Você sabia que a escolha da pasta de dente pode impactar diretamente o cérebro do seu filho? Para a neurocientista Michele Salviano, esse cuidado vai muito além da estética ou da saúde bucal. Em vídeo publicado no Instagram, ela alerta sobre o impacto de substâncias presentes em cremes dentais — especialmente os infantis — no desenvolvimento neurológico.
Com linguagem clara e baseada em evidências, Michele chama atenção para o flúor e outros aditivos que, em excesso, podem representar um risco silencioso à saúde cerebral de crianças em fase de formação. O alerta não é sobre pânico, mas sobre consciência: entender o que está presente nos produtos que entram em contato com o corpo desde os primeiros anos de vida.
O que é o flúor e por que ele pode ser perigoso?
O flúor é um mineral amplamente utilizado em produtos de higiene bucal por sua capacidade de prevenir cáries. No entanto, segundo Michele Salviano, a exposição excessiva — principalmente na infância — pode ter efeitos neurotóxicos. Ela cita um estudo da Universidade de Harvard que associa altos níveis de flúor à redução do QI em crianças.
O cérebro infantil está em formação e é mais vulnerável a substâncias químicas. Quando o flúor é ingerido (o que é comum em crianças que ainda não sabem cuspir a pasta), pode se acumular no organismo, interferindo em processos neurológicos fundamentais, como fala, memória, raciocínio e aprendizagem.
Flúor em pequenas quantidades é seguro?
Sim, em quantidades controladas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece os benefícios do flúor para a saúde bucal, mas ressalta que o limite seguro deve ser respeitado. A ingestão acidental e contínua por crianças pequenas — principalmente por meio de cremes dentais altamente fluorados — pode ultraar esse limite.

Por isso, o ideal é usar pastas com concentração apropriada para a idade da criança (geralmente 500 ppm para menores de 6 anos, segundo a Associação Brasileira de Odontopediatria) e sempre com supervisão de um adulto.
E quanto aos corantes e o triclosan?
Além do flúor, Michele também chama atenção para o uso de corantes artificiais e triclosan em pastas infantis. O triclosan é um agente antibacteriano proibido em diversos países, como nos Estados Unidos e na União Europeia, devido aos seus efeitos no sistema endócrino.
O uso prolongado dessa substância está associado a alterações hormonais, risco de hipotireoidismo e até prejuízos à fertilidade. Crianças expostas cronicamente podem desenvolver sintomas que só se manifestam anos depois, tornando o diagnóstico e o tratamento mais difíceis.
Existe alternativa segura?
Sim. O mercado já oferece opções de cremes dentais infantis livres de flúor, corantes e conservantes agressivos, voltadas para bebês e crianças em fase de desenvolvimento. O mais importante, segundo Michele Salviano, é que os pais:
- Leiam os rótulos dos produtos
- Usem quantidade mínima de pasta (tamanho de um grão de arroz para bebês)
- Ensinem a criança a cuspir desde cedo
- Consultem dentistas especializados em odontopediatria
Esses cuidados simples podem reduzir a exposição a substâncias tóxicas e proteger o desenvolvimento cerebral e hormonal das crianças.
O que dizem os órgãos oficiais de saúde?
- OMS – Organização Mundial da Saúde: recomenda o uso racional do flúor e alerta para os riscos da exposição em excesso.
- FDA (EUA): baniu o uso de triclosan em produtos de higiene em 2016, incluindo cremes dentais.
- Sociedade Brasileira de Pediatria e de Odontopediatria: orientam sobre o uso seguro do flúor e produtos apropriados à idade.
A escolha consciente de produtos infantis é uma atitude de prevenção e responsabilidade, especialmente na primeira infância, fase crítica para o desenvolvimento cerebral.
O que os pais devem considerar ao escolher a pasta infantil?
Michele reforça que o cérebro da criança está em formação intensa, e qualquer substância absorvida nessa fase pode interferir para sempre na forma como ela pensa, sente e aprende. O ideal é evitar produtos com excesso de flúor, triclosan e corantes artificiais — elementos que não contribuem em nada para a limpeza, mas oferecem riscos potenciais.
É importante lembrar que os efeitos colaterais não são imediatos. Eles podem surgir anos depois, tornando-se difíceis de associar à causa original. Por isso, a orientação é clara: menos é mais, principalmente quando falamos do cérebro em desenvolvimento.