A série “O Eternauta“, recentemente lançada pela Netflix, trouxe à tona uma das obras mais icônicas da ficção científica latino-americana. Baseada na graphic novel criada em 1957 por Héctor Germán Oesterheld e ilustrada por Francisco Solano López, a produção é protagonizada por Ricardo Darín no papel de Juan Salvo. A trama se desenrola em uma Buenos Aires devastada por uma nevasca mortal, misturando elementos de distopia, invasão alienígena e a luta pela sobrevivência.
Além de sua narrativa envolvente, “O Eternauta” ganhou destaque nas redes sociais devido à trágica história real de seu autor. Oesterheld, um dos mais renomados roteiristas de quadrinhos da Argentina, teve sua vida interrompida de forma brutal durante a ditadura militar argentina. A obra original é considerada um marco na literatura gráfica, não apenas pelo enredo, mas também pelo contexto histórico em que foi criada.
Qual é a trama de “O Eternauta”?
Em “O Eternauta”, a população de Buenos Aires enfrenta uma tempestade de neve tóxica que extermina todos que entram em contato com os flocos. O personagem central, Juan Salvo, tenta proteger sua família enquanto se une a outros sobreviventes para enfrentar uma ameaça ainda maior: a invasão de forças estrangeiras hostis. Com uma forte atmosfera de ficção científica, a série é a primeira adaptação audiovisual da obra original, mantendo a essência da crítica social presente na HQ.
Quem foi Héctor Germán Oesterheld?
Héctor Germán Oesterheld não era apenas um roteirista talentoso, mas também um militante político ativo contra a ditadura militar argentina nos anos 1970. Em 1977, ele foi sequestrado aos 58 anos e levado para centros de detenção clandestinos, onde continuou escrevendo mesmo sob tortura. No final de 1978, ele foi assassinado, e seu corpo nunca foi encontrado. A repressão não se limitou a ele; suas quatro filhas também foram sequestradas e assassinadas, tornando-se um símbolo da brutalidade do regime.
Por que “O Eternauta” é um símbolo de resistência?
O assassinato de Oesterheld e de seus familiares se tornou um dos símbolos mais violentos da repressão ocorrida na Argentina entre 1976 e 1983. Apesar disso, sua obra sobreviveu ao regime e ganhou reconhecimento internacional como exemplo de resistência por meio da arte. “O Eternauta” não é apenas uma história de ficção científica, mas também um testemunho da luta contra a opressão e a censura, refletindo a coragem de seu autor e sua família.
A primeira temporada de “O Eternauta” está disponível na Netflix, permitindo que novas gerações conheçam tanto a obra quanto a história de resistência que ela representa.