Lula já ganhou cinco. Será que perde o hexa?

Com todo o respeito aos sertanejos e aos coaches, alguém aí acredita mesmo que Lula perderia uma eleição para Gusttavo Lima e para Pablo Marçal? Menos, né, pessoal? A quase dois anos da eleição, me...

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Com todo o respeito aos sertanejos e aos coaches, alguém aí acredita mesmo que Lula perderia uma eleição para Gusttavo Lima e para Pablo Marçal? Menos, né, pessoal? A quase dois anos da eleição, me parece que Lula ainda não precisa ficar muito assustado com esses números indicando que, hoje, ele não ganha de ninguém…

É muito pessimismo dar ares de definitivos aos números apurados pela pesquisa Quaest em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Pernambuco.

Mas afinal, o que leva o povo a pensar tão mal assim do homem que ganhou cinco eleições – três pessoalmente e a duas por interposta pessoa, como diria um jurista antigo –, uma delas depois de ficar quase dois anos preso?

Como acontece em tempos de crise, a culpada é sempre a mesma: a comunicação. Mas, nesse caso, culpar a comunicação é simplificar demais a crise.

O Brasil tem melhorado em alguns aspectos. Fiquemos com o que mexe diretamente com toda gente. O índice de desemprego nunca esteve tão baixo como agora. Pouco mais de 6% dos brasileiros estão sem trabalho. O menor número em mais de 10 anos.

Mas Lula prometeu mais do que emprego na campanha eleitoral. Prometeu a volta da picanha no churrasco…

A pessoa arruma um emprego. Sai de casa de madrugada para o batente. O ônibus não a na hora e, quando chega, está lotado… Não é raro, durante a viagem, o pessoal se ver no meio de um tiroteio. Na volta para casa, a no mercado… Está tudo mais caro do que estava no mês ado… Lembra da picanha prometida, a no açougue… E leva carne de segunda… Encontra um amigo que foi assaltado e pergunta pelo outro, que está na fila do SUS esperando o dia do exame que nunca chega…

Aí, vem um cara e pergunta: “O que você acha do governo Lula?”. Se a eleição fosse hoje e os candidatos fossem esses (mostra um cartão com os nomes de Lula, do Pablo ou do Gusttavo), em quem você votaria? Alguém precisa de ajuda para saber que respostas daria o estressado pesquisado?

Então, por mais competente que seja a comunicação, o que vale mesmo é a percepção que o cidadão tem da realidade. O chefe da Secom, Sidônio Palmeira, prepara o lançamento de uma campanha que terá o título “O Brasil é dos Brasileiros”.

Mas o Brasil dos brasileiros apresentado nas peças publicitárias será o mesmo Brasil que os brasileiros percebem quando fecham as janelas de casa e se protegem das balas perdidas, quando se apertam nos ônibus e metrôs, quando sofrem nas filas dos postos de saúde e quando voltam da feira com menos comida que no mês anterior?

Também há quem atribua os problemas do Lula e do governo à falta de cara, de marca para o governo. Quem diz isso lembra do PAC, do Minha Casa Minha Vida, do Bolsa Família dos governos ados de Lula e de Dilma.

Marcas fortes, é verdade. Mas de uma época em que as redes sociais não tinham a força de hoje. Nem a polarização era tão carregada de desinformação e de manipulação de informações. E há, também, desde o advento de Bolsonaro em 2018, uma outra protagonista da cena política nacional a influenciar as pesquisas: a rejeição. Não é preciso repetir os resultados das eleições.

Todos lembram que a maioria dos votos em Bolsonaro em 2018 foram de quem não queria a volta de Lula e do PT ao Palácio do Planalto. Do mesmo jeito que a maioria dos votos em Lula em 2022 foram de quem queria tirar Bolsonaro do Palácio do Planalto.

E a rejeição não dá margem para condescendência do cidadão com o vencedor. Ao menor problema, vem a lembrança: eu sabia que nenhum dos dois resolveria os problemas, só votei nele para o outro não ganhar.

A rejeição também é forte fator de desestabilização da ampla frente montada por Lula para compor o governo.

A queda de popularidade do Lula, a volta da rejeição, com certeza, já está fazendo muita gente ajeitar o salva-vidas para abandonar o barco lulista a tempo de encontrar um porto seguro para seguir defendendo muito mais interesses regionais, corporativos e até pessoais do que uma agenda de Estado.

É com isso que Lula precisa se preocupar daqui para a frente. Formar um governo coeso. Promover uma reforma ministerial com um time que pense mais numa agenda de Estado do que nas pautas de interesses regionais, corporativos, setoriais e até pessoais que movem a maioria dos partidos.

Lula já ganhou cinco eleições. Poderia deixar de lado a próxima campanha e trabalhar para entregar – a quem quer que seja o próximo presidente (do Bolsonaro a Justiça vai nos livrar, quero crer) – o país que prometeu em 2022.

Fernando Guedes é jornalista e sócio da SHIS Comunicação, analista político, especializado em marketing político, istração de crise, análise de cenários, construção de imagem e produção de conteúdo. Trabalhou nos principais veículos de comunicação do país e assessorou ministros de Estado. Foi diretor da TV Câmara e da TV Justiça e secretário de Imprensa da Presidência da República

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