Cadela morta a tesourada era apoio emocional de criança que perdeu a mãe
Segundo a tutora da cadela, a enteada ficou sabendo da morte de Zoe nessa quarta-feira (26/2) e não se conforma com a perda
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Siga noA cadela Zoe, de 3 anos, morta a tesouradas durante um banho em um pet shop no Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul de BH, era apoio emocional de uma criança, de 11. A menina é enteada da tutora do animal, a dentista Flávia Corradi.
“Ela perdeu a mãe de maneira trágica, e a cachorrinha era a vida dessa criança. Ela descobriu ontem (26/2), até então não sabia. Ela me perguntou várias vezes porque ele (o suposto agressor) fez isso”, conta a tutora.
Ao Estado de Minas, a tutora conta que levou a cadela para um banho e tosa na última quinta-feira (20/2) de manhã. Cerca de quatro horas depois, ligou para o estabelecimento para saber se o serviço já havia terminado. “Me mandaram uma mensagem pedindo que comparecesse ao pet shop porque a cadela estaria ando mal.”
Ela disse que, quando chegou, viu Zoe ensanguentada. “Estava visivelmente desfalecida, sem movimentação, entrando em estado de coma”, relata.
A tutora perguntou o que havia acontecido, e os responsáveis responderam que não sabiam. Apenas informaram que ela tinha um corte na cabeça, mas sem saber o que teria acontecido. “Achavam que ela tinha encostado a cabeça em uma tesoura. Perguntei se houve queda ou caiu alguma coisa na cabecinha dela. O tosador falou que não tinha acontecido nada, e o restante (da equipe) não sabia”, afirma.
Politraumatismo
A tutora conta que pegou a cadela e a levou para uma clínica. “Ela já foi levada direto para a UTI. Me questionaram o que tinha acontecido com ela, que tinha um corte e um ponto na cabeça. Ela tinha suspeita de politraumatismo. A veterinária do pet shop, que acompanhou a gente até o hospital, foi obrigada a assumir que tinha dado o ponto porque o corte sangrou muito. O ponto seria para estancar (o sangramento).”
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O estado do animal era crítico, segundo a tutora. Foi feito um raio-X, que mostrou múltiplas fraturas. “No dia seguinte, ela faleceu.”
Flávia disse que retornou ao pet shop e pediu para ver as imagens de câmeras internas. “O dono não forneceu as imagens na hora, apenas mostrou algumas, porém eram imagens cortadas. Não mostrava nada.”
Segundo ela, o tosador, que seria o responsável pelas agressões, foi embora para a casa normalmente.
No sábado (22/2), o dono do pet shop ligou para a tutora pedindo um encontro para mostrar as imagens. “Disse que tinha achado as imagens e que realmente caracterizavam agressão. Ele apenas me mostrou do celular dele, mas não me forneceu as imagens.”
No entanto, o tosador não pode ser preso em flagrante porque, no fim de semana, a delegacia não funciona. “Na segunda-feira (24/2), fomos até lá fazer a denúncia. Já tínhamos feito boletim de ocorrência no sábado. O dono forneceu as imagens para a delegacia, que ficaram com o delegado.”
De acordo com ela, no mesmo dia, após ver as imagens, os policiais foram atrás do suspeito, mas não o encontraram.
Possíveis outras agressões
A família contratou uma patologista para fazer a necropsia, que constatou múltiplas fraturas na cabeça da cadela.
A tutora tinha o costume de levar Zoe ao pet shop. Mas, no dia do fato, segundo ela, a cadelinha não queria ficar no local. “Ela não queria ficar de jeito nenhum, tremia muito, fiquei sem entender. Mas ele já deveria ter agredido ela antes. Achamos, depois, vários comentários na página do pet shop de maus-tratos. Várias pessoas diziam nos comentários que tinham percebido que os cachorrinhos voltavam assustados e que pararam de levar lá.”
Ela espera conseguir outras imagens das câmeras internas do local para comprovar essas denúncias. Ao mesmo tempo, teme que não aconteça nada com o suspeito de ter agredido Zoe. “A gente sabe que a pena é baixa, a Justiça é muito difícil no Brasil. O cara mata a cachorra, paga uma cesta básica e fica solto. É uma vida, ele tirou uma vida.”
Em nota, o pet shop lamentou o episódio “inaceitável” ocorrido na empresa e afirmou que, em sete anos de atuação, sempre priorizou o respeito, o carinho e a segurança dos animais, de forma a garantir que cada pet recebido fosse tratado com o cuidado que merece.
“Infelizmente, ao analisarmos as imagens de segurança, identificamos que um colaborador teve uma conduta cruel e inissível contra uma cachorrinha sob seus cuidados, o que resultou em ferimentos que, mesmo com todos os esforços veterinários, levaram à sua perda. Assim que tivemos ciência do ocorrido, tomamos as providências cabíveis: o funcionário foi demitido por justa causa e imediatamente denunciado às autoridades competentes”, disse em nota.
O estabelecimento ainda informou que, diante do impacto emocional e profissional causado pelo episódio, os responsáveis decidiram encerrar as operações do pet shop. "Esse episódio nos atingiu profundamente e nos fez repensar a continuidade de nossas atividades. Embora seja doloroso dar fim a um projeto construído com tanto amor e dedicação, acreditamos que essa é a atitude mais coerente neste momento."
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Investigação
Em nota, a Polícia Civil informou que instaurou procedimento investigatório para apurar o possível crime de maus-tratos a animais praticado por um homem, de 26 anos, funcionário do pet shop. "A investigação encontra-se em andamento a cargo da Delegacia Especializada em Investigação de Crimes Contra a Fauna (DEMA), com a realização de oitivas e demais diligências necessárias à elucidação dos fatos."