
Parkinson: entendendo e enfrentando os desafios para uma vida digna
Segundo o neurocirugião e especialista, o principal sinal da enfermidade não é o tremor, mas a lentidão dos movimentos
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Siga noNesta quinta-feira, 11 de abril, o mundo volta sua atenção para uma das doenças neurodegenerativas mais comuns e impactantes: a doença de Parkinson. A data tem como objetivo sensibilizar sobre os desafios enfrentados pelos pacientes, ao mesmo tempo em que destaca a necessidade crucial de informação e apoio ao longo da jornada desses indivíduos e suas famílias.
A doença de Parkinson é uma condição degenerativa, crônica e progressiva do sistema nervoso central, causada pela redução da dopamina, um neurotransmissor essencial para o controle dos movimentos voluntários do corpo. Como resultado, os pacientes enfrentam uma série de sintomas motores, incluindo tremores, lentidão motora, rigidez e desequilíbrio.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, atrás apenas do Alzheimer. Estima-se que cerca de quatro milhões de pessoas em todo o mundo vivam com Parkinson, com aproximadamente 450 mil casos no Brasil.
Desafios no diagnóstico e tratamento
Um dos principais desafios enfrentados pelos pacientes com Parkinson é o diagnóstico precoce. Devido à natureza silenciosa da doença, muitas vezes há atrasos na busca por ajuda médica especializada. De acordo com o neurologista Tiago Garcia de Oliveira, especialista em Distúrbios do Movimento, membro da equipe do Hospital Mater Dei, a doença de Parkinson afeta cerca de 1% da população acima dos 65 anos. “O diagnóstico precoce permite instituir o tratamento dos sintomas motores (lentidão, tremor e rigidez) e não motores (dor, depressão, distúrbios do sono, ansiedade, dentre outros), melhorando de maneira substancial a qualidade de vida dos pacientes”, comenta.
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Os tratamentos atualmente disponíveis, respaldados pelas entidades médicas internacionais, constam principalmente os agonistas dopaminérgicos (drogas que estimulam diretamente os receptores da dopamina), os inibidores da MAO-B, além do antagonista de NMDA e opções como inibidores da COMT, dentre outros fármacos menos utilizados. “Há, ainda, os tratamentos cirúrgicos da doença, em especial a cirurgia de estimulação cerebral profunda, já totalmente estabelecidos na literatura médica. Por fim, vale lembrar que o canabidiol e os derivados canabinóides ainda estão tendo seus estudos aprofundados quanto aos potenciais efeitos terapêuticos e efeitos colaterais em pacientes com a doença de Parkinson e não devem ser utilizados de maneira indiscriminada e/ou sem supervisão médica”, recomenda Tiago.
A conscientização pública sobre a doença de Parkinson desempenha um papel relevante na melhoria da qualidade de vida das pessoas afetadas e suas famílias. Compreender os sintomas, a progressão da doença e as opções de tratamento pode facilitar o diagnóstico precoce e a adaptação das rotinas e ambientes domésticos para atender às necessidades dos pacientes.
Sinais de alerta e progressão
É importante estar ciente dos sinais de alerta da doença. Segundo o especialista, o principal sinal da enfermidade não é o tremor, como a maioria das pessoas imagina, mas sim a lentidão dos movimentos. Tiago informa que existe o Parkinson sem tremor (até 30% dos casos), entretanto não existe a doença sem lentidão dos movimentos. “Além destes, temos a rigidez (percepção de um membro mais “paralisado” do que o outro), formando os sinais cardinais da doença. O surgimento desses sinais de forma simétrica (a doença é habitualmente assimétrica, prejudicando um lado do corpo primeiro e depois de alguns anos progredindo ao lado contralateral), além do aparecimento precoce de instabilidade postural (tontura ou desequilíbrio), são sinais de alarme que podem indicar outro parkinsonismo que não seja o Parkinson”.
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O Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson é uma oportunidade para promover a sensibilização, reduzir o estigma associado à doença e criar uma comunidade de apoio e solidariedade. “Hoje em dia é possível ter uma boa qualidade de vida mesmo convivendo com o diagnóstico, com uma vida longeva e digna. Aconselhamos aos pacientes, sempre que possível, consultarem com profissionais especialistas em distúrbios do movimento que orientarão sobre todas as opções mais atualizadas quanto ao diagnóstico, o tratamento e estabelecer os planos de cuidados ideal para os pacientes diagnosticados com a doença de Parkinson”, ressalta o especialista.