRA
Desta quarta-feira (28/5) até sábado (31/5), no Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos para cada apresentação: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), à venda na bilheteria e na plataforma Sympla. Informações: (31) 3516-1360.