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Mineira cria podcast distópico onde patriarcado vira item de museu

Feminismo e ficção se entrelaçam no podcast "Griô do Amanhã", que imagina um futuro sem o patriarcado

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Um futuro no qual o patriarcado é apenas uma lembrança do ado, exposto em museus e estudado como um erro da humanidade: esse é o cenário proposto por Griô do Amanhã, podcast afrofuturista recém-lançado, que une ficção, entrevistas e ativismo para provocar reflexões sobre o presente e inspirar mudanças concretas.

Criado por Aline Souza, jornalista mineira, natural de Montes Claros, especializada em causas sociais; Julia Cohen Ribeiro, cineasta afro-argentina, performer, investigadora e guia turística de historia afro; e Karla Martins, amazônida, produtora de audiovisual e cofundadora da Mídia Ninja, o projeto convida o público a imaginar um novo tempo, mais justo, feminista e em profunda conexão com a natureza.

A série sonora se a no ano de 2250 e mistura episódios ficcionais com entrevistas reais, totalizando dez capítulos. Na narrativa, acompanhamos Tiê e seus amigos em uma visita ao Museu do Patriarcado, conduzidos pela misteriosa Griô Moira.

No caminho, temas como justiça de gênero, crise climática, uso ético da tecnologia e solidariedade entre espécies são apresentados de forma lúdica e impactante. A iniciativa faz parte do "Tertúlias Ficção", programa de formação que une criadores e ativistas para explorar narrativas transformadoras.

A premissa parece distante, mas é cuidadosamente ancorada em dados reais e nas tensões sociais atuais - como o debate acalorado em torno do PL 1904/2024, que motivou a criação do projeto. 

Em entrevista ao Estado de Minas, a co-criadora Aline Souza conta sobre o nascimento do projeto: "No ano ado, nós (as três co-criadoras) estávamos participando de um curso que contava com pessoas de diversos lugares da América Latina, que tinha como intenção a notoriedade do impacto da ficção para a sociedade. Após alguns meses estudando essa ideia, houve a oportunidade de alguns projetos serem financiados, então o que começou de forma teórica, pôde se concretizar".

Jornalista Aline Souza
Jornalista Aline Souza Imagem

"A mentora do projeto trouxe a provocação de falarmos sobre esse tema (feminismo) sem cair na militância e ser mais do mesmo", diz. "Com essa ideia na cabeça, um dia eu sonhei com uma Griô (figura da África que tem, por vocação, a preservação e transmissão das narrativas, conhecimentos, canções e mitos do seu povo) contando histórias para crianças".

Desse modo, a história que as três mulheres queriam contar, surgiu de forma orgânica, bebendo da leveza do ficcional para abordar um tema profundo: "A América Latina possui uma visão muito conservadora sobre os direitos reprodutivos, e pensando nisso, queríamos algo que aproximasse as pessoas dessa realidade de forma original e que não fosse maçante". 

Além dos episódios de ficção, a série traz conversas com pensadoras e ativistas contemporâneas como Márcia Tiburi, Neidinha Suruí e Áurea Carolina. "A premissa do podcast é que o ouvinte imagine um futuro terrível - que é aquilo que pensamos atualmente -, para que depois ele imagine outra coisa. São 4 episódios de ficção com uma pegada de radionovela e outros 6 episódios de entrevistas, cada um com uma figura diferente", descreve Aline. 

Atores gravando os episódios ficcionais da série
Atores gravando os episódios ficcionais da série Imagem: Michele Gomes

Os conteúdos dialogam com os temas abordados na trama, ampliando a discussão e conectando as ideias do futuro às lutas atuais. O projeto também inclui um "Dicionário do Futuro", com termos ressignificados, e uma linha do tempo ficcional que traça os principais eventos desse novo mundo.

"Estamos voltados para uma visão muito catastrófica da vida, que surgiu de uma lógica hollywoodiana da existência, em que um monstro ou um cometa chegará destruindo tudo…Ficamos muito aprisionados a esse ponto de vista e paramos de criar ferramentas para imaginar um novo futuro, no entanto, nós precisamos começar a duvidar desse sistema ao invés de acreditar que não há mais nenhuma solução para o amanhã", alerta. 

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"Uma cadeira, um vaso de planta...tudo foi imaginado antes de ser criado. As pessoas precisam ser capazes de imaginar uma nova realidade em um outro mundo", finaliza.

Com produção da Griô Produções e apoio do Instituto Toriba e IRIS, o podcast foi lançado no final de março e está disponível no Spotify. Os episódios serão lançados ao longo de abril e maio, com ações de engajamento nas redes sociais. Segundo a jornalista, a primeira temporada foi feita deixando algumas pontas soltas, para ser desenvolvida em um segundo momento, com a intenção é que haja a possibilidade de dar continuidade a história. 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice

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