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Entrevista

Confira os principais pontos da entrevista de Lula à Rádio Tupi

Presidente diz à Rádio Tupi que o seu antecessor "prova" que é culpado ao defender anistia. Na entrevista, ele tratou de inflação, de crédito e disse que 2025 s

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) só tem uma saída se for provado que ele tentou um golpe de estado, conforme denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República: “ser preso”. Em entrevista exclusiva ontem à Rádio Tupi – emissora dos Diários Associados –, Lula falou sobre as denúncias contra o seu antecessor e sobre a possibilidade de anistia aos acusados de envolvimento nos ataques de 8 de janeiro.

Lula respondeu as perguntas da equipe da rádio Tupi na área externa do Palácio da Alvorada. Ele tratou de vários temas, incluindo política externa, inflação e os ruídos na comunicação do seu governo. Também comentou sobre a sua saúde.

Sobre as relações com os Estados Unidos, Lula não poupou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicanos). Afirmou que o norte-americano está “tentando ser o xerife do mundo”.

Sobre o custo de vida, o presidente garantiu que o preço da carne vai cair e “o povo vai voltar a comer a sua picanhazinha”. Reconheceu ainda que o café e o ovo estão realmente muito caros.

Para Lula, 2025 será o ano de colheita de seu governo após “dois anos de muito trabalho”. “Eu posso te dizer uma coisa, eu vou entregar ao Brasil tudo que eu prometi durante o processo eleitoral”, afirmou.
Confira a seguir os principais pontos da entrevista concedida ao apresentador  Clóvis Monteiro e aos jornalistas Isabele Benito e Sidney Rezende da Rádio Tupi, no Rio.



Bolsonaro e a tentativa de golpe



“Se for provada a denúncia feita pelo procurador-geral da tentativa de golpe, da participação do ex-presidente (Bolsonaro), do primeiro escalão dele, da tentativa de morte de um ministro da Suprema Corte Eleitoral, da tentativa de assassinato de um presidente da República e do vice-presidente, é uma coisa extremamente grave. Eu tenho certeza que, se for provado, ele só tem uma saída: ser preso.
Quando o ex-presidente fica pedindo anistia, ele está provando que é culpado. Ele está provando que cometeu crime. Ele deveria estar falando: ‘Eu vou provar minha inocência'. Ou seja, ele está dizendo: ‘Eu sou culpado, tentei bolar um plano para matar o Lula, tentei bolar um plano para matar o Alckmin, tentei bolar um plano para matar o Alexandre de Moraes. Não deu certo porque eu tive uma diarreia no dia, fiquei com medo, tive de voar para os Estados Unidos antecipadamente para não ficar com vergonha de dar posse para o meu adversário'.



Ele (Bolsonaro) estava tentando tomar conta do país como se fosse propriedade privada. Ele tem direito de falar que é mentira, mas ele é um mentiroso, mentia 11 vezes ao dia quando era presidente, fez um cercadinho no Palácio da Alvorada para mentir. Age como se fosse uma monarquia. Ele não pode ar o poder para a mulher e os filhos”, afirmou Lula se referindo à sala do chamado Gabinete do Ódio no Palácio da Alvorada.”



Anistia dos presos do 8/1

“Essas pessoas estão se autocondenando quando estão pedindo anistia antes de serem julgadas. A primeira coisa que eles têm que fazer é defender a inocência deles. Eles estão dizendo que são culpados. Só pelo fato de pedirem anistia antes de serem julgados eles merecem ser condenados. Se um cidadão está sendo acusado, ele não pode ficar pedindo perdão antes de ser julgado, ele tem que provar que é inocente. Tem que juntar provas, ter um advogado, terão que ser juntados, condenados e só depois se pode discutir o que fazer com eles. Uma boa cela e um tratamento com muito respeito, de acordo com os direitos humanos.”



Relação com os EUA

“Eu ainda não consegui falar com ele depois da posse, mas enviei uma nota oficial parabenizando. O que eu tenho ouvido são os rompantes do Trump. Ele quer tomar a Groenlândia, mudou o nome do Golfo do México. Ele foi eleito presidente dos EUA e não presidente do mundo. Então, ele precisa tomar muito cuidado com o que fala porque ele está fazendo um papel que não faz parte da história dos Estados Unidos. A democracia criada e fortalecida a partir da Segunda Guerra Mundial obriga que todo presidente tenha que cuidar do seu país da forma mais soberana possível, e o Trump está tentando ser presidente do mundo.

Os Estados Unidos são um parceiro comercial importante para o Brasil. Mas, veja, nós não temos a dependência dos Estados Unidos como tínhamos há 20, 30 anos. Temos hoje uma correlação comercial e diplomática muito equilibrada no mundo. O que queremos, de verdade, é que Trump governe os Estados Unidos e pare com essa história de protecionismo.”

 



Ano da colheita

“Eu posso te dizer uma coisa, eu vou entregar ao Brasil tudo que eu prometi durante o processo eleitoral. Eu já entreguei em 2010 mais do que eu tinha prometido e você pode ter certeza que eu vou entregar tudo que prometi. Aliás, vocês podem marcar uma entrevista comigo antecipada lá para o dia 28 de dezembro de 2026, para a gente disputar tudo o que eu prometi e o que eu entreguei. Eu vou entregar muito mais, eu vou entregar muito mais porque nós estamos dizendo que 2025 é o ano da colheita.

Nós amos dois anos arrumando este país, reestruturando o país, refazendo as leis, aprovando política tributária, aprovando, sabe, PEC da transição, aprovando tudo o que era necessário para a gente fazer esse país andar. E o país começou a andar. Se você analisar pela economia, você vai ver que todo mundo achava que ia ser uma desgraça, que o Brasil vai cair, que a economia não vai crescer. A economia cresceu o tripo do que os especialistas previram.

Em 2024, a economia vai para 3,8% (de crescimento), em 2025 ela vai continuar crescendo. Em 2026 ela vai continuar crescendo e mais do que isso, o crescimento será reado para os trabalhadores com o aumento do salário mínimo.

Eu fiz promessa de coisa que eu vou cumprir e nós vamos cumprir item por item. Você pode ter certeza que vai me entrevistar no meu final do mandato e vai falar: 'Obrigado, presidente, por ter cumprido todo o seu programa'”.



Ruídos de comunicação

 

“Desde o outro mandato, eu sempre dizia que tem um anão na minha sala. Tem um anão escondido embaixo da mesa. Porque a gente faz reunião, a gente fala assim: ‘ninguém pode falar nada dessa reunião’. A reunião nem acaba, já tem coisa lá fora [na imprensa], sabe? As pessoas sabendo. Sempre tem um jornalista que recebe informação. Mas isso não me incomoda porque eu sei o time que eu tenho. Se os ministros falam demais, é prejudicial aos próprios ministros.

Muita gente fala em reforma política sem eu falar. Muita gente fala em reforma ministerial sem eu falar. Olha, como eu sou um democrata, eu aceito que todo mundo dê palpite sobre tudo. Agora, a decisão sou eu que tomo. Na hora que eu tiver que mudar alguém, vou mudar alguém.”



Janja

“Eu acho graça quando falam que a Janja dá palpite no meu governo, porque ela dá mesmo. Janja cuida de mim de uma forma muito especial. A coisa gostosa da minha vida é que a Janja dá palpite.”



Inflação, alta do ovo, do café e da carne

“O preço vai baixar e eu tenho certeza que a gente vai conseguir fazer com que o preço volte aos padrões do poder aquisitivo do trabalhador. Veja, é importante lembrar que a gente vem de momentos muito cruciais no Brasil, muito sol, o maior calor já feito na história desse país, muito fogo e depois de muita chuva no Rio Grande do Sul. Tudo isso tem interferência nos preços.

Outra coisa que nós tivemos a greve aviária nos Estados Unidos e em outros países e eles viraram importadores de ovos brasileiros, o Vietnã, o Japão. Ou seja, nós estamos exportando, o Brasil virou quase que um supermercado do mundo e nós queremos discutir com os empresários que nós queremos que eles exportem, mas não pode faltar para o povo brasileiro. Quando me disseram que o ovo estava R$ 40 reais, a caixa, (achei) um absurdo. É um absurdo mesmo. E nós vamos ter que fazer uma reunião com os atacadistas para discutir como é que a gente pode trazer isso para baixo. Porque o fato de você estar vendendo o produto em dólar, que está alto, não significa que você tem que colocar no preço do brasileiro o mesmo preço que você exporta.

É ter uma discussão da mesma forma óleo de soja, da mesma forma a carne. Agora a carne começou a cair. Vai cair e pode ficar certo que vai cair e o povo vai voltar a comer a sua picanhazinha, sua costela, outro pedaço de carne que ele deseja. Agora, quando você tem momentos como esse que nós estamos vivendo, você, obviamente, que não consegue controlar do dia para noite.

Mas pode ter certeza que nós vamos trazer o preço para baixo e as coisas vão ficar íveis, porque se tem uma coisa que nós precisamos cuidar com muito amor, é a segurança alimentar. O povo tem que tomar café barato e de qualidade, almoçar barato de qualidade e jantar barato de qualidade.”



Política de crédito

“Teremos três políticas de crédito para favorecer o pequeno e médio empreendedor. Será a maior política de crédito já feita neste país. Queremos que esse país cresça. O dinheiro tem que circular na mão do povo trabalhador, do povo mais humilde, da classe média e do pequeno empreendedor. O dinheiro circulando gera crescimento, desenvolvimento, emprego e salário. É isso que queremos. Quem quiser ser empreendedor vai ser. Quem quiser trabalhar no Uber vai. Quem quiser trabalhar vai ter emprego. Não vou anunciar ainda se não perde o encanto.”

 



Saúde

“Todo dia eu levanto 5h30, faço musculação das pernas, dos braços. A gente envelhece pelas pernas e eu preciso me cuidar fisicamente e da minha alma. Parece cansativo, mas quando a gente termina de fazer ginástica, toma um banho e vai trabalhar a gente se sente muito melhor. Para cuidar do tempo e da idade a gente precisa cuidar do corpo. Eu digo para todo mundo que sou um jovem de 79 anos com energia de 30 e ‘outras coisas’ de 20. Eu brinco muito porque se eu não falar bem da minha saúde, quem vai falar? Meus adversários que não vão. Vão dizer que o Lula está velho, eu tenho que provar que estou jovem, animado e disposto.”


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