
Deputado estadual defende ditadura militar e diz que Hitler era de esquerda
Eduardo Azevedo (PL) disse que regime militar "salvou o Brasil do comunismo" e que Hitler era um ditador comunista
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Siga noO deputado estadual Eduardo Azevedo (PL-MG) defendeu o regime militar (1964-1985), alegando que, sem a intervenção, o Brasil “teria virado uma Venezuela”, ou “Cuba”. Ele também rejeitou a comparação entre governos de extrema direita e o nazismo de Adolf Hitler, alegando que o líder alemão era “de esquerda” e “comunista”.
As declarações foram feitas enquanto Azevedo questionava materiais didáticos distribuídos na rede estadual de ensino que, segundo ele, promovem “doutrinação ideológica”.
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Em vídeo publicado nesse domingo (9/2), ao lado do seu irmão, o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), o deputado criticou livros da Editora FTD, que há 120 anos atua no segmento e produziu o primeiro livro didático do Brasil. O material é utilizado no Colégio Militar Tiradentes, em Belo Horizonte.
Para o parlamentar, o material didático é “tendencioso para a esquerda” e apresenta os acordos comerciais com países governados por “ditadores comunistas” como mais vantajosos para o Brasil do que com nações “capitalistas”, como os Estados Unidos.
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“Muito interessante quando eles fazem uma comparação da extrema direita na Europa com Adolf Hitler. Vêm me falar que Adolf Hitler de direita. O cara era um ditador e, quando se fala de ditadura, isso é de governo de esquerda, comunista”, diz Eduardo Azevedo no vídeo.
“E o que mais me chamou a atenção em tudo isso aqui é que nós estamos falando de um colégio militar, e eles estão colocando os próprios filhos contra os pais. Porque eles chamam o regime militar, que salvou o Brasil do comunismo... Se não tivesse existido o regime militar, hoje o Brasil estaria igualzinho a uma Cuba, uma Venezuela. Eles chamam sabe de quê? A ditadura civil-militar do Brasil. Mas interessante que eles falam de um golpe militar e o início da ditadura, colocando os filhos que estudam no colégio militar contra os seus próprios pais", continua.
O senador Cleitinho Azevedo também atacou o material didático, acusando-o de retratar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como “inocentes”.
No vídeo, o parlamentar critica trechos que apontam a falta de apoio no Congresso como fator decisivo para o impeachment de Dilma e que afirmam que Lula foi condenado pela Operação Lava-Jato sem provas.
"Questionaram a habilidade dela (Dilma) por ser mulher? Ela é incompetente, como tem um monte de homem incompetente no país (...). O Lula só está descondenado. Estão querendo vitimar como se ele fosse inocente", disse.
Cleitinho também criticou as referências à pandemia de COVID-19 no material didático. Segundo ele, o conteúdo distorce os fatos ao afirmar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu o uso de medicamentos sem eficácia comprovada e foi contrário ao lockdown, fatos amplamente noticiados pela imprensa. "Querem dizer que o governo Lula e da Dilma é melhor que o do Bolsonaro", disse.
O senador afirmou que ele e seu irmão enviaram um ofício ao governador Romeu Zema (Novo) solicitando a retirada do material. No sábado, o deputado estadual Bruno Engler, líder da bancada do PL na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), fez um pedido semelhante. Ele requereu a retirada imediata do livro utilizado na instituição de ensino militar e a revisão de todo o conteúdo didático da Editora FTD.
Ao fim do vídeo, Cleitinho ainda afirma que o material foi produzido com “dinheiro público”. A declaração, no entanto, é falsa. Pais de alunos e seguidores do senador apontaram que o livro é adquirido pelos responsáveis pelos estudantes.
Em nota encaminhada ao Estado de Minas, a FTD Educação disse que os livros estão alinhados à Base Nacional Comum Curricular e são desenvolvidos e atualizados para a formação integral dos alunos, em consonância total e irrestrita à legislação educacional brasileira.
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Leia a nota na íntegra:
"Em relação aos livros utilizados no Colégio Tiradentes da PMMG, a FTD Educação informa que os conteúdos didáticos dos livros e materiais de ensino da FTD Educação estão alinhados à BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e são desenvolvidos e atualizados para a formação integral dos alunos, em consonância total e irrestrita à legislação educacional brasileira.
A FTD Educação é uma empresa com 122 anos de existência, comprometida com a missão e o propósito de transformar a sociedade por meio da educação de crianças e jovens, prezando por valores como atitude educadora e cuidadora, escuta e abertura ao diálogo, construção de relações de respeito, convivência harmoniosa e promoção da integração e acolhimento.
Desde a produção do primeiro livro didático no Brasil, em 1902, até os dias atuais, a FTD Educação reafirma o compromisso com o diálogo e com o debate, com responsabilidade e imparcialidade, sem nenhum viés partidário ou político.
A empresa, em todas essas décadas, atende grandes redes de escolas privadas em todo o Brasil, centenas de municípios com melhoria comprovada de seus IDEBs e, há mais de 40 anos, é uma das principais fornecedoras dos programas de livros didáticos do Ministério da Educação, em todos os governos.
Recebemos as informações divulgadas relativas ao conteúdo do material didático e imediatamente iniciamos um diálogo com o Colégio Tiradentes, reafirmando a seriedade desta casa e o compromisso de transparência, ética e parceria com a Rede para levar conteúdo didático de qualidade aos estudantes."