Durante a safra 2024/2025, as regiões Norte e Nordeste do Brasil continuaram a trajetória de crescimento na produção de cana-de-açúcar. Até a primeira quinzena de dezembro, o volume processado alcançou 39,97 milhões de toneladas, confirmando a importância do setor sucroenergético para estas regiões. Segundo a Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio), as usinas nordestinas foram responsáveis por 81,67% deste total, enquanto as da região Norte contribuíram com 18,31%.
Apesar do crescimento, a safra foi marcada pela ausência de chuvas regulares, afetando a projeção inicial de moagem, que foi ajustada de 63 para 62 milhões de toneladas. Ainda assim, a maior concentração de Açúcar Total Recuperável (ATR) possibilitou um aumento significativo na produção de açúcar e etanol, demonstrando a resiliência do setor diante das adversidades climáticas.
Como a Falta de Chuvas Impactou a Safra?
A ausência de chuva regular pode ser um desafio para a agricultura, mas, nesta safra, trouxe também um benefício inesperado: maior concentração de sacarose na cana-de-açúcar. Isso resultou em um aumento na quantidade de produtos finais, como açúcar e etanol. Até 15 de dezembro, a produção de açúcar cresceu 15,1%, atingindo 2,51 milhões de toneladas. Este incremento foi impulsionado pela alta sacarose presente nas plantas devido às condições climáticas atípicas.
Quais são os Desafios da Produção de Etanol?
A produção de etanol também apresentou resultados mistos. O etanol hidratado, usado diretamente como combustível em veículos flex, aumentou 26,9%, chegando a 1,02 bilhão de litros. Por outro lado, a produção de etanol anidro, que é misturado à gasolina, diminuiu 24,7%. Esta retração é atribuída à falta de competitividade frente à gasolina, um tema destacado por Renato Cunha, presidente da NovaBio. Ele afirma que regras mais favoráveis poderiam alavancar o mercado do etanol anidro, especialmente com novos níveis de mistura na gasolina previstos.
Quais Seriam os Impactos das Novas Regras para o Etanol?
Uma expansão do mercado interno do etanol anidro é considerada crucial. O aumento da mistura na gasolina de 27% para 30%, previsto para ocorrer até março de 2024, deve fortalecer esse segmento. Estima-se que tal mudança amplie o mercado em mais de 11%, promovendo uma gasolina mais sustentável sob o ponto de vista ambiental.
Distribuição da Produção por Estados no Norte e Nordeste
Até 15 de dezembro de 2024, a distribuição da produção de cana-de-açúcar por estados apresentou-se da seguinte forma:
- Amazonas: 0,36 milhões de toneladas
- Maranhão: 2,14 milhões de toneladas
- Pará: 1,32 milhões de toneladas
- Piauí: 1,12 milhões de toneladas
- Tocantins: 2,36 milhões de toneladas
- Alagoas: 10,68 milhões de toneladas
- Pernambuco: 8,68 milhões de toneladas
- Bahia: 4,59 milhões de toneladas
- Paraíba: 4,84 milhões de toneladas
- Rio Grande do Norte: 2,42 milhões de toneladas
- Sergipe: 1,40 milhões de toneladas

Com os estoques físicos de etanol superiores aos da safra 2023-2024, o setor sucroenergético do Norte e Nordeste do Brasil demonstra robustez e capacidade de adaptação frente aos desafios, ajustando-se a condições climáticas adversas e dinâmicas do mercado para garantir uma produção robusta e sustentável.