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Apostas on-line: 15% dos jogadores na América Latina se endividam ao jogar

A educadora financeira Aline Soaper aponta risco de vício e fala sobre as consequências econômicas e sociais das bets

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As apostas on-line deixaram de ser apenas um atempo para se tornarem um problema crescente na América Latina. Segundo o relatório "Consumer Pulse Latam 2025", da Bain & Company, 15% dos entrevistados em países como Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México e Peru afirmaram estar endividados ou já terem pedido dinheiro emprestado para jogar.

O dado alarmante acende um sinal de alerta para especialistas como a educadora financeira Aline Soaper, que há mais de 10 anos trabalha na área. Para ela, os jogos de aposta, popularizados como "bets", são altamente viciantes e têm levado muitas famílias à ruína.

"Inicialmente, as pessoas apostam de forma bem inocente, uma vez que muitas empresas oferecem bônus para jogar (como cupons de desconto, links etc). A partir disso, elas começam a jogar sem ser com o próprio dinheiro, mas precisam cadastrar algum cartão de crédito para continuar, e é aí que o problema começa: depois de conquistar um determinado valor, o jogador a a colocar a própria quantia na plataforma", disserta Aline.

"A sensação de recompensa gerada por essa conquista a faz buscar por mais e, quando fica endividada, continua apostando para tentar recuperar o valor. No início, é uma brincadeira, todos entram achando que vão ganhar. Inclusive, muitos endividados começam a jogar para tentar pagar essas dívidas", continua.

O Brasil lidera em gastos

Os brasileiros, segundo o levantamento, estão entre os mais impactados: 26% afirmam estar poupando menos para poder apostar; 24% reduziram gastos com bens não essenciais; 16% diminuíram o consumo de itens essenciais; e outros 16% já contraíram dívidas por conta das apostas. O Banco Central estima que, apenas no primeiro trimestre de 2025, cerca de R$ 30 bilhões por mês foram destinados a casas de apostas no país.

Aline explica que esse dinheiro poderia ser utilizado para momentos de lazer em família ou reservas financeiras, mas acaba gerando tensão doméstica. "O vício provoca atritos familiares, já que muitos jogadores gastam todas as economias. A melhor prevenção é não se envolver com esse tipo de jogo, pois é muito difícil manter um controle saudável" alerta.

As consequências do vício

Além dos impactos financeiros, as consequências sociais e emocionais são grandes. Muitos jogadores escondem o vício da família e só revelam quando já venderam bens ou estão profundamente endividados. O isolamento, a ansiedade e a depressão são comuns, especialmente entre aqueles que veem no jogo uma fuga de seus problemas.

 
 
 
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"Muitas pessoas que, por já estarem isoladas e deprimidas, acabam buscando nos jogos uma fuga, o que só agrava esses fatores. Aqueles que já possuem tendência à depressão não devem tentar buscar conforto nessa ação. Seria melhor elas buscarem algum esporte ou outra atividade como lazer", sugere.

Educação financeira como prevenção

A educadora ressalta que a falta de conhecimento financeiro é uma das causas da adesão ao jogo. "Primeiramente, é preciso entender que o jogo não é uma renda extra e nem uma forma de investimento. Isso é um princípio da educação financeira. Renda extra é trabalho: fazer hora extra, buscar um ofício, vender alguma coisa…", explica.

"Hoje existe uma grande confusão em relação ao investimento. As pessoas acreditam que, ao colocarem o dinheiro para investir, irão multiplicar o patrimônio em um curto período de tempo. Esse fator faz com que a sociedade pense que investir é menos benéfico que jogar, porque elas não entendem como os investimentos funcionam, então acabam migrando para esse espaço perigoso", pontua.

A economista recomenda que as pessoas encontrem formas saudáveis de lazer, como prática de esportes, leitura ou convívio familiar. "Se alguém já está envolvido, o ideal é desinstalar os aplicativos, evitar ter cartões vinculados e buscar apoio emocional. Em casos graves, procurar ajuda médica e orientação com um educador financeiro especializado", aconselha.

Ela também alerta para situações extremas em que famílias de baixa renda acabam utilizando até mesmo recursos como o Bolsa Família para apostar: "Já vi casos de pessoas que apostaram o dinheiro que deveria ser usado para fazer as compras básicas. O prejuízo vai além da conta bancária. Ele afeta a dignidade, a saúde mental e pode destruir famílias inteiras".

Atenção redobrada também para as mulheres

Embora o jogo seja frequentemente associado aos homens, a especialista destaca que as mulheres também têm se endividado com apostas. "É um problema de todos. Precisamos tirar o estigma e ampliar a conscientização". 

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A popularização das bets na América Latina traz uma realidade preocupante, com impactos profundos na vida financeira e emocional de milhares de pessoas. Aline Soaper finaliza com um conselho direto: "O melhor caminho é não começar. Mas, se já começou, busque apoio e não tente resolver jogando mais. Ninguém ganha a longo prazo apostando no azar".

*Estagiária sob supervisão da subeditora Celina Aquino

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