Ciúme e medo de traição no ninho bolsonarista
Qualquer partido aliado do governador ficaria animado, mas não foi o que aconteceu com o PL, de Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto
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Siga noEnquanto Tarcísio de Freitas resiste a sair candidato com medo de ser abandonado por Jair Bolsonaro, como ele fez em 2024 com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, o ciúme é o que tem guiado o ex-presidente. O temor do bolsonarista faz cada vez mais sentido. As reuniões do governador paulista em Nova York e seu tom presidenciável deixaram Bolsonaro bastante irritado.
Tarcísio foi a Nova York participar da Brazilian Week, uma série de encontros de políticos e empresários com foco em investidores estrangeiros. O governador de São Paulo foi o principal orador de um evento promovido pelo Citibank no Museu de Arte Moderna e falou sobre a política fiscal brasileira. Piloto de uma das principais privatizações recentes, a da Sabesp, foi bastante paparicado.
Qualquer partido aliado do governador ficaria animado, mas não foi o que aconteceu com o PL, de Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto. Para Bolsonaro e integrantes do PL, o governador exagerou na exibição. “Parecia que ele queria se mostrar presidenciável para pessoas importantes no PIB brasileiro”, disse um integrante do partido de Bolsonaro à coluna.
Aliados do ex-presidente consideram que ele não vai apoiar Tarcísio para a Presidência em 2026, caso ainda esteja inelegível. Deputados e lideranças do PL afirmam que é mais provável que Bolsonaro escolha um dos filhos para ser candidato em vez de apoiar Tarcísio. A defesa é de que o nome “Bolsonaro” na cédula possa ganhar mais eleitorado.
Mas quem acompanha a jornada política do ex-presidente sabe como ele não é muito afeito a contratos de longo prazo com aliados.
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Montanha de dinheiro
Por meio do fundo partidário, os partidos brasileiros já receberam neste ano quase R$ 385 milhões, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os valores correspondem aos primeiros quatro meses de 2025. O PL, partido de Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, é o campeão de verbas, já que tem a maior bancada na Câmara dos Deputados. Os bolsonaristas receberam cerca de R$ 16 milhões por mês, num total de R$ 64 milhões. Já os petistas, segunda maior legenda do país, receberam ao todo R$ 46,7 milhões. PV e Rede, as menores legendas, receberam pouco mais de R$ 1 milhão por mês.
Causo de campanha
A fusão encaminhada por PSDB e Podemos faz lembrar a história contada por um dos delatores da Odebrecht envolvendo o Pastor Everaldo, vice-presidente do Podemos e ex-presidenciável, e o tucanato. O ex-executivo Fernando Reis disse que orientou Everaldo a “ajudar” Aécio Neves, presidenciável do PSDB em 2014, nos debates na TV. Everaldo disputava a Presidência pelo PSC, partido incorporado pelo Podemos em 2023. Reis contou que a Odebrecht deu a Everaldo a incumbência de ajudar Aécio nos debates após ter reado R$ 6 milhões em caixa dois à campanha dele. Hoje um quase tucano, Everaldo sempre negou as acusações. O inquérito sobre os relatos foi arquivado.
De Fachin para Gilmar
Mudou de mãos no STF o pedido feito por um delator para receber de volta R$ 10 milhões pagos como multa em seu acordo fechado com o Ministério Público Federal. O autor da solicitação é o empresário Ricardo Siqueira Nunes, alvo da Operação Rizoma, deflagrada em 2018. O caso saiu do gabinete de Edson Fachin e foi redistribuído a Gilmar Mendes, por razões regimentais. Siqueira quer a devolução dos milhões pagos como primeira parcela da multa de sua delação, que totaliza R$ 33 milhões. Ele alega que, mesmo homologado pela Justiça, o acordo deve ter a eficácia considerada apenas depois de uma condenação.
80 anos da atriz Ana Lúcia Torre
A estrela e os clássicos
O diretor Sergio Módena trabalha em uma peça que vai celebrar os 80 anos da atriz Ana Lúcia Torre e seus 60 anos de carreira, completados em 2025. O espetáculo “Olhos nos olhos” levará Ana Lúcia sozinha ao palco, unindo depoimentos pessoais da artista e a obra de Chico Buarque. A atriz vai interpretar letras de 25 canções icônicas de Chico, como “Cálice”, “Apesar de você”, “O que será?”, “Meu guri”, “Construção”, “Eu te amo” e “Geni e o zepelim”, entre outras – as letras serão faladas como texto dramático, e não cantadas. O projeto, em captação de recursos, prevê inicialmente 24 apresentações em São Paulo.
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Laços políticos
Cotado como possível sucessor de Ednaldo Rodrigues na CBF, o médico Samir Xaud, cartola da Federação Roraimense de Futebol, tem laços políticos em seu estado com um velho conhecido do poder em Brasília: o ex-senador Romero Jucá. Filiado ao MDB desde março de 2022, Xaud foi candidato a deputado federal naquele ano em Roraima. O diretório emedebista no estado é presidido por Jucá. Antes da campanha, Xaud protagonizou uma reunião ao lado do ex-senador sobre política e juventude. Abertas as urnas, Samir Xaud conseguiu só uma suplência. O pai dele, Zeca Xaud, aliás, também tem boas relações com Jucá. Em um discurso na I do Futebol, em 2015, o então senador não lhe poupou de elogios.