Renata Dayrell, Marília e Andrea Dayrell crédito: Arquivo pessoal
Quem consegue descrever o amor de mãe? As mães não conseguem, simplesmente falam “é indescritível”, “virou uma chave”, “minha vida mudou”. Se tentarmos explicar podemos dizer que é um sentimento único, que só as mães possuem, amor incondicional, profundo e inexplicável. Mãe protege, ampara, cuida, educa, preocupa. Mãe faz o possível e o impossível pelos filhos e ainda sente culpa. E mesmo fazendo tudo e tanto, é a mãe que se torna o objeto de terapia dos filhos. E os filhos só entendem as mães depois que se tornam pais.
Bruna Mendonça e Pedro
Thais Brait
Curtindo cada momento
Renata Dayrell é jornalista, profissão que exerceu por muitos anos, mas na pandemia teve um choque de realidade, percebeu que não estava feliz e decidiu fazer veterinária – outra paixão –, e começou um curso à distância, que conclui em junho.
Com 40 anos, queria muito ser mãe e ficou extremamente feliz quando descobriu que estava grávida. “Foi uma emoção indescritível, porque foi muito desejado”, conta. Sempre achou que seria mãe de mulher, mas, quando engravidou tinha certeza que era homem. “Falava que queria menina sem motivo, e quando engravidei senti que era menino, sem explicação. E ser mãe de menino combina mais comigo”. O pai, Sérgio Carneiro, engenheiro de automação, mas um artista oculto – canta muito bem – também ficou superfeliz.
Renata ou muito bem no início da gestação, porém no final teve pressão alta, não chegou a ter pré-eclampsia, mas a indicação foi de cesariana. “Por isso tudo foi muito programado. Na hora, as pessoas estavam assistindo da janela e eu não conseguia ver nada e o Sérgio narrava tudo para mim. Mas eu queria pegar meu filho na mesma hora, e tive que esperar eles colocarem ele no meu colo. Não tenho adjetivo para descrever o que senti. Na hora que nasce, que encosta na gente é muito diferente. Vi que era ele que faltava, e todo o amor vem de uma vez só. É uma guinada, vira uma chave”, relembra.
Guilherme é muito bonzinho, só chora quando está com fome, mas sempre tem fome. Renata optou em não ter baba, porque todas as amigas diziam que essa fase a muito rápido, e ela quer estar presente em todos os momentos. “Algumas noites são muito cansativas, mas sei que se ele está chorando é porque precisa de mim. Quando perco a paciência, respiro fundo e acalmo, chego sorrindo e ele começa a rir também. Precisamos ar calma e tranquilidade e por mais que seja cansativo vale a pena cada minuto. Cada vez que vem o desespero sei que a rápido, e já tenho saudade de cada momento que ou e das coisas que ele não faz mais. Quero ser uma mãe que faz o filho ar vergonha. Não serei superprotetora, a criança precisa aprender com os próprios erros, mas vergonha ele vai ar”.
A gestação aos 40 anos não preocupou a Renata, mas sim a diferença de idade entre ela e o filho, porque sua mãe é muito jovem, e ela quer ter essa jovialidade para acompanhá-lo nas atividades. A escolha do nome foi difícil. Ela e o marido escreveram nomes e significados em post it e pregaram em uma das portas do apartamento, e todo dia tiravam um nome. Ficaram dois Guilherme e Pedro, um dos papeis caiu sozinho e ela torceu para o Guilherme ter ficado. Deu certo.
Amanda Rohlfs oliveira, grávida de Elói, com as filhas Elisa, Beatriz e Giovana
Natália Melo
Desejado, mas antes da hora
Casada há 3 anos, Beatriz Damasceno e Bruno Mendes se conheceram na 5ª série e aram a vida se gostando. Primeiro foi ela, depois ele. Quando ela tinha 13 anos Bruno pediu permissão ao pai de Bia para namorá-la. Pedido negado, vida que segue. Só quando chegaram aos 18 anos começaram a namorar de verdade e se casaram depois de nove anos de namoro. Ela é professora particular, ele advogado.
A gravidez foi um presente. Diagnosticada com endometriose profunda e grande dificuldade para engravidar, ambos decidiram não evitar, já que a previsão era de longa demora. Em quatro meses engravidou. “Quando Deus quer, vem”, diz Bia.
A gravidez foi tranquila, sem nenhuma intercorrência. Fez atividade física até a 36ª semana, mas a cabecinha estava a mil, preocupada em como organizar a vida profissional, arrumar o quarto, quem vai ajudar com o bebê para ela trabalhar. Afinal, esperavam uma demora maior pela gravidez e tiveram que recalcular a rota mais cedo. Mesmo assi, o marido ficou superfeliz. “Foi um mix de susto, alívio e felicidade”. Antônio está com cinco meses, e as famílias paparicam muito o pequeno.
Bia conta que queria muito o parto normal, mas não era bitolada. “Foi muito tranquilo, o trabalho de parto demorou um pouco, foram três dias de contrações e então fui para o hospital e ele nasceu em quatro horas. Sem anestesia, precisou de ocitocina. Só tomei anestesia local para dar pontos porque ele nasceu muito grande, com 3.800 kg e 51cm”, relembra.
O mix de sentimentos tomou conta da nova mamãe que estava anestesiada da dor, exausta de parir, e com a emoção de ver aquele que ela gestou por nove meses. Bia teve dificuldade de amamentação. “Ele não pegava o peito direito e tinha muita fome. E chorava muito. ava muito tempo lutando para mamar, ficava exausto, dormia e acordava com fome. Foi muito desafiador. Fiz consultoria de amamentação e graças a Deus ele mama até hoje. A maior vitória foi conseguir amamentar. O peito estava pronto para ele e ele não conseguia, não tive fisura, não machuquei hora nenhuma. Foram dez dias lutando. Quando vencemos a amamentação não teve crise de cólica. Depois foi o sono. Acorda muito, de três a quatro vezes por noite. Tenho uma babá que ajuda muito e também uma pessoa que ajuda em casa, alguns dias. Fica mais viável.”
Bia sabia que voltaria a trabalhar, e deixar o filho nesses momentos é um mix de sentimentos. “Não quero, mas tenho que fazer. Fico com o coração partido, mas a saúde mental é importante. Sempre soube que voltaria a trabalhar e queria voltas, adaptei meu coração para isso. Isso faz parte e aceitei muito bem. E ele fica muito bem. Minha rede de apoio muito boa e de confiança.”
O casal quer mais filhos e coladinhos para crescerem juntos.
Beatriz Damasceno e AntÃŽnio
Mateus Lopes
Família grande
Amanda Rohlfs, 35 anos e Eloi Vasconcelos Oliveira, 40, sempre quiseram ter três filhos, espelho da família de ambos. E a primeira filha veio quando Amanda tinha 26 anos, planejada. “Queria muito. Cresci em família grande rodeada de muitos primos, com distância de meses entre nós. É uma memória muito poética, muito linda, de momentos no sítio da miha avó e convivência muito grande” conta Amanda.
Em uma conversa com o marido, contou sobre essa convivência com os primos, e como o cunhado Breno tinha acabado de ter o primeiro filho, falou do desejo de seus filhos terem primos da mesma idade para que fossem próximos. Não imaginava engravidar tão rápido, porque as amigas sempre falavam da demora para engravidar. Ficaram muito felizes.
“A primeira experiência foi com muita expectativa. Não tive enjoos, trabalhei toda a gravidez. Tirei foto mês a mês. Coisa que a gente faz no primeiro filho. Curtindo cada momento. Lembro quando começou a mexer era como um peixinho fisgando no anzol”, relembra.
Estava em uma festa de família, toda arrumada, usando salto alto e irmã perguntou se ela queria que a Giovana nascesse naquele dia. Não deu outra, depois do churrasco a bolsa estourou, foram para o hospital e a bebê nasceu às 5h30 da manhã. Parto normal. “Sentimos a maternidade não só através dos movimentos da barriga – sentimos os movimentos, soluço pezinho –, mas a concretude da maternidade aconteceu quando vi a Giovana pela primeira vez e a peguei no colo. Foi transformador”.
A segunda filha, Beatriz, também foi programada. O casal queria filhos próximos um do outro para ter amizade entre irmãos, já que tanto Amanda quanto Elói foram privilegiados com irmãos próximos e amigos a vida toda. Queriam repetir isso também. Entre Gigi e Beatriz ela teve um aborto espontâneo, e apesar de o médico ter pedido um tempinho de espera, eles viajaram com Gigi para a Diney e Amanda voltou grávida, um mês depois.
“Foi uma grande alegria ter duas meninas, são grandes amigas”. Elisa também foi planejada, mais uma vez tendo a família como espelho – ambas são de três filhos. “Engravidei de segunda tentativa. Muitos esperando homem, mas veio mais uma mulher, a cerejinha do bolo”.
O quarto filho – coisa rara nas famílias atuais –, veio de surpresa, e que surpresa. O marido tinha feito vazectomia, mas não tinha retornado ao médico para o exame final e quando assustaram Amanda estava grávida. “Eloizinho foi planejado por Deus, que nos trouxe essa bênção. Nós planejamos encerrar nossa produção, Ele nos surpeendeu. Dez meses depois da vasectomia ele foi concebido. Lançamos mão da nossa liberdade de escolha, mas Deus fez o que quis. Foi um grande susto no início. Deus gerou em nós a consciência que estamos no controle do Senhor. Tentamos colocar nosso controle, mas é Ele que controla e planeja e os planos dele não são frustrados e se concretizam de qualquer forma. Essa consciência veio, é graça, Ele que abre o ventre, já entregamos nossas vidas e é Ele que cuida. Foi lindo ver a alegria das meninas com a notícia”.
“Foi lindo enxergar o cuidado de Deus em situações cotidianas. Já tínhamos programado uma mudança de residência há três anos. Tudo isso foi cuidado de dele, lá atrás, sua condução para um lugar maior que comportasse a família toda com conforto. Tivemos surpresa, mas já estava tudo encaminhado para isso.
Quando soubemos que era menino, tivemos certeza que Deus quis nos surpreender ainda mais, com uma novidade, mais um elemento surpresa, dentro da surpresa”, diz Amanda. Eloizinho nasce até a primeira semana de junho.
Apoio familiar
Bruna Mendonça, 35 anos, casada há 5 anos com Pedro Henrique Salles, demorou muito para engravidar. Ambos queriam ser pais, e, apesar de não terem nenhum problema, a gravidez não vinha, mesmo tendo feito tradamento para ovulação. Segundo Bruna, nada é por acaso. O casal estava morando em ville por causa do trabalho de Pedro Henrique, e depois de um ano tentando engravidar ele recebeu uma proposta para retornar para Belo Horizonte.
“Sempre fui muito grudada na minha família, e tinha receio de ter o bebe longe de todos. Acho que isso estava impedindo que eu engravidasse. A notícia do retorno me relaxou, foquei na mudança. Mudamos em 20 de novembro e descobri que estava grávida no dia do Natal”, conta Bruna, que ficou muito feliz e ao mesmo tempo cética com o exame de farmácia, e, no mesmo dia, foi fazer o exame de sangue. “Era meu sonho ter meu filho perto de todo mundo. Foi um misto de sentimentos, muita alegria, achei que estava sonhando.”
Pedrinho nasceu com 18 semanas e um dia de gestação. Em uma manhã de sábado, Bruna acordou com uma leve dorzinha, achou que não era nada demais. O marido foi para a stock car. A meio dia vieram mais contrações. Os pais ficaram com ela. A noite foi longa, com presença de enfermeira, para medir dilatação e da doula. Só foram para o hospital com estava com 7cm de dilatação. Foi parto normal, mas no banquinho, com a médica no chão. O bebê nasceu às 8h13 da manhã.
Perguntada sobre a Doula, Bruna diz que tinha certo preconceito, mas fazia parte do pacote da médica, e que pagou língua porque foi muito importante no processo. “Fazia massagem nas costas, porque senti muita dor, me ajudou no banho, fez escalda pés para relaxar. Todo o processo de preparação e da hora do parto ela me ajudou muito, me surpreendi.”
Bruna não consegue descrever o que sentiu quando viu seu filho pela primeira vez. “Estava em outra dimensão. Olhava e não acreditava que tinha saído de mim. Era muito amor. Virou a chave, minha vida mudou. Meu Deus, como que esse ser indefeso saiu de dentro de mim. Só conseguia olhar e ver que tinha dado conta.”
A amamentação foi desafiadora nos dois primeiros meses porque ela sentiu muita dor. Pedrinho perdeu muito peso, e teve que se alimentar de 2 em 2 horas. Bruna dava o peito e completava na colher, porque o bebê teve dificuldade de sugar. “Tive consultora de amamentação, mesmo assim foi difícil, com muita privação de sono. Tinha vez que dava mama chorando de dor, mas sabia que ia ar. Depois foi melhorando. Ele está com 8 e amamento até hoje. A cada dia vou descobrindo essa relação mãe e filho, as necessidades dele. Nasce uma mãe, nasce a culpa. O que eu comi que pode estar fazendo mal? Depois de quatro meses foi tudo melhor.”
Pedro Henrique já está na cola querendo outro filho, mas Bruna esperar mais um pouco, mas não muito, pelo visto, em breve chega mais um.