PBH amplia leitos pediátricos em época de aumento de doenças respiratórias
Hospital Odilon Behrens (HOB) recebeu novos dez leitos que integram a Enfermaria Pediátrica de Apoio ao Período Sazonal (EPAPs)
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Siga noEm meio ao avanço das doenças respiratórias que, todos os anos, pressionam o sistema público de saúde durante os meses mais frios, Belo Horizonte acaba de reforçar sua rede pediátrica com a abertura de dez novos leitos no Hospital Odilon Behrens, no Bairro São Cristóvão, na Região Noroeste. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (25/4) pela prefeitura em resposta direta ao aumento da demanda por atendimento infantil já percebido nas unidades de saúde da capital.
Os novos leitos integram a Enfermaria Pediátrica de Apoio ao Período Sazonal (EPAPs), criada justamente para oferecer uma resposta mais ágil e eficiente diante do atual cenário. A nova enfermaria entra em operação com capacidade para atender dez crianças, mas poderá ser ampliada para até 20 vagas, conforme a necessidade.
Com a expansão, o Odilon a a contar com 146 leitos dedicados à área pediátrica e neonatal, sendo 46 de enfermaria, 13 de Unidade de Decisão Clínica (UDC), 20 de UTI pediátrica, 20 de cuidados intermediários, 27 de alojamento conjunto e 20 de UTI neonatal.
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A superintendente do hospital, Taciana Malheiros, destaca que a iniciativa busca evitar gargalos no atendimento, já em ritmo acelerado. “A abertura desses leitos é essencial para garantir que as crianças da nossa rede tenham o oportuno e seguro aos cuidados de saúde. Estamos reforçando nossa estrutura para oferecer atendimento ainda melhor à nossa população”, afirmou.
A medida vem acompanhada de um reforço nas equipes médicas, de acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte. Para garantir o funcionamento dos novos leitos com qualidade e segurança, a prefeitura está contratando 53 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e nutricionistas.
A criação da EPAPs faz parte do conjunto de estratégias adotadas por Belo Horizonte para enfrentar os impactos do outono, estação que costuma elevar significativamente os casos de gripe, bronquiolite, coqueluche e outras infecções respiratórias.
A rede municipal já registra aumento no volume de atendimentos, apesar de os dados ainda não superarem os de 2024. Nos três primeiros meses deste ano, cerca de 85 mil crianças aram por unidades de saúde com sintomas respiratórios. No mesmo período do ano ado, foram aproximadamente 139 mil atendimentos.
Reforço no estado
A movimentação no Hospital Odilon Behrens segue a mesma lógica adotada no início do mês pelo governo estadual, que se antecipou ao pico das síndromes respiratórias com a expansão de leitos no Hospital Infantil João Paulo II, na Região Centro-Sul da capital. Atualmente, entre seis e oito pediatras estão de plantão diariamente no pronto-socorro da unidade, que conta desde o início do mês com uma equipe ampliada de mais de 40 profissionais.
Em entrevista coletiva no início de abril, o secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, destacou como a ocupação hospitalar se transforma na pediatria e que o grande desafio é montar uma rede que responda às variações bruscas de demanda que ocorrem ao longo do ano. “Se chegarmos aqui em outubro ou setembro, o pronto-socorro estará praticamente vazio. Já em março e abril, a situação se inverte. Por isso, precisamos de um sistema que responda às variações sazonais da demanda pediátrica”, afirmou.
A estratégia estadual vem sendo desenhada desde a pandemia, quando o sistema de saúde precisou se reorganizar diante de crises sucessivas. Desde 2020, Minas Gerais contabilizou a criação de 80 novos leitos pediátricos permanentes em diversas regiões, além da implantação de vagas temporárias em períodos críticos como o atual. Com isso, segundo Baccheretti, a rede estadual tem conseguido reduzir a dependência do interior em relação a Belo Horizonte. Governador Valadares, Patos de Minas e Montes Claros são alguns dos polos regionais que aram a contar com atendimento mais robusto.
As doenças que pressionam o sistema hospitalar nesse período são velhas conhecidas dos profissionais de saúde. A bronquiolite, por exemplo, é uma das principais causas de internação de crianças pequenas. Altamente frequente no outono e inverno, a doença afeta as vias respiratórias e pode evoluir para quadros graves, especialmente entre bebês. Ainda não existe vacina contra ela no Sistema Único de Saúde (SUS), o que torna o e hospitalar fundamental.
A coqueluche, ou "tosse comprida", também tem gerado preocupação. Altamente contagiosa, ela é transmitida por vias respiratórias, assim como a gripe e a COVID-19. Só em 2024, até 10 de abril, o estado já havia registrado 318 casos, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. Em outubro do ano ado, dois recém-nascidos morreram em Minas em decorrência da doença.
Vacinação contra gripe
A imunização é tratada como peça-chave para evitar o avanço de casos graves de doenças respiratórias. A baixa procura, no entanto, acende um alerta entre os profissionais de saúde, que contam com a vacina como barreira contra a superlotação. E, apesar de o número de atendimentos em BH ainda estar aquém do registrado no ano ado, a expectativa é de que os casos aumentem com o avanço da estação.
Neste ano, a vacina contra a gripe ou a ser oferecida de forma contínua nas unidades básicas de saúde para os grupos prioritários, incluindo crianças de seis meses a menores de seis anos. Em Belo Horizonte, as doses estão disponíveis nos 153 centros de saúde, no Serviço de Atenção à Saúde do Viajante e em seis pontos extras espalhados pela cidade. Mesmo assim, a adesão ainda é baixa: até o dia 23 de abril, apenas 6,4% do público-alvo infantil havia sido vacinado, um universo de cerca de 10 mil crianças entre as 155 mil esperadas. A meta do Ministério da Saúde é atingir 90% de cobertura.
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Para estimular a vacinação infantil, o governo estadual oferece incentivos financeiros a municípios que atingem metas de cobertura. São cerca de R$ 60 milhões anuais investidos nessa estratégia, que colocou Minas como o estado com maior taxa de vacinação entre as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. “A gente não quer só isso, queremos bater o recorde histórico de vacinação", destacou o secretário de Saúde de Minas em coletiva, realizada no início de abril.