
Contato prolongado com plásticos compromete a fertilidade feminina
O bisfenol A (BPA) e seus substitutos são algumas das substâncias responsáveis por isso e estão presentes em uma variedade de produtos plásticos
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Siga noSem perceber, milhões de pessoas entram em contato, todos os dias, com substâncias químicas que podem afetar a saúde reprodutiva. O bisfenol A (BPA) e seus substitutos são algumas das substâncias responsáveis por isso e estão presentes em uma variedade de produtos plásticos como embalagens, garrafas, latas de alimentos e até nos papeis térmicos usados em recibos.
Estudo recente publicado na revista Human Reproduction trouxe à tona os efeitos negativos dessas substâncias sobre a qualidade dos óvulos. "Os bisfenóis são disruptores endócrinos, ou seja, alteram a regulação hormonal, o que pode afetar o desenvolvimento dos folículos ovarianos, diminuindo tanto a quantidade quanto a qualidade dos óvulos", afirma o médico especializado em reprodução humana, João Guilherme Grassi. Os dados revelam que, com a exposição prolongada, os danos podem comprometer a fertilidade feminina.
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Os compostos químicos podem ser absorvidos de várias formas: através de alimentos contaminados, pela inalação de vapores e pelo contato direto com a pele. Uma vez no organismo, os bisfenóis podem gerar estresse oxidativo nos ovários, prejudicando processos essenciais para a fertilidade. Dentre os problemas mais graves está a alteração na ovulação.
"Os bisfenóis interferem na maturação dos óvulos, podendo resultar em anovulação, que é a ausência de ovulação", explica João Guilherme. Outro efeito preocupante é a redução da reserva ovariana, o que diminui a quantidade de óvulos disponíveis ao longo da vida.
Além disso, o impacto da exposição aos bisfenóis pode ser visto na dificuldade de sucesso em tratamentos de fertilização in vitro (FIV). Apesar de ser um desafio eliminar a exposição aos bisfenóis, algumas ações podem ajudar a reduzir os riscos à saúde reprodutiva. Entre as orientações estão: optar por recipientes de vidro, inox ou cerâmica para armazenar alimentos e bebidas, evitando os plásticos que contenham BPA; não aquecer alimentos em recipientes plásticos, pois o calor facilita a migração dos bisfenóis para o alimento; e, sempre que possível, escolher produtos rotulados como "BPA-free", além de diminuir o contato com papeis térmicos, como recibos de cartão e notas fiscais.
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Outra recomendação, segundo o especialista, é investir em uma dieta rica em antioxidantes, que pode ajudar a combater os efeitos negativos dos bisfenóis. Alimentos como frutas vermelhas, vegetais verdes e castanhas são aliados poderosos na proteção da saúde. "Embora não seja possível eliminar completamente o contato com os bisfenóis, adotar essas práticas pode reduzir significativamente seus impactos na fertilidade", afirma João Guilherme.
O aumento da exposição a substâncias químicas como os bisfenóis levanta um alerta sobre o futuro da fertilidade feminina. "Pesquisas indicam que até mesmo os substitutos do BPA, como BPS e BPF, podem ter efeitos semelhantes ou até mais intensos sobre a saúde reprodutiva", reforça.
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