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PROTESTO

Moradores de Macacos vão se manifestar nesta quarta-feira (26/3)

Portão em estrada que dá o à cachoeira limita o de moradores e turistas. Dono diz que estrutura é para tentar controlar o lixo deixado no local

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Moradores do distrito de São Sebastião das Águas Claras, mais conhecido como Macacos, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, vão realizar um protesto nesta quarta-feira (26/3) contra a instalação de um portão e um muro de arrimo, feita por um dono de pousada, em uma estrada que dá o à Cachoeira do Morumbé. Os manifestantes vão se concentrar em frente à igreja central, às 16h, e seguem até a entrada do portão.


Os moradores alegam que o portão tem prejudicado o trajeto dos locais e turistas que desejam ir à cachoeira. Segundo o presidente da Associação Comunitária de Macacos, Marcelo Bonfanti, o caminho existe há mais de 50 anos e é usado diariamente, em especial por habitantes de Mendes, uma das regiões do distrito.


Bonfanti conta que no período entre dezembro e janeiro deste ano, cerca de 100 moradores ficaram ilhados, episódio comum no distrito. No caso, devido às fortes chuvas, árvores caíram e pessoas que estavam em Mendes ficaram sem saída por causa do portão, localizado em uma das principais vias de fuga em situações como essa.

Luiza Fonseca viu tudo da janela de casa. Ela mora na Estrada do Engenho, próximo de onde aconteceu. Além disso, ela acompanhou o desespero das pessoas afetadas pelo celular, através de grupos que participa em comum com outros residentes de Macacos.

Outro morador é Danielson Gomes, que reside no distrito desde 1998. Atualmente, ele mora em Mendes. Em relação ao ocorrido, ele diz: "Por sorte não estava em Macacos quando aconteceu, mas no carnaval eu estava e aconteceu algo parecido. Um caminhão quebrou na Rua Dona Maria da Glória, sentido região Capela Velha, parando o trânsito. Não tem como retornar. A única saída era pela estrada onde está o portão. Foi uma hora até tudo se resolver", relata.

O presidente da associação abriu um processo no Ministério Público em 2022 pedindo retirada da portão. A causa ainda está tramitando. Segundo o MP, trata-se de um Inquérito Civil aberto na 1ª Promotoria de Justiça de Nova Lima. O MP também informou que de acordo com a Promotoria, "a prefeitura de Nova Lima já definiu pela retirada do portão".

Em nota enviada ao Estado de Minas nesta terça-feira (25/3), a Prefeitura de Nova Lima que o "local se trata de uma área pública e o proprietário já foi autuado pela Secretaria Municipal de Política Urbana, tendo seu pedido de defesa indeferido". "A istração Municipal já tem programada nova fiscalização na área, para que as exigências de adequações sejam cumpridas com a retidada do portão do local".

Além do portão

O responsável pela instalação seria o suíço Beat Christian Willi, dono de uma pousada e restaurante em Macacos. Beat foi procurado pela reportagem, mas não quis se pronunciar sobre o assunto.


Além do portão, outra queixa dos habitantes de Macacos é um muro de arrimo que está sendo feito pelo suíço. O presidente da associação relata que a estrutura foi construída a cerca de 10 metros de distância do portão. 

A construção, de aproximadamente 2m², está em uma distância inferior a 30 metros da borda da calha do leito do córrego Morumbé, área de preservação permanente
A construção, de aproximadamente 2m², está em uma distância inferior a 30 metros da borda da calha do leito do córrego Morumbé, área de preservação permanente Reprodução / Acervo Pessoal


O representante fala que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Nova Lima (Semam) notificou e multou o dono da pousada pelas obras, impossibilitando-o de continuar com as intervenções. De acordo com a notificação, o Departamento de Fiscalização Ambiental (DPA/Semam) foi ao local em 24 e 30 de janeiro deste ano. 


O DPA constatou que a construção, de aproximadamente dois metros quadrados (m²), está em uma distância inferior a 30 metros da borda da calha do leito do córrego Morumbé, área de preservação permanente. Nenhuma autorização para intervenção ambiental foi apresentada pelo dono. A Prefeitura de Nova Lima ainda não se pronunciou. 


Cerca de 60 pessoas devem participar da manifestação. Marcelo Bonfanti destaca que será uma atividade pacífica que visa, sobretudo, chamar a atenção de autoridades locais para o que está acontecendo em prol da preservação ambiental. 


Controle do lixo

Um dos possíveis motivos alegados pelo dono da pousada para instalação do portão seria para manter o controle dos turistas e da sujeira deixada por eles na cachoeira.

No entanto, para Bonfanti, a razão não é válida. “Não é proibindo as pessoas de arem os lugares que vamos resolver essa questão da limpeza. É com conscientização que se resolve e não prejudicando os turistas”, defende. 

Ao todo, Marcelo Bonfanti representa, desde 2020, entre cinco e sete mil pessoas. Ele está no seu segundo mandato como presidente da Associação Comunitária. Segundo Marcelo, desde que assumiu, ele e os próprios moradores tinham o hábito de limpar da sujeira deixada por turistas na cachoeira do Morumbé às segundas. "Cada pessoa voltava com vinte ou trinta sacos cheios de lixo", fala. Por esse motivo, Marcelo não concorda com a justificativa dada pelo dono da pousada. Eles pararam de limpar quando Marcelo "entrou" com o processo no MP, em 2022.

Bonfanti ressalta que a "luta" para a retirada desse portão não é por causa do lixo: "É importante destacar que estamos "brigando" pela liberação de uma via de servidão usada há mais de 50 anos pelos moradores. Esse é o principal motivo", finaliza.

Danielson Gomes também comentou: "Não concordo em colocar um portão numa via de agem sob a justificativa de monitorar quem entra na cachoeira. Não podemos abrir mão do nosso direito de ir e vir por isso", afirma.

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*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos

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