
Ataque cardiácio e AVC: o perigo agravado pelos microplásticos
Produto da degradação de plásticos, partículas poluentes micro e nanométricas já foram encontradas em vários órgãos humanos, incluindo placenta
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Siga noProduto da degradação de plásticos, partículas poluentes micro e nanométricas já foram encontradas em vários órgãos humanos, incluindo placenta. Ainda não se sabia se o material, composto de combustíveis fósseis, causava algum efeito à saúde. Pela primeira vez, pesquisadores italianos descobriram que, no coração, os microplásticos e nanoplásticos aumentam risco de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e morte.
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Em 150 corações, foram encontradas partículas de plástico, especialmente as nanométricas. No acompanhamento, ataque cardíaco, acidente vascular cerebral ou morte por qualquer causa ocorreram em 20% desses pacientes e em 7,5% daqueles sem o material detectado nas artérias.
Inflamação
Segundo Raffaele Marfella, pesquisador da Universidade da Campânia Luigi Vanvitelli, em Nápoles, e principal autor do estudo, a ideia da pesquisa surgiu pela necessidade de buscar novos fatores de risco para doenças cardiovasculares, as que mais matam no mundo. Como há cada vez mais relatos científicos sobre a presença de nanoplásticos no organismo, a equipe de Marfella decidiu investigar se, além de contaminar o planeta, "o plástico poderia degradar nossas artérias".
O pesquisador destaca que o estudo é observacional, ou seja, não aponta uma relação de causa e efeito. "Não estamos dizendo que os plásticos causaram as condições e mortes, mas que, nos pacientes com níveis detectáveis de plástico nas artérias, o risco de um evento cardiovascular foi cinco vezes maior", observa.
Uma das hipóteses do grupo é que o plástico desencadeie um processo inflamatório no coração. "Sabemos que as doenças cardiovasculares, particularmente o enfarte do miocárdio, são geralmente desencadeadas por uma resposta inflamatória", diz. De fato, quanto maior o nível de partículas encontradas nas artérias dos pacientes, maiores foram as taxas de inflamação medidas por marcadores.
Em um editorial que acompanha o artigo, Phillip Landrigan, diretor do Programa de Saúde Pública Global da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, enfatizou o risco que o material representa à saúde. "Os plásticos colocam em risco a saúde humana em todas as fases do ciclo. Os combustíveis fósseis (gás, petróleo, carvão) são as principais matérias-primas dos plásticos", lembrou.