
Testes genéticos auxiliam no diagnóstico de leucemia em crianças
Alterações genéticas podem levar a proliferação descontrolada das células e ao desenvolvimento do câncer
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Siga noA leucemia é o tipo de câncer mais comum em crianças, correspondendo a cerca de 25% a 35% de todos os tumores infantis, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A predisposição à doença está muitas vezes relacionada a mutações genéticas que interferem na regulação do ciclo celular e favorecem a proliferação descontrolada das células. Atualmente, porém, existem exames que podem ajudar a identificar essas mutações, auxiliando a direcionar o tratamento para aumentar as chances de cura.
A análise genética, por meio de um exame de sangue, pode indicar as alterações moleculares que definem a doença. “O cariótipo hematológico, por exemplo, estuda as características cromossômicas das células sanguíneas, detectando alterações que podem estar relacionadas a enfermidades hematológicas, como a leucemia. Durante o exame, as células são cultivadas para obter o número adequado de cromossomos em metáfase ou pró-metáfase, o que permite comprovar a existência de alterações cromossômicas, como translocações, perdas e duplicações”, explica.
A especialista destaca que, quando há suspeita de predisposição hereditária para câncer, também é importante investigar o gene TP53, que é um dos principais supressores de tumor e desempenha um papel importante na regulação do ciclo celular. “Ao ocorrer mutações no gene TP53, sua função é comprometida, o que pode levar a proliferação descontrolada das células e ao desenvolvimento do câncer. E caso haja mutações, é possível ainda que a pessoa apresente Síndrome de Li-Fraumeni (SFL), uma condição genética rara, que aumenta o risco de desenvolver vários tipos de tumor, incluindo a leucemia, especialmente em idade jovem”, ressalta.
Fernanda ainda afirma que os diferentes tipos de leucemia podem ser identificados por meio de testes genéticos específicos. Em complemento ao cariótipo hematológico, é possível identificar, por exemplo, alguns tipos de Leucemia Mieloide e de Leucemia Linfocítica por análise de FISH (do inglês: Fluorescence In Situ Hybridization), que detecta translocações cromossômicas características, e perdas e ganhos específicos. A imunofenotipagem, por sua vez, é fundamental para identificar a linhagem celular da leucemia, permitindo a distinção entre leucemias mieloides e linfoides. “A combinação dessas análises cromossômicas, incluindo o cariótipo hematológico, a análise de FISH e imunofenotipagem, pode permitir um diagnóstico preciso e um tratamento personalizado para cada paciente com leucemia”, destaca.
Além dos testes genéticos, a especialista aponta que é fundamental realizar exames clínicos. Eles ajudam a identificar sinais e sintomas da doença, muitas vezes em estágios iniciais, além de avaliar a saúde geral do paciente. Entre os mais importantes estão o hemograma, para verificar a contagem de glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas; a biópsia da medula óssea, para avaliar a presença de células cancerígenas; de imagem, como radiografias, tomografias computadorizadas e ressonância magnética; e de urina, para identificar a presença de proteínas e outras substâncias anormais.
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“Receber um diagnóstico de câncer pode ser um momento desafiador, mas a leucemia é uma doença tratável e, em muitos casos, curável. Com o avanço da medicina, os diferentes tipos de leucemia têm opções de tratamento. No entanto, para alcançar a cura, é importante detectar a doença precocemente e determinar, por meio de exames clínicos e testes genéticos, o tratamento mais adequado para cada caso”, destaca Fernanda.