Abalô-caxi mostra que verde e amarelo também representa minorias
Milhares de foliões lotaram o Centro de BH neste domingo (2/3) para o desfile do Abalô-caxi, bloco que celebrou a diversidade ao som da Tropicália
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Siga noNum dos blocos com maior concentração de leques do carnaval belo-horizontino, milhares de foliões fizeram parte da festa e acompanharam os es e batuques promovidos pelo Abalô-caxi na manhã deste domingo (2/3).
O cortejo desceu a Avenida Amazonas e coloriu o Centro da capital, deixando um arco-íris marcado de inclusão e promoção de todos os gêneros e sexualidades que é a bandeira histórica do bloco.
Na folia deste ano, o bloco contou com 170 pessoas na bateria e outras 10 na banda em cima do trio. À frente da carreta, 15 dançarinos completavam o espetáculo. Logo no começo do desfile, o bloco promoveu uma apresentação de dança com pessoas dos mais múltiplos tipos de corpos e dos mais diversos espectros da comunidade LGBTQIAPN+.
Nesse cenário multicolorido, uma cor que se destaca é o verde e amarelo e não é sem razão. O Abalô-caxi surgiu inspirado na estética da Tropicália, movimento artístico dos anos 1960 que usava as cores da bandeira brasileira para criar uma identidade nacional mesclada com elementos de cultura estrangeira.
A inclusão defendida pelo bloco não se limita ao discurso. Na frente do trio, duas intérpretes de libras se revezavam para fazer a tradução do espetáculo. Uma delas, Marina Evaristo, de 34, relata que ser intérprete é um trabalho desafiador, pois eventos do tipo exigem que seja feita interpretação das músicas, que, por sua vez, são carregadas de emoção. “É um trabalho importante. A ibilidade também garante o direito á cultura para as pessoas surdas”, defende.
Para o folião Marcos Vinicius, de 28, que curtiu a festa colado no trio, o desfile foi, nas suas palavras, “maravilhoso”, e com a coreografia bem ensaiada. Sobre as bandeiras do Abalô-caxi, deixou claro que blocos com temática do tipo são fundamentais no carnaval. “É muito importante. Tem que ser sem preconceito, lutando pelo amor e pela paz”, disse.
Curtindo o bloco pela primeira vez, Marcos conta que vai voltar ano que vem com toda certeza. “Carnaval de BH é bom demais, tem jeito não”, disse o folião.
E, por mais um ano, o bloco mostrou que o Brasil também pertence às minorias. Essa defesa está expressa no tema do desfile deste ano, intitulado “Sulear: arco-íris tropical”.
Presente no cortejo, a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) destacou a importância do bloco no cenário político e social do país. “É um bloco fundamental para o país trazer a diversidade, mostrar a importância da diversidade e a marca LGBT nesse momento em que o mundo todo, através da ultradireita, está querendo perseguir os direitos da comunidade LGBT. Espaços como esse, manifestações como essas, são fundamentais. Aqui é mais do que um ato de carnaval, é um grito de resistência de BH para o mundo, de que nós, LGBT, temos que ser respeitados.”
Outra autoridade política que esteve presente no bloco foi a vereadora Jhulia Santos (Psol), segunda mulher trans eleita na história da Câmara de Belo Horizonte. A vereadora, inclusive, foi convidada para carregar o estandarte que anuncia o bloco.
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O manifesto do bloco reforça esse compromisso. “É a prova de que o centro do mundo é onde decidimos estar – e nós escolhemos estar aqui, juntos, brilhando com toda a potência das nossas cores”, diz um trecho do texto.