
Aliança implode base de Zema e partido de Tramonte
Resultado do apoio de Zema a Tramonte: dois partidos, o PL e o PSD, mandaram avisar que suas bancadas ficarão liberadas na hora de votar projetos do governador
Mais lidas
compartilhe
SIGA NO

As alianças eleitorais feitas na última semana das convenções partidárias ainda repercutem e deixaram estragos a serem gerenciados. A que teve maior impacto foi a união entre o governador Romeu Zema (Novo) e seu maior desafeto, o ex-prefeito Alexandre Kalil. Apesar de desafetos, os dois irão apoiar a candidatura a prefeito de BH, de Mauro Tramonte (Republicanos). Para isso, Kalil trocou o PSD pelo Republicanos.
A primeira crise, registrada na semana ada, balançou o próprio partido do governador, o Novo, que classificou o ingresso de Kalil como oportunismo eleitoral. Kalil devolveu e disse que, além de ter chegado primeiro, “permitiu” a aliança com os rivais. Ainda nessa coligação, o senador Cleitinho (Republicanos) também chiou e questionou a coerência de seu partido. “O Republicanos virou de esquerda ou o Kalil, agora, é de direita?”.
Enquanto o fogo amigo é gerenciado pelas lideranças da coligação, fora dela, os efeitos políticos são mais graves para a base de Zema na Assembleia Legislativa. Em vez de manter o distanciamento, Zema escolheu apoiar Mauro Tramonte, que integra o grupo aliado no Legislativo. Resultado: dois partidos, o PL e o PSD, que detêm 22 votos, mandaram avisar que suas bancadas ficarão liberadas na hora de votar projetos do governador.
07/08/2024 - 17:52 Governador Valadares perde eleitores e não haverá segundo turno 07/08/2024 - 17:56 De R$ 200 a R$ 15 milhões: veja valores declarados pelos candidatos em BH 07/08/2024 - 17:55 TCU toma decisão sobre relógio de ouro que Lula ganhou de presente
O mais indignado é o deputado Bruno Engler, candidato a prefeito da capital pelo PL, que adotará tom crítico e implacável contra a gestão em sua campanha. Zema se meteu em outra confusão em Governador Valadares, ao optar pelo candidato do Republicanos, Renato do Samaritano, contra o do PL, Coronel Sandro, que é deputado estadual. Nesse imbróglio, o vice-presidente do Republicanos, Alex Diniz, deixou o partido.
Quem conhece, avisa
Na reunião que decidiu o apoio de Zema e do Novo a Tramonte, o único dissidente foi o secretário da Casa Civil, Marcelo Aro. O vice-governador Mateus Simões foi o articulador da aliança, que ainda contou com o aval de Zema, de Luísa Barreto e do secretário de Governo, Gustavo Valadares (PMN). Ficou acertado também que Luísa será candidata a vice-prefeita. Ao se manifestar contra, Aro advertiu a todos dos riscos de crise na base política.
Desentendimento antigo
Há muito, os correligionários Cleitinho, senador, e Mauro Tramonte, deputado estadual, não se falam. A trombada entre eles vem do mandato anterior, o primeiro de Cleitinho, como deputado estadual. Ao entrar no plenário trajando jeans e camisa do América Futebol Clube, Cleitinho recebeu advertência por contrariar o rito parlamentar. No bate-pronto comum de suas reações, ele subiu à tribuna e contra-atacou dizendo que tinha deputado que, na hora de reuniões, estava apresentando programa de TV. Ao tomar conhecimento, Tramonte reagiu e pesquisou a atuação dele e provou que tinha produtividade maior. A relação azedou de vez.
Bolsonaro provoca briga
Em Governador Valadares (Leste de Minas), onde o Republicanos vai brigar com o PL, a disputa maior não é pela conquista da prefeitura, mas de quem é mais bolsonarista.
- Atriz mostra arrependimento e diz que não se juntaria ao governo Bolsonaro
- Fuad Noman e Indira Xavier são os primeiros a registrar candidaturas em BH
- Bolsonaro ironiza aumento de mortes por dengue: 'Em nome da democracia'
PT ajuda rival em Contagem
O PT de Contagem comemorou vitória judicial pela qual conquistou tempo de televisão na campanha eleitoral municipal deste ano. Por não haver emissora de TV na cidade, a campanha ali não dispõe desse importante canal de comunicação direta com o eleitorado. Em política, os ganhos vêm acompanhados dos riscos. No caso em registro, o rival e inimigo petista também terá direito, por isonomia, a tempo de TV. Vai ganhar visibilidade conquistada pelo adversário.
PSDB: opção de menor dano
O prefeito e candidato à reeleição, Fuad Noman (PSD), não retucanou quando recebeu o apoio do PSDB estadual. Fuad foi até generoso ao receber os antigos aliados, porque eles não tinham mais pra onde ir. Chegaram a desejar o posto de vice de Gabriel Azevedo (MDB), que já tinha vice, e até de Tramonte (Republicanos), que ficou inviável após a adesão do governador. O PSDB sempre quis ser vice, embora tenha o bem lembrado João Leite em seus quadros. Com todas as portas fechadas, optou por apoiar Fuad. É lógico que o prefeito também ganhou com a adesão, afinal, o tempo de TV tucano não irá mais engordar o programa de seu maior rival.
Despedida do 78º deputado
O deputado Betinho Coelho (PV) subiu à tribuna da Assembleia ontem para homenagear o destacado servidor Sabino Fleury. Ele foi gerente-geral da Consultoria Temática da Assembleia e diretor de Processo Legislativo na casa, além de vários outros cargos de assessoramento técnico-legislativo. Foi durante muito tempo considerado o 78º deputado diante de sua capacidade legislativa e até política, mas nunca entrou em bola dividida. Após décadas de serviço prestado, irá se aposentar no Legislativo mineiro. “Nosso timoneiro, Sabino, contribuiu desde a década de 90 em projetos importantes de organização do Estado. Mas, talvez, seja no assessoramento direto aos deputados – sempre com maestria, retidão, correção, ética e incomparável conhecimento técnico – que Sabino Fleury deixa sua marca não só em cada um de nós; mas para o fortalecimento do Legislativo e da nossa Minas Gerais”, reconheceu Betinho Coelho.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.