Programação especial vai comemorar 200 anos da Expedição Langsdorff em MG
Grupo de cientistas esteve em várias regiões do estado para realizar pesquisas nas áreas de botânica, zoologia, etnografia e linguística
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Siga noO bicentenário de uma das mais importantes viagens científicas realizadas no Brasil do século 19 vai merecer programação comemorativa, de 3 a 10 de abril, em Belo Horizonte. “200 anos da Expedição Langsdorff em Minas Gerais” terá palestras, mesa-redonda e oficinas para contar parte da trajetória do médico e diplomata Georg Heinrich von Langsdorff, o Barão de Langsdorff (1774-1852), alemão a serviço do império russo.
Ele esteve aqui durante nove meses, entre 1824 e 1825, à frente de um grupo de pesquisadores nas áreas de botânica, zoologia, etnografia e linguística, do qual também fazia parte o pintor alemão Rugendas, então com 22 anos.
Na viagem pela província de Minas, partindo da Fazenda Mandioca, de sua propriedade e conduzida como fazenda-modelo, no fundo da Baía de Guanabara, onde hoje está a cidade de Magé (RJ), Langsdorff ou por Barbacena, São João del-Rei e Tiradentes (Comarca do Rio das Mortes, hoje Região do Campo das Vertentes), Ouro Preto e entorno, Sabará, Caeté e Santa Luzia, na Comarca do Rio das Velhas (atual Região Metropolitana de BH) até chegar ao Serro do Frio, hoje Serro, no Vale do Jequitinhonha.
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Com a participação de especialistas e promovido pelo Instituto Cultural Amilcar Martins (Icam), o evento especial tem parceria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio do Museu de História Natural e Jardim Botânico (MHNJB) e Centro de Referência em Cartografia Histórica (CRCH), e do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG). Inscrições podem ser feitas no instagram (@icam_oficial) e no site icam.org.br.
Importância
“O legado de Langsdorff, que esteve em Minas de maio de 1824 a fevereiro de 1825, significa muito para o Brasil, mas, infelizmente, os materiais resultantes da sua viagem – manuscritos, incluindo seus diários, mapas, desenhos, aquarelas, herbários, animais empalhados, amostras de minerais e outros – chegaram à Rússia e se encontram em museus e outras instituições daquele país”, diz a geógrafa Márcia Maria Duarte dos Santos, que fará palestra, no primeiro dia, sobre Itinerários da Expedição Langsdorff em Minas Gerais. Márcia é especialista em cartografia histórica e docente da UFMG, onde atua como pesquisadora do CRCH/UFMG.
Numa segunda expedição pelo país, igualmente financiada pelo governo russo, Langsdorff perdeu a memória em virtude de uma doença tropical contraída no território das regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil, entre 1825 e 1829.
“Ainda bem que estava também no grupo o desenhista francês Hercule Florence (1804-1879), que tratou de reunir todo o material e enviá-lo à Rússia. Esse material ficou esquecido até ser descoberto em 1930”, informa a professora Márcia, ressaltando que Langsdorff foi um dos viajantes naturalistas europeus, a exemplo de Auguste Saint-Hilaire (1779-1853) e Wilhelm Ludwig von Eschwege (1777-1855), que estiveram aqui nas primeiras décadas do século 19. “Foi um período áureo do desenvolvimento do conhecimento botânico, zoológico, mineralógico e etnográfico sobre o Brasil, pelos europeus”.
Os problemas ambientais tão devastadores no século 21 já eram objeto das atenções de Langsdorff, em 1824. “Notava as ações do homem ao revolver a terra, mudando a paisagem. Da mesma forma, verificava as transformações na vegetação e no relevo. Na região do cerrado, por exemplo, se alarmou com o uso do fogo para preparar os terrenos para o plantio, prática condenada, porém usual, nos nossos tempos”, diz a professora.
História
Grigóry Ivanovitch Langsdorff se formou em medicina na Rússia, demonstrando interesse também pela antropologia e pelas ciências exatas. Como membro da Academia de Ciências Russa, participou da primeira viagem de circum-navegação, de 1803 a 1806, que a instituição promoveu com o apoio da Imperatriz Catarina, e aportou no litoral de Santa Catarina, no final de 1803. Em 1812, ele foi nomeado cônsul geral da Rússia no Rio de Janeiro, se estabelecendo na Fazenda Mandioca.
Langsdorff se notabilizou pela extensa e estreita rede de sociabilidades que incluía naturalistas, engenheiros e comerciantes que visitaram o Brasil, logo após a chegada da Corte portuguesa estabelecimento ao Brasil, em 1808, e pelo projeto de uma grande expedição científica destinada ao estudo da flora, fauna, das populações e da economia brasileiras, além de observações astronômicas. A expedição foi dividida em duas, sendo a primeira, dedicada ao território de Minas Gerais, realizada entre 1824 e 1825, e a segunda, em outras partes do país, nos anos seguintes.
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Programação
Dia 3 de abril
Local: Instituto Cultural Amilcar Martins (Icam), na Rua Ceará, 2037, Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de BH.
14h – Abertura: Amilcar Vianna Martins Filho (Icam)
14h30 – Langsdorff: Apontamentos genealógicos, por Stanley Savoretti de Souza (Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia)
15h – Itinerários da Expedição Langsdorff em Minas Gerais, por Márcia Maria Duarte dos Santos, do Centro de Referência em Cartografia Histórica (CRCH/UFMG)
15h30 – O legado visual da Expedição Langsdorff, por
Adalberto Andrade Mateusm do Iepha-MG
Dia 5 de abril
Local: Auditório Pau Brasil e Centro de Botânica, Museu de História Natural e Jardim Botânico (MHJB/UFMG), que fica naAvenida Gustavo da Silveira, nº 1035, Bairro Santa Inês, na Região Nordeste de BH
9h – Palestra O legado botânico da Expedição Langsdorff
João Renato Stehmann (Museu de História Natural e Jardim Botânico, do MHNJB/UFMG
10h às 12h – Oficina coordenada por João Renato Stehmann (UFMG) e monitores do MHMJB/UFMG
Dia 10 de abril
Local: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de MG (Iepha-MG), Prédio Verde da Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de BH
14h às 16h – A Expedição Langsdorff e o patrimônio cultural mineiro, por Luis Gustavo Molinari Mundim (UFMG/Iepha-MG) e Adalberto Andrade Mateus (Iepha-MG)