Governo dos EUA e Boeing firmam acordo para encerrar processos por 737 MAX
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Siga noO governo dos Estados Unidos e a Boeing chegaram a um acordo para encerrar os processos contra a fabricante de aeronaves relacionados a dois acidentes fatais com o avião 737 MAX, segundo um documento apresentado nesta sexta-feira (23).
Segundo o Departamento de Justiça, o acordo preliminar deixaria de considerar as acusações contra a Boeing por sua conduta na certificação do 737 MAX, envolvido nos acidentes da Lion Air, em outubro de 2018, e da Ethiopian Airlines, em março de 2019, que tiraram a vida de 346 pessoas.
Um juiz precisa aprovar o acordo, que anularia o julgamento federal programado para começar em 23 de junho em Fort Worth, Texas.
Pelo acordo, a Boeing terá que desembolsar 1,1 bilhão de dólares (R$ 6,26 bilhões), incluindo cerca de US$ 444,5 milhões (R$ 2,53 bilhões) para financiar um fundo de indenização para os familiares das vítimas,valor já previsto em um acordo inicial de 2021.
O restante será dividido entre US$ 244 milhões (R$ 1,38 bilhão) em multas e US$ 455 milhões (R$ 2,6 bilhões) para reforçar os programas internos de segurança, qualidade e conformidade da Boeing.
O governo americano acusou a Boeing de não ter revelado à FAA, a agência reguladora da aviação civil dos EUA, aspectos técnicos de seu software antibloqueio MCAS. Ambos os acidentes foram atribuídos a falhas no funcionamento do MCAS e à falta de treinamento dos pilotos sobre o sistema.
Familiares de algumas vítimas criticaram o acordo proposto como um presente para a Boeing.
"Estou completamente chocada com a decisão do Departamento de Justiça de não processar a Boeing, apesar de todas as provas que temos apresentado mostrando a vileza e as mentiras da Boeing", disse Catherine Berther, que perdeu a filha Camille no acidente de Ethiopian Airlines.
No documento apresentado nesta sexta-feira, o Departamento de Justiça afirmou que outros expressaram seu desejo de encerrar o caso. "A dor ressurge cada vez que esse caso é discutido nos tribunais e outros fóruns", disse um dos familiares citados no texto.
Familiares de mais de 110 vítimas dos acidentes indicaram ao governo "que apoiam o Acordo especificamente, ou apoiam em geral os esforços do Departamento para resolver o caso antes da decisão, ou não se opõem ao acordo", segundo o documento.
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