Damião em Brasília é esperança para a esquerda em BH
O prefeito de BH tem como promessa de campanha assumida junto de Fuad pautas que necessitam de articulação com o governo Lula
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Siga noOs quatro primeiros meses de legislatura da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) foram amplamente dominados pela extrema direita e sua pauta ultraconservadora. Além de uma bancada bolsonarista renovada com o PL tornando-se o maior partido da Casa, a frente cristã se viu desimpedida com o vácuo deixado pela ausência do ex-presidente do parlamento, Gabriel Azevedo (MDB), implacável com projetos inconstitucionais. Toda a receita ainda ganhou o incremento de um Executivo suspenso antes pela hospitalização do prefeito Fuad Noman (PSD), depois por seu falecimento e pelo início de trabalho de Álvaro Damião (União Brasil) como o titular do cargo.
Neste cenário, à bancada de esquerda da Câmara de BH coube um papel similar ao do progressismo brasileiro nos últimos anos de pauta política dominada pela extrema direita: a defesa institucional, agarrada aos regimentos do Legislativo e ao papel constitucional do município. Muito pouco para quem aspira a objetivos tão antigos quanto distantes como a redução das desigualdades em um país como o Brasil. Mas há um filão a ser explorado: as agendas de Damião em Brasília.
O prefeito de BH tem como promessa de campanha assumida junto de Fuad pautas que necessitam de articulação com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como a municipalização do Anel Rodoviário e a criação de um bairro popular na área do terminal Carlos Prates. Nesta semana, Damião esteve com os ministros Alexandre Padilha (Saúde), Esther Dweck (Gestão e Inovação) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) na capital federal em uma viagem articulada pela bancada petista da Câmara Municipal.
Também presente nas reuniões e homem-forte dos bastidores de Damião, o secretário de Governo da PBH, Guilherme Daltro, falou à coluna sobre a relação do prefeito com os quatro petistas que integram a Câmara e ressaltou a postura conciliadora que a gestão do Executivo pretende assumir.
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“O diálogo com os vereadores do PT tem sido muito positivo, Independentemente da coloração partidária, tudo que vier a contribuir com o desenvolvimento da cidade é positivo. Naturalmente, os vereadores do PT têm essa ligação com Brasília também e isso vem a somar. E, independentemente do viés ideológico, a gente vê com muito bons olhos. O mesmo vale para ajustar com o governo do estado”, avaliou.
O vereador Bruno Pedralva (PT) destaca que as agendas foram costuradas a partir da proximidade dos parlamentares da capital com Rogério Correia (PT) e Ana Pimentel (PT), deputados federais, e a tesoureira do partido, Gleide Andrade (PT), figura próxima de Hoffmann. Na avaliação de Pedralva, a relação BH-Brasília é um caminho para manter Damião dentro da aliança democrática que elegeu sua chapa com Fuad.
“Ainda que o prefeito não seja de esquerda, ele não é bolsonarista. Nossa missão é mantê-lo no campo democrático e dizer que o campo democrático está com ele no que a gente puder caminhar juntos. Além disso, temos pautas concretas que precisamos destravar e que só serão feitas numa parceria entre os governos.”
Enquanto mantém o diálogo de bastidores afinado entre Lula e Damião, a bancada petista e a esquerda na Câmara de uma forma geral precisam saber como transformar os avanços práticos em um assunto que paute a Casa tanto nas discussões em plenário como nas midiáticas. Trazer para votação temas nacionais, como o fim da escala 6x1, projeto já pautado pela vereadora Iza Lourença (Psol), pode ser uma estratégia. De alguma forma, seria como jogar na mesma linha dos ultraconservadores que versam sobre temas que não competem ao município, mas dentro da linha de assuntos que realmente impactam o cotidiano do trabalhador.
Lula em BH
A agem de Álvaro Damião por Brasília também rendeu mais uma agenda de Lula em Belo Horizonte. O presidente deve ar pela capital mineira no fim de maio ou início de junho para entrega de maquinário agrícola e anúncio da municipalização do Anel Rodoviário. A visita foi confirmada à equipe do prefeito de BH pela ministra Gleisi Hoffmann e articulada pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), nome que o PT pretende tornar candidato ao governo de Minas.
Meta da esquerda
A vereadora Luiza Dulci (PT) avaliou positivamente a agenda da bancada petista da Câmara de BH acompanhando Álvaro Damião em Brasília. Assim como seus correligionários, ela quer destacar o trabalho do governo federal em BH, mas ainda não há um projeto que alinhe a pauta em Brasília com o plenário belo-horizontino. No momento, a bancada progressista da Casa trabalha com a meta de garantir a aprovação de projetos a cada ciclo de votação, nos primeiros 15 dias de cada mês.
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Comissão defende Juhlia Santos
A Comissão de Mulheres da Câmara Municipal de BH (CMBH) aprovou o envio ao presidente da casa, Juliano Lopes (Podemos), de uma manifestação de indignação em relação à declaração dada pelo vereador Pablo Almeida (PL) sobre sua colega Juhlia Santos (Psol), segunda travesti eleita para o Legislativo municipal. Em reunião plenária no começo deste mês, Pablo fez comentários pejorativos sobre a aparência da vereadora. (Alessandra Mello)