O consumo de refrigerantes está tão enraizado nos hábitos alimentares da população que muitas vezes a despercebido como um potencial fator de risco para doenças graves. Em uma de suas palestras recentes, o médico cardiologista e nutrólogo Dr. Lair Ribeiro fez um alerta contundente: o consumo excessivo de refrigerantes pode estar diretamente relacionado ao aumento de casos de câncer.
Segundo o especialista, a preocupação não se limita ao excesso de açúcar presente nessas bebidas, mas também a compostos químicos adicionados para conservar, realçar sabor e cor. Dr. Ribeiro reforça que o refrigerante não é apenas uma bebida inofensiva, mas um produto ultraprocessado com efeitos nocivos acumulativos, especialmente quando consumido regularmente.
Esse posicionamento encontra respaldo em evidências científicas robustas. Um estudo publicado pelo Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos mostrou que o consumo diário de bebidas açucaradas, como refrigerantes, está associado a um aumento significativo no risco de câncer de fígado. O estudo acompanhou mais de 90 mil mulheres ao longo de 20 anos, revelando que aquelas que ingeriam uma ou mais porções diárias de bebidas adoçadas tinham 85% mais chances de desenvolver câncer hepático em comparação com aquelas que não consumiam essas bebidas.
Como os compostos presentes nos refrigerantes podem favorecer o câncer
Entre os ingredientes preocupantes está o 4-metilimidazol (4-MEI), um subproduto químico presente em refrigerantes que utilizam corante caramelo IV. Estudos indicam que o 4-MEI pode ter efeito cancerígeno, principalmente em doses cumulativas ao longo do tempo. A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), vinculada à Organização Mundial da Saúde, já classificou substâncias similares como possivelmente cancerígenas para humanos, reforçando a necessidade de atenção para o consumo indiscriminado dessas bebidas.
Além disso, o Ministério da Saúde alerta para o excesso de açúcares e aditivos químicos nos refrigerantes, que favorecem inflamações crônicas no organismo — condição que pode facilitar o desenvolvimento de células cancerígenas. Esse cenário é agravado pelo consumo simultâneo de outros alimentos ultraprocessados, criando um ambiente no corpo propício ao desequilíbrio metabólico.
Refrigerantes e outros riscos para a saúde além do câncer
O impacto do refrigerante na saúde vai muito além do câncer. Dr. Lair Ribeiro destaca que o consumo frequente dessas bebidas está diretamente associado a doenças como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Esses efeitos são amplamente documentados por instituições de saúde como a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), que relacionam o alto consumo de açúcar ao aumento do risco de infartos e acidentes vasculares cerebrais.
A obesidade, por exemplo, é um fator de risco conhecido para diversos tipos de câncer, incluindo câncer de mama, esôfago, rim e intestino. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) destaca que alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, contribuem para o aumento do peso corporal e, consequentemente, para a incidência dessas doenças.
Estratégias práticas para reduzir o consumo de refrigerantes no dia a dia
Dr. Lair Ribeiro reforça que a mudança de hábitos é o caminho mais eficaz para prevenir doenças. Algumas estratégias práticas incluem:
- Substituir refrigerantes por opções saudáveis, como água com gás e limão, chás naturais sem açúcar ou sucos integrais.
- Rever os momentos de consumo, evitando o hábito de associar refrigerantes a todas as refeições.
- Educar crianças e adolescentes, público especialmente vulnerável, sobre os riscos à saúde relacionados a essas bebidas.
- Ler os rótulos com atenção, identificando a presença de aditivos como corantes, conservantes e o 4-MEI, além do teor de açúcares.
O Guia Alimentar para a População Brasileira, elaborado pelo Ministério da Saúde, recomenda que alimentos ultraprocessados sejam evitados sempre que possível, e que a alimentação seja baseada em alimentos in natura ou minimamente processados.
Quando o consumo ocasional é seguro e o que dizem os especialistas
Embora o consumo eventual de refrigerantes não seja suficiente para causar câncer ou outras doenças de forma isolada, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) alertam que o risco aumenta significativamente com a frequência e o volume consumido. O ideal, segundo Dr. Lair Ribeiro, é minimizar o consumo ao máximo possível, entendendo que não existe “quantidade segura” de refrigerantes para a saúde a longo prazo.