Nos últimos anos, a ciência tem investigado como fatores ambientais influenciam o envelhecimento humano. Um estudo publicado na Science Advances revelou que a exposição prolongada ao calor extremo pode acelerar o envelhecimento epigenético, um marcador biológico que indica a idade das células e tecidos.
A pesquisa analisou amostras de sangue de 3.686 adultos nos Estados Unidos, com idade média de 68 anos, entre 2010 e 2016. Os cientistas compararam esses dados com o histórico de calor extremo das regiões onde os participantes viviam e encontraram uma relação direta entre temperaturas elevadas e o avanço da idade epigenética.
Como o calor extremo impacta o envelhecimento celular?
A definição de calor extremo vai além da temperatura: a umidade também influencia a sensação térmica. O estudo considerou exposições a temperaturas classificadas como “perigo extremo”, que podem ultraar 51,1 ºC.
Os métodos de análise de DNA utilizados no estudo, como PhenoAge, PCGrimAge e DunedinPACE, revelaram que viver em áreas com alta incidência de calor extremo por períodos prolongados pode aumentar a idade epigenética dos indivíduos em até 2,48 anos. Esse envelhecimento acelerado pode elevar os riscos de doenças cardiovasculares, neurodegenerativas e outras condições associadas à mortalidade precoce.
Quais fatores influenciam a idade epigenética?
Além da exposição ao calor extremo, diversos fatores podem acelerar ou retardar o envelhecimento epigenético. Entre os principais estão:
- Alimentação: Uma dieta equilibrada, rica em antioxidantes e nutrientes, pode ajudar a retardar o envelhecimento celular.
- Exercício físico: A prática regular de atividades físicas melhora a saúde celular e reduz inflamações.
- Estresse: Altos níveis de estresse podem alterar padrões epigenéticos e acelerar o envelhecimento.
- Qualidade do sono: Dormir bem é essencial para a regeneração celular e a manutenção da saúde epigenética.
A inclusão do calor extremo nessa lista reforça como fatores ambientais podem influenciar diretamente a longevidade e a qualidade de vida.

Como políticas públicas podem ajudar a reduzir esses impactos?
Diante das evidências científicas, especialistas apontam que as descobertas desse estudo podem contribuir para a formulação de políticas públicas mais eficazes no combate aos efeitos das mudanças climáticas. Algumas possíveis ações incluem:
- Criação de espaços urbanos mais adaptados ao calor, como áreas verdes e infraestrutura para sombreamento.
- Campanhas de conscientização sobre os impactos do calor extremo na saúde.
- Investimentos em tecnologias sustentáveis, que reduzam as temperaturas urbanas e melhorem o conforto térmico da população.
O calor extremo como um novo desafio para a saúde pública
O estudo reforça que o calor extremo não é apenas um problema de desconforto, mas um fator de risco real para o envelhecimento precoce e o surgimento de doenças. Com as mudanças climáticas tornando ondas de calor mais frequentes e intensas, medidas preventivas serão fundamentais para proteger a saúde da população, especialmente dos idosos e grupos mais vulneráveis.
Essas novas descobertas abrem caminho para que governos e instituições de saúde adotem estratégias para minimizar os efeitos do calor extremo e garantir um envelhecimento mais saudável para as próximas gerações. Compreender e mitigar esses efeitos é crucial para promover uma vida mais saudável e longa.