Artigo

A quem interessam os extremos na política?

É hora de reposicionar o debate. De lembrar que o nosso maior compromisso não é com a vitória de uma retórica, mas com a construção de um estado mais justo, mai

Publicidade
Carregando...

OTACÍLIO COSTA

Presidente do PSB Minas e prefeito de Conceição do Mato Dentro

Não é de hoje que a política anda contaminada por um clima de confronto. Também não é novo o uso do medo como estratégia. Tampouco é inédita a prática de transformar adversários em inimigos. O que pouca gente se pergunta, porém, é: quem tem ganhado com isso?

Temos assistido, nos últimos anos, à institucionalização dessa lógica. Criou-se um ambiente em que o conflito permanente virou combustível para projetos de poder que se alimentam do caos. Nesse modelo, quanto mais barulho, melhor. Quanto mais rupturas, mais controle se exerce sobre uma base emocional, ressentida, disposta a aceitar qualquer coisa – desde que do "seu lado".

Entenda, o que está em curso não é apenas uma polarização espontânea. É um projeto. E, como todo projeto, tem método, tem propósito e tem beneficiados. Não são poucos os que lucram quando a política vira briga, os que preferem a confusão à clareza – porque é nela que eles conseguem avançar, sem serem vistos, sem serem cobrados.

A verdade é que a radicalização interessa ao egoísmo de quem não tem compromisso com o amanhã. A quem precisa do caos para manter o controle. A quem aposta no medo para evitar a mudança. E a quem, no fundo, teme o poder que nasce do entendimento. E assim vamos, dia após dia, vendo o debate público ser sequestrado por narrativas que não constroem, apenas dividem.

Mas e se a maioria silenciosa – que hoje evita o embate, que sente vergonha do radicalismo, que desconfia das certezas gritadas – decidisse ocupar o centro da cena? Não falo aqui de neutralidade. O Brasil não precisa de omissão, precisa de responsabilidade. Falo de maturidade política. Da capacidade de ouvir antes de reagir. De propor antes de atacar. De compreender que nenhuma transformação verdadeira nasce do extremismo, mas sim do trabalho consistente, do diálogo persistente e da construção de consensos possíveis.

Precisamos de projetos que aliem desenvolvimento com justiça social. Que enfrentem os desafios estruturais com firmeza, mas sem hostilidade. O que falta não é grito – é escuta. Até porque o interesse público se constrói com o silêncio atento de quem ouve, a seriedade de quem estuda e a coragem de quem transforma isso tudo em política pública real. Um legado não do discurso fácil, mas da entrega concreta.

O desafio está dado: seguir dialogando com quem está disposto a pensar o estado além das trincheiras ideológicas, articulando forças que ainda acreditam que, em tempos tão ruidosos, o bom senso é um gesto de coragem. Não se trata de agradar a todos – isso seria ilusório, e muitas vezes até contraproducente –, mas de manter o compromisso com o que de fato importa: a construção de soluções reais para problemas reais.

Não esqueçamos que política se faz com gente – e gente não cabe em extremos. Gente quer viver melhor, trabalhar com dignidade, criar seus filhos em paz e sonhar com um futuro possível. Quem vive a realidade das cidades, dos municípios, das comunidades, sabe que o radicalismo não alimenta ninguém. O extremismo não gera emprego. O grito não constrói escola. O ataque não pavimenta a estrada. É no campo da escuta e da ação concreta que se fazem as transformações que ficam.

Por isso, é hora de reposicionar o debate. De lembrar que o nosso maior compromisso não é com a vitória de uma retórica, mas com a construção de um estado mais justo, mais equilibrado e mais eficiente. Minas é diversa demais para caber numa única fórmula ideológica. Rica em vozes, múltipla em realidades, potente em contradições. O desafio está em acolher essa complexidade sem medo – e transformar essa pluralidade em força coletiva.

Os extremos continuarão tentando sequestrar esse espaço. Mas cabe a quem acredita na democracia impedir que consigam. Temos pressa por um futuro melhor, sim. Mas só chega lá quem sabe caminhar junto.

Tópicos relacionados:

brasil medo politica

Parceiros Clube A

Clique aqui para finalizar a ativação.

e sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os os para a recuperação de senha:

Faça a sua

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay