A imposição das cinzas como símbolo de arrependimento na Quarta de Cinzas
Missa de Quarta-feira de Cinzas é celebrada hoje (5/3), no Santuário Arquidiocesano São José, no Centro de Belo Horizonte
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Siga noNesta Quarta-feira de Cinzas (5/3), fieis de Belo Horizonte celebram a fé e lotam o Santuário Arquidiocesano São José, no Centro da cidade. As celebrações do dia têm o ritual da imposição das cinzas, marcando o início da Quaresma.
Nesse ritual, os fieis recebem as cinzas em formato de cruz na testa ou na cabeça, sob os dizeres “Lembra-te que és pó e que ao pó voltarás” do celebrante. Conforme o padre Queimado, reitor da Paróquia São José, é a representação da conversão e preparação para outro momento do calendário católico.
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“Hoje nós celebramos a Abertura da Quaresma, uma palavra que cita aqui exatamente o quadragésimo dia, período que nos preparamos para a grande festa da Páscoa”, explicou. “Não é um dia que a gente pensa na importância de si mesmo, mas que nos leva a um lugar, que é a Páscoa”, completou o reitor.
Para Zulma Maria, aposentada de 74 anos, este dia é um dos momentos mais marcantes do ano católico. “Quarta-feira é o dia mais importante pra mim, depois a Quaresma toda também é”, contou.
“Fui criada no interior, então esses quarenta dias todos são muito fortes”, contou, enquanto esperava ainda a abertura dos portões, que ocorreu às 6h30. “Se fosse algum bloco de Carnaval, aqui estaria cheio!”, comentou, em meio a algumas pessoas que aguardavam entrar no templo.
O simbolismo da imposição das cinzas marca o início do período quaresmal de 40 dias no calendário litúrgico em que os fieis são convidados a refletir e evoluir espiritualmente, segundo a fé católica. Segundo o padre Queimado, a imposição das cinzas representa uma não distinção de pessoas: no fim, todos viram pó.
“As cinzas lembram que nós somos este pó, e o pó retornaremos. Impomos essas cinzas na cabeça das pessoas para dizer que não há distinção de pessoas. Em qualquer forma, em qualquer lugar, todas as pessoas são convidadas para o arrependimento e para esta conversão de vida”, explica.
“Nós nos abrimos, como hoje o profeta Joel diz, e rasgamos de verdade o nosso coração, não só as vestes”, completou o padre.
É o que pensa Geraldo Alves, aposentado, de 77, que veio de Jequitinhonha assistir à celebração. Para ele, receber as cinzas é o início de um período de esforços. “Agora que recebi as cinzas, comecei a minha Quaresma, que é o momento que a gente faz jejum, reza e respeita tudo o que Jesus ensinou”, comentou o fiel.
Já para Edna Maria da Silva, empregada doméstica, de 47, as cinzas são sagradas. Ela, que foi à missa antes do trabalho, explicou que as cinzas vêm de outro ritual da Igreja Católica. “Essas cinzas são os ramos do Domingo de Ramos. São abençoadas e viram cinzas. Depois a gente não pode tirar não! Só no banho ao final do dia. É sagrado”, contou a fiel.
Luto do “pecado da carne”
Para a fiel Edna, é perigoso assistir à missa sem o reconhecimento de pecados. “Receber as cinzas é como se a pessoa abrisse mão do pecado. Mas, se ela vier do Carnaval direto receber as cinzas, ela tá pecando duas vezes! Tem que se confessar antes!”, explicou, conforme sua fé.
Porém, segundo o padre Queimado, não é tão rígido assim. ”O Carnaval, na realidade, é uma festa um pouco mais nova, digamos assim, cristianizada também, depois que tomou os rumos que hoje é totalmente distinto do que o cristianismo pensava. A carne é do mundo, saiu tudo da carne para voltar a ser deles. A igreja colocou exatamente neste momento para lembrar as pessoas que precisam retornar para Deus, precisamos voltar com o coração sincero" contou o padre.
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“A imensidão do amor d’Ele é incomparável, nós não podemos nem medir o tamanho e o amor de Deus. Por isso, ele espera que os seus filhos que participaram no Carnaval, venham ao encontro d’Ele. Não é curtir o Carnaval tenha sido pecado, mas que agora é o momento de nos concentrarmos”, finalizou.
Nesta Quarta-feira de Cinzas, as missas são celebradas no Santuário São José nos horários de 7h, 8h, 10h, 12h e 18h. No local, também serão realizados dois mutirões de confissões, às 15h e 17h. O endereço é Rua dos Tupis, número 164, no Centro de Belo Horizonte.
Abertura da Campanha da Fraternidade na Arquidiocese de Belo Horizonte
Nesta quarta, o arcebispo Dom Walmor Oliveira de Azevedo preside a Santa Missa com imposição das Cinzas, às 19h, na Catedral Metropolitana Cristo Rei, localizada na Avenida Cristiano Machado, no número 11.910, na altura do bairro Juliana.
Segundo a Arquidiocese de Belo Horizonte, a celebração tem um significado especial porque também é a abertura da Campanha da Fraternidade 2025, que tem como tema “Fraternidade e Ecologia Integral”, e lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).
Neste ano, a escolha do tema foi motivada por cinco motivos diferentes, mas similares na fé católica. Conforme a Arquidiocese, o tema com ecologia foi inspirado pelos 800 anos da composição do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis; e pelos dez anos de publicação da Carta Encíclica Laudato Si’.
Outras motivações para o tema são a recente publicação da Exortação Apostólica Laudate Deum; pelos dez anos de criação da Rede Eclesial PanAmazônica (Repam), além da realização da COP 30, em Belém (PA), durante o mês de novembro de 2025.