Obra no valor de R$ 20 milhões é interrompida após protesto de moradores
Prefeito de Montes Claros suspende temporariamente construção da "Avenida do Contorno" para ampliar diálogo com a população; obra pode ser retomada em 60 dias
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Siga noA Prefeitura de Montes Claros, no Norte de Minas, suspendeu temporariamente o andamento de uma obra voltada para a melhoria da mobilidade urbana e a prevenção de enchentes, após protestos de um grupo de moradores contrários ao impacto ambiental da intervenção.
A obra prevê a construção de duas pistas da chamada “Avenida do Contorno”, com cerca de 2,5 km de extensão, ao longo de um terreno antes ocupado por uma rede de alta tensão no Bairro Ibituruna, uma área de classe média/alta da cidade. O projeto, orçado em R$ 20 milhões, também inclui serviços de drenagem, implantação de ciclovia e plantio de árvores, sendo denominado pela prefeitura como um “boulevard”.
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Anteriormente, toda a área era ocupada por torres e fiação da Cemig, abrangendo a largura de uma quadra do bairro. Após mudanças na rede de alta tensão, ela ou a ocupar apenas duas faixas laterais estreitas.
O projeto foi elaborado na gestão anterior, do ex-prefeito Humberto Souto (falecido em 4 de fevereiro). A obra já foi licitada e deveria ter sido iniciada, mas foi interrompida.
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Após a prefeitura solicitar ao Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Codema) a licença ambiental para a nova avenida, um grupo de moradores do bairro Ibituruna iniciou um movimento contrário à iniciativa. Eles defendem a preservação integral da área verde antes ocupada pela rede de alta tensão.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, um morador, que se identifica como integrante da Associação dos Moradores do Bairro Ibituruna, critica a construção das pistas, alegando que levará à remoção de árvores plantadas pelos próprios moradores. Ele também questiona os gastos de R$ 20 milhões na obra, que considera desnecessária.
A licença ambiental seria analisada pelo Codema em 20 de março. No entanto, o prefeito de Montes Claros, Guilherme Guimarães (União), solicitou a retirada do projeto da pauta. “Apesar de confiar que o processo está maduro para julgamento e de reconhecer o apoio da maioria da população à obra, os questionamentos de alguns moradores levaram à decisão de suspendê-la”, justificou Guimarães.
No ofício enviado ao Codema, o prefeito destacou que o projeto inclui infraestrutura viária, drenagem, pistas de caminhada e ciclismo, além da criação de uma via interligando diferentes bairros da cidade.
Ele também ressaltou que a obra prevê um sistema de amortecimento de águas pluviais, com a construção de um reservatório para conter o excesso de chuvas, reduzindo alagamentos e melhorando a disponibilidade hídrica na região.
“O projeto contempla pistas de caminhada, ciclofaixas, manutenção de 60 mil m² de áreas verdes e equipamentos urbanos para esporte, lazer e convivência comunitária, consolidando-se como um grande boulevard”, afirmou Guimarães.
O prefeito explicou que a suspensão temporária visa ampliar o diálogo com a população e esclarecer detalhes da obra. “Queremos uma conversa mais aberta com os moradores. A última coisa que queremos é que uma obra desse porte, especialmente devido à drenagem, seja alvo de críticas. Temos plena confiança nos benefícios que ela trará quando concluída”, disse.
“Mas sou um gestor democrático. Como houve contestação, queremos ouvir e conversar. Muitas vezes, as pessoas pensam apenas no impacto individual e esquecem do benefício coletivo. Respeitamos todas as opiniões”, acrescentou.
A prefeitura pretende realizar reuniões com a comunidade, envolvendo secretarias municipais de Infraestrutura e Meio Ambiente, para apresentar os detalhes do projeto. A expectativa é de que, após esse processo, o pedido de licenciamento ambiental seja reapresentado ao Codema e as obras retomadas dentro de aproximadamente 60 dias.
Guimarães ressaltou ainda que a obra é essencial para melhorar o o ao novo Fórum da Justiça de Montes Claros, em fase final de construção em um terreno antes ocupado pela rede de alta tensão da Cemig.
Plantio de árvores
O vice-prefeito de Montes Claros, Otávio Batista Rocha, que atuou como procurador-geral do município na gestão anterior e participou da elaboração do projeto, contesta os argumentos dos moradores contrários à obra.
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Segundo Rocha, a construção da avenida resultará na remoção de 208 árvores, mas, em contrapartida, o projeto abrange uma área total de 306 mil m², onde será criada uma grande área cercada para preservação ambiental. “A estimativa é que sejam plantadas e preservadas cerca de 100 mil árvores no mesmo local”, informou o vice-prefeito.