editorial

Ameaças de Rúbio são agressão à nossa democracia

O sistema internacional prevê sanções por graves violações de direitos humanos ou crimes internacionais

Publicidade
Carregando...

Não se trata de simpatia ou antipatia pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Isso não vem ao caso. A declaração do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, sobre a possibilidade de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), por causa do julgamento da tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, durante audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes dos EUA, em 21 de maio ado, é uma agressão à soberania do país e um desrespeito ao nosso Estado Democrático de Direito.


Questionado pelo deputado republicano Cory Mills, Rubio afirmou que a aplicação de sanções está “sob análise neste momento” e que há “uma grande possibilidade de que isso aconteça”. Essa declaração envolve alegações, sem fundamento legal, de que o Brasil estaria enfrentando um “alarmante declínio dos direitos humanos”, incluindo suposta “censura generalizada” e “perseguição política contra a oposição”, conforme mencionado por Mills.


Rubio invocou a aplicação da Lei Global Magnitsky, que permite aos EUA sancionar estrangeiros acusados de corrupção ou graves violações de direitos humanos. As sanções poderiam incluir o bloqueio de bens e a proibição de entrada nos EUA. Obviamente, eventuais sanções impostas por potências estrangeiras, de forma unilateral e sem levar em conta o ordenamento jurídico internacional, do qual o Brasil faz parte constitucionalmente, colocam, sim, em risco nossa soberania e a relação entre os Poderes da República. Seriam uma agressão à democracia.


A declaração de Rubio foi celebrada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo seu filho Eduardo Bolsonaro, que tem buscado apoio nos EUA para pressionar o STF e defender seu pai, atualmente réu por tentativa de golpe de Estado. Eduardo Bolsonaro tem se reunido com parlamentares republicanos em Washington, como Cory Mills, para angariar apoio para sanções contra Moraes. O governo brasileiro e o STF reagiram à declaração de Rubio, considerando-a uma possível interferência externa nos assuntos internos do país.


Movido por interesses políticos, Rubio tenta interferir nos assuntos internos do Brasil, afetando a legitimidade das instituições democráticas e o próprio princípio da autodeterminação. O sistema internacional prevê sanções por graves violações de direitos humanos ou crimes internacionais, mas quando a motivação é ideológica ou política, sem respaldo em decisões multilaterais ou no devido processo, abre-se um precedente perigoso. Seria a volta da política de “big stick” dos piores momentos da história da relação dos Estados Unidos com os demais países das Américas.


Portanto, o Congresso Nacional, o Itamaraty, o STF e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) têm toda legitimidade para repelir esse tipo de ingerência estrangeira na vida nacional. A defesa das prerrogativas constitucionais, da independência do Judiciário e do respeito à ordem democrática interna faz parte do ethos nacional, ou seja, do nosso caráter moral e social. Isso não significa isentar de críticas legítimas às decisões ou à conduta de magistrados brasileiros, dentro do marco jurídico brasileiro.


As críticas, mesmo quando legítimas, o que não é o caso, perdem legitimidade quando amparadas por ameaça ou imposição de Estados estrangeiros.

Parceiros Clube A

Clique aqui para finalizar a ativação.

e sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os os para a recuperação de senha:

Faça a sua

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay