Antissemitismo e arabofobia: relatórios apontam males enraizados em Harvard
Harvard identificou discriminação contra judeus, israelenses, muçulmanos, árabes e palestinos e divisões profundas nos currículos e protestos no campus
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Siga noEm meio à tempestade causada pela pressão do governo dos Estados Unidos sobre Harvard, os resultados de duas investigações sobre antissemitismo e arabofobia, divulgados nesta terça-feira (29), mostram preconceitos enraizados e um clima de medo no campus, principalmente entre os estudantes árabes e muçulmanos.
Dois grupos de trabalho criados para identificar discriminações contra judeus, israelenses, muçulmanos, árabes e palestinos concluíram em seus relatórios que há um clima de medo e exclusão no campus, bem como divisões profundas envolvendo os currículos, protestos e o alcance das liberdades acadêmica e de expressão.
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Os resultados mostram que 56% dos estudantes muçulmanos e 26% dos judeus se sentem inseguros na universidade, em comparação com 12% dos cristãos e 8% dos ateus ou agnósticos.
Um total de 92% dos entrevistados muçulmanos e 61% dos judeus, incluindo funcionários e alunos, confessou que teme repercussões acadêmicas e profissionais por expressar opiniões pessoais ou políticas, em comparação com 59% de todos os entrevistados.
Os autores dos relatórios, elaborados entre maio e agosto de 2024, pediram que Harvard faça mudanças radicais, que alterariam profundamente o currículo acadêmico, os processos disciplinares e as políticas de issão da universidade, cujo presidente, Alan Garber, encomendou os estudos após os ataques de 7 de outubro de 2023 do Hamas a Israel e o conflito que se seguiu na Faixa de Gaza, que gerou protestos nas universidades americanas.
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"Tanto separadamente quanto em conjunto, os relatórios dos grupos de trabalho oferecem relatos pessoais crus das nossas interações", expressou Garber em carta aos alunos e funcionários de Harvard.
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Os membros da comunidade judaica, israelense e sionista disseram que o clima no campus não é acolhedor. "Em alguns casos, eles esconderam características da sua identidade para evitar confrontos", informou Garber. "Os muçulmanos, árabes, palestinos e pró-palestinos se sentiram julgados e silenciados."
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"Harvard não pode e não vai tolerar a intolerância", afirmou Garber, que considera "especialmente preocupante a disposição de alguns alunos de tratar uns aos outros com desdém e antipatia.
A divulgação dos relatórios ocorre em meio à repressão do governo Trump às universidades que acusa de antissemitismo, entre elas Harvard, que teve subsídios federais congelados.