Joanna completou 45 anos de carreira em 2024 – o marco inicial foi “Nascente” (1979), primeiro álbum dela. A comemoração, no entanto, ficou para este ano. Em 27 de janeiro, data do aniversário da cantora e compositora, estreou em São Paulo a turnê que faz escala em Belo Horizonte neste sábado (10/5), no Grande Teatro do Sesc Palladium.

A circulação ainda está começando; BH é a segunda cidade a receber o show, que seguirá para o Nordeste, Goiânia e várias capitais. O repertório é uma síntese do percurso de quatro décadas e meia da cantora, ao longo das quais lançou 23 álbuns, vendendo mais de 25 milhões de cópias.

Joanna explica que alguns fatores orientaram o roteiro. Há canções de maior alcance popular, como “Descaminhos”, “Recado”, “Amor bandido”, “Amanhã talvez”, “A padroeira”, “Um sonho a dois” e “Teu caso sou eu” – várias delas incluídas em trilhas de novelas entre as décadas de 1980 e 2000 –, mas pontua que seguiu o próprio gosto. “É preciso fazer o público feliz, mas também é importante fazer feliz o coração do artista”, ressalta.

Esta equação diz respeito, por exemplo, ao fato de a cantora ter reservado espaço generoso para composições próprias. Tais temas dividem espaço com autores que fizeram músicas românticas pensando na interpretação que lhes seria dada por Joanna.

“Meu lado compositora é bem forte neste espetáculo, são músicas que trago de forma renovada, porque estou com o projeto de gravar várias delas e relançá-las”, diz.

As releituras fazem parte do projeto “Joanna com elas”, que vai seguir paralelamente à turnê ao longo deste ano. A ideia é resgatar sucessos de sua trajetória, incluindo temas de outros autores.

Joanna vem fazendo duetos com vozes femininas da nova geração. É o caso de “A vida virou paixão” (Paulo Sérgio Valle e Augusto César), gravada com Kell Smith, e “Quando te vi” (Beto Guedes), com Roberta Campos.

 

Aos 68 anos, a artista aproveita o show comemorativo para prestar homenagens – a Milton Nascimento, por exemplo.

“Isso é uma coisa pouco divulgada, mas Milton e Fernando Brant fizeram 'Nos bailes da vida' especialmente para mim. Quando Milton morava no Rio, me encontrei com ele e amos uma tarde conversando sobre os caminhos de cada um, a luta inicial, as apresentações em bailes, algo que fazemos quase que por diletantismo. Daí ele compôs a música”, revela.

Gonzaguinha e novelas

O tributo a Gonzaguinha também é “muito forte” no show, ela adianta. Já músicas das trilhas de novelas fazem parte do inconsciente coletivo. “É um conjunto de momentos inesquecíveis da minha vida, um espetáculo leve, alegre e culturalmente muito rico, porque percorre desde o início da minha trajetória, quando tive a oportunidade de conhecer compositores importantes da MPB.”

Quando fala de momentos inesquecíveis, a artista alude tanto ao sucesso popular quanto ao que lhe trouxe prestígio de crítica e respeito dos colegas.

“Foram anos de muitas batalhas, mas de muitas vitórias também. Tentei me reinventar a cada trabalho, o que tem a ver com minha natureza inquieta de aquariana, sempre querendo dar novos os. Gravei com alguns dos maiores nomes da música brasileira e realizei pelo menos três grandes projetos que me trouxeram muita satisfação”, diz.

O trio reúne os álbuns “Joanna canta Lupicínio” (1994), “Joanna em samba-canção” (1997) e “Intimidad” (1998), em espanhol, que lhe abriu as portas do mercado internacional. “São trabalhos que me fizeram ter certeza de que sou formadora de opinião e preciso de responsabilidade ao dizer o que digo, porque a palavra cantada pode modificar mentes”, comenta.

Sarah Benchimol

A agenda de shows e outros compromissos acabaram por escantear o lado compositora de Joanna, mas ela está empenhada em retomá-lo, especialmente após o reencontro com Sarah Benchimol, sua parceira histórica.

“Estamos retomando a criação. Nunca esqueci esse meu lado, mas, às vezes, ele acaba ficando em segundo plano. A compositora veio antes da cantora, então tenho que deixar esta luz acesa dentro do coração”, ressalta.

Nas praças

Joanna também se dedica à série “MPB na praça”, com palco adaptado em um caminhão que percorre o interior do Rio de Janeiro.

“Em cada lugar por onde ar, quero convidar artistas locais para participar dos shows gratuitos. Vamos pedir apenas a doação de 1 kg de alimento não perecível. Começo por municípios do Rio. Se der certo, posso seguir com o projeto itinerante pelo resto do país”, finaliza.

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“JOANNA: 45 ANOS DE CARREIRA”

Show neste sábado (10/5), às 21h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Inteira: R$ 160 (plateia 2) e R$ 140 (plateia 3), com meia-entrada na forma da lei. Ingressos esgotados para plateia 1. À venda na plataforma Sympla.

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